De volta aos trilhos
Após três anos de exclusão do projeto original, governo federal reintegra Pernambuco ao projeto da Transnordestina, com previsão de obras até 2030
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Os pernambucanos deixam de ser preteridos de um dos maiores projetos integradores para o desenvolvimento do Nordeste. A Ferrovia Transnordestina volta a contar com um traçado planejado para ligar a cidade de Sagueiro, no Sertão, ao Porto de Suape, no litoral, complementando a infraestrutura logística regional. O governo federal lançou na sexta, 31, o edital para a retomada das obras no trecho que estava fora dos planos de investimento, enquanto o lado cearense, para o Porto de Pecém, era tocado. Ganham os nordestinos, com o projeto inteiro novamente considerado.
A importância política do anúncio do novo edital levou a Brasília a governadora Raquel Lyra, o prefeito do Recife, João Campos, além de outros prefeitos do estado, e contou com a presença de parlamentares de bancada federal pernambucana, do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e do ministro dos Transportes, Renan Filho. Vale recordar que foi na gestão anterior, do presidente Jair Bolsonaro, que a exclusão do trecho de Salgueiro a Suape foi feita. E apenas no fim do terceiro ano do atual mandato, o governo Lula publica o edital referente à retomada do ramal pernambucano, atrasado em relação ao que se constrói no Ceará. O compromisso com o desenvolvimento de Pernambuco, lembrado na ocasião, parecia adormecido, e somente será selado quando os trilhos postos vibrarem com os vagões carregados, em movimento.
Na primeira fase a obra terá mais de 70 quilômetros de extensão, passando por Custódia, Sertânia, Buíque e Arcoverde. O custo estimado é de R$ 415 milhões para conclusão em 57 meses, em 2030. A distância total a ser coberta com trilhos é de 300 quilômetros. Trata-se, portanto, do início de um longo processo. A promessa é que até março de 2026 sejam lançados mais dois lotes, perfazendo R$ 1,5 bilhão. A geração prevista de empregos diretos e indiretos, nesta primeira fase, é de aproximadamente 6 mil, número impactante para a economia regional.
A licitação deve estar superada nos próximos três meses, para que seja possível correr atrás do atraso e fortalecer a vocação logística representada e reconhecida por Suape, não só no Brasil, mas no cenário global. A exclusão, feita por Bolsonaro e mantida por tanto tempo, era e é em tudo incoerente com o modelo de desenvolvimento para a região, alijando os pernambucanos de uma malha que já possui parte de sua estrutura aqui. Com a linha da Transnordestina até lá, a expectativa é que Suape dobre a capacidade de operações, como mencionou o ministro Silvio Costa Filho. Beneficiando não apenas Pernambuco, mas o Brasil, com o crescimento da economia e a ampliação da geração de emprego e renda.
Há consistência lógica, política e econômica na defesa da retomada dos trilhos pernambucanos. Com o alinhamento demonstrado na solenidade do edital renovado, o difícil é entender por que tudo demora tanto, se quase todos são a favor. Que a estação da inércia tenha ficado para trás, é pelo que torcemos, no aguardo da Transnordestina até Suape.