Editorial | Notícia

De volta aos trilhos

Após três anos de exclusão do projeto original, governo federal reintegra Pernambuco ao projeto da Transnordestina, com previsão de obras até 2030

Por JC Publicado em 01/11/2025 às 0:00

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Os pernambucanos deixam de ser preteridos de um dos maiores projetos integradores para o desenvolvimento do Nordeste. A Ferrovia Transnordestina volta a contar com um traçado planejado para ligar a cidade de Sagueiro, no Sertão, ao Porto de Suape, no litoral, complementando a infraestrutura logística regional. O governo federal lançou na sexta, 31, o edital para a retomada das obras no trecho que estava fora dos planos de investimento, enquanto o lado cearense, para o Porto de Pecém, era tocado. Ganham os nordestinos, com o projeto inteiro novamente considerado.
A importância política do anúncio do novo edital levou a Brasília a governadora Raquel Lyra, o prefeito do Recife, João Campos, além de outros prefeitos do estado, e contou com a presença de parlamentares de bancada federal pernambucana, do ministro de Portos e Aeroportos, Silvio Costa Filho, e do ministro dos Transportes, Renan Filho. Vale recordar que foi na gestão anterior, do presidente Jair Bolsonaro, que a exclusão do trecho de Salgueiro a Suape foi feita. E apenas no fim do terceiro ano do atual mandato, o governo Lula publica o edital referente à retomada do ramal pernambucano, atrasado em relação ao que se constrói no Ceará. O compromisso com o desenvolvimento de Pernambuco, lembrado na ocasião, parecia adormecido, e somente será selado quando os trilhos postos vibrarem com os vagões carregados, em movimento.
Na primeira fase a obra terá mais de 70 quilômetros de extensão, passando por Custódia, Sertânia, Buíque e Arcoverde. O custo estimado é de R$ 415 milhões para conclusão em 57 meses, em 2030. A distância total a ser coberta com trilhos é de 300 quilômetros. Trata-se, portanto, do início de um longo processo. A promessa é que até março de 2026 sejam lançados mais dois lotes, perfazendo R$ 1,5 bilhão. A geração prevista de empregos diretos e indiretos, nesta primeira fase, é de aproximadamente 6 mil, número impactante para a economia regional.
A licitação deve estar superada nos próximos três meses, para que seja possível correr atrás do atraso e fortalecer a vocação logística representada e reconhecida por Suape, não só no Brasil, mas no cenário global. A exclusão, feita por Bolsonaro e mantida por tanto tempo, era e é em tudo incoerente com o modelo de desenvolvimento para a região, alijando os pernambucanos de uma malha que já possui parte de sua estrutura aqui. Com a linha da Transnordestina até lá, a expectativa é que Suape dobre a capacidade de operações, como mencionou o ministro Silvio Costa Filho. Beneficiando não apenas Pernambuco, mas o Brasil, com o crescimento da economia e a ampliação da geração de emprego e renda.
Há consistência lógica, política e econômica na defesa da retomada dos trilhos pernambucanos. Com o alinhamento demonstrado na solenidade do edital renovado, o difícil é entender por que tudo demora tanto, se quase todos são a favor. Que a estação da inércia tenha ficado para trás, é pelo que torcemos, no aguardo da Transnordestina até Suape.

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