Renovação em curso
Pela primeira vez na história, a geração de energia limpa superou a produzida pelo carvão em escala global, renovando a esperança: é possível mudar

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A crise climática vem acelerando uma corrida contra o tempo semelhante àquela que mobilizou os laboratórios do mundo contra o coronavírus, diante da calamidade da pandemia de Covid, em 2020. Igualmente dirigida a uma emergência global, a corrida para a transição energética, no entanto, se apresenta como de longa distância, desafiando o fôlego da humanidade em face das mudanças que agravam os fenômenos do clima, ano após ano. Substituir fontes poluentes por alternativas sustentáveis que não provoquem efeito estufa e o aumento da temperatura média planetária, torna-se gradualmente um consenso que ganha escala, graças à inovação tecnológica e a investimentos maciços na energia que vem do sol, dos ventos ou do hidrogênio, por exemplo.
De acordo com o Instituto Ember, em levantamento divulgado esta semana, as fontes renováveis passaram a ser utilizadas em 34% da matriz global de eletricidade, no primeiro semestre de 2025. O carvão caiu para 33% e o gás natural continuou no patamar de 23%. É a primeira vez que a energia limpa supera a gerada pelo carvão, impulsionando a economia da transição, ao mesmo tempo em que fortalece o apelo da substituição em nome da prevenção contra a catástrofe climática – que seria um ponto de não retorno a uma temperatura apenas um pouco mais elevada que a atual. Isso causaria o derretimento maior das geleiras e a variação térmicas das correntes marítimas, cujas consequências podem ser desastrosas para as formas de vida que habitam a Terra neste instante. Especialmente os seres humanos.
O carvão que se transforma em energia é responsável pela emissão do dobro de volume de dióxido de carbono gerado pelo gás natural. Sua redução como fonte é apontada pelos cientistas como essencial para conter a temperatura. A avaliação dos analistas do Ember é que o crescimento da energia eólica e solar se apresenta como suficiente para a demanda energética que vem aumentando nas últimas décadas. Vale registrar que a China e a Índia são os países onde a substituição faz a diferença. Trata-se de uma mudança de paradigma, na direção de um modelo de desenvolvimento diferente do que sustentou o enriquecimento da Europa e dos Estado Unidos, por exemplo.
Somente a China, maior consumidor de eletricidade do mundo, reduziu em 2% a dependência dos combustíveis fósseis, elevando em 43% a geração de energia solar, e em 16% a eólica, no último semestre. A utilização de carvão e gás na Índia caiu mais de 3%, enquanto a de energia solar cresceu 31%, e a eólica, 29%. São dados expressivos que indicam decisão estratégica em consonância com o objetivo da transição energética. A expectativa é que nos próximos anos esses números sejam mais contundentes, não apenas na Ásia, mas em todos os continentes.
Infelizmente, a União Europeia e o país de Donald Trump sabotam a transição, aumentando a produção de energia suja, ao invés de colaborar com o esforço contra as causas das mudanças climáticas. Trump desafia as medidas que valem para o resto do mundo, e decidiu ampliar a geração a carvão, que cresceu 17% no último semestre, nos EUA.
Mas a renovação energética avança, apesar das dificuldades e da falta de sintonia entre os governos nacionais.