ESCÂNDALO DO INSS | Notícia

"Todo mundo sabia"

Declaração do ministro da CGU deveria gerar constrangimento no governo federal, ao invés das repetitivas alegações de que não tem nada a ver com isso

Por JC Publicado em 08/06/2025 às 0:00

Desde antes do início do atual mandato de Lula no Planalto, a Controladoria-Geral da União (CGU), órgão de controle interno do governo federal cuja função é cuidar da probidade administrativa, da transparência e da proteção do patrimônio público, não apenas sabia como tomou providências para investigar os desvios de aposentados do INSS. Segundo o ministro Vinicius Carvalho, da CGU, em entrevista ao jornal O Globo, as investigações eram do conhecimento do ministro da Casa Civil, Rui Costa – e deste modo, também deviam ser da ciência do presidente do República. Tanto que a recomendação de Lula teria sido de intolerância com as fraudes e a corrupção, de acordo com Carvalho.
A popularidade do governo e do presidente tem sido abalada com o escândalo do INSS, porque é improvável que ninguém soubesse de nada que estava acontecendo. E pior, tendo como beneficiárias entidades ligadas ao PT, e até ao próprio Lula. Na entrevista ao Globo, Vinicius Carvalho foi direito: “Todo mundo sabia do problema e que a CGU estava fazendo auditoria. A informação de que as pessoas não sabiam não procede. O ministro Rui sabe disso”. Se todo mundo sabia, abre-se a dúvida para outro problema. Por que tanta demora para assumir a questão, buscar soluções e expor os responsáveis pelas falcatruas que mancham, mais uma vez, um governo petista no Planalto, desta vez mexendo com as entranhas do sindicalismo?
O ministro da Casa Civil se queixou publicamente de que a CGU não teria feito alertas das fraudes. Talvez por orientação do Planalto, a narrativa de que não se sabia de nada pode ser uma tentativa de blindar o presidente e minimizar os arranhões que se sucedem na popularidade, às vésperas de provável busca pela reeleição, no rumo de um quarto mandato para Lula. Possivelmente surpreendido com a cobrança pública, a CGU recordou o histórico do caso, lembrando que as auditorias são rotineiras para o órgão, bem como a comunicação a respeito do que está sendo averiguado. E não foi diferente com o INSS, em um rastro de ladroagem que vem da gestão de Jair Bolsonaro e também envolve o Congresso, que aprovou a legislação que suscita os desvios, e pode ter feito visto grossa para o que, agora, parece causar espanto em todos, que não saberiam de nada.
Os roubos bilionários não se resolvem apenas com ressarcimentos, e o governo sabe disso também. Assim como o Congresso, onde parlamentares já aparecem na mira da Polícia Federal, e por isso, não tarda para o Supremo Tribunal Federal ter que assumir a sua parte – ou não fazer nada, o que seria tão desapontador quanto conveniente para todos que nunca sabem de coisa alguma. A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) sobre o INSS fica mais necessária, na perspectiva da participação de parlamentares e assessores nos esquemas – o que significa que muito mais gente sabia do que estava acontecendo, menos o povo brasileiro.

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