BUROCRACIA | Notícia

Editorial JC: Brasil entre os piores

Nova edição do Índice Global de Complexidade de Negócios põe o país na sexta posição entre os de maior dificuldade para os empreendimentos

Por JC Publicado em 29/05/2025 às 0:00 | Atualizado em 29/05/2025 às 7:19

Se empreender é uma aventura nem sempre bem-sucedida para os brasileiros há muitos anos, as dificuldades que começam na hora da abertura das empresas e continuam na manutenção dos negócios, também podem ser percebidas como entraves para o desenvolvimento nacional.

As histórias bem-sucedidas são, geralmente, de superação e persistência, que trazem relatos heroicos e vontades férreas junto a vocações que despontam, mesmo em ambientes refratários ou pouco estruturados para os benefícios econômicos e sociais dos empreendimentos.

Infelizmente os obstáculos históricos que formam uma teia burocrática espessa não são retirados do cotidiano dos brasileiros. Já houve tempos piores, mas mesmo atualmente a situação do país é considerada entre as piores, numa lista que acompanha essa conjuntura específica há alguns anos. O Índice Global de Complexidade dos Negócios, que analisa diversos fatores em quase 80 países, já classificou o Brasil como o lugar de maiores entraves burocráticos.

No ano passado, estávamos em sétimo lugar. E este ano subimos de novo, no rumo das dificuldades elevadas, para o sexto lugar – no ranking em que os três piores são a Grécia, a França e o México. Como a realidade europeia é bem diferente, a presença de gregos e franceses no topo não chega a ser um consolo, já que o Brasil precisa muito mais de crescimento econômico para melhorar a qualidade de vida da população.

A sobreposição dos sistemas tributários federal, estadual e municipal é um dos fatores negativos que persistem, apesar da simplificação prometida no bojo da reforma tributária. Enquanto a carga tributária permanecer assim, a posição do Brasil no ranking deve continuar sendo entre as primeiras. O que inibe o empreendedorismo e afasta investimentos, atrapalhando o desenvolvimento e impondo limites à capacidade econômica de transformar a realidade.

Com o cenário global mais incerto devido ao jogo das tarifas de importações dos Estados Unidos, o Brasil atenua a posição entre as piores por causa de avanços detectados na infraestrutura, a exemplo das transações bancárias pelo pix. Mas segue sendo necessário avançar mais, especialmente na retirada dos obstáculos legais e tributários que fazem a diferença para investidores internacionais – e ainda, vale repetir, custam caro ao cidadão brasileiro, que não vê o retorno do que paga em impostos em serviços prestados pelos governos.

A entrada de capital externo é vista como pequena, perante o volume potencial de oportunidades de negócios que seriam abertos ou estimulados com mais recursos, inclusive para aperfeiçoar a estrutura logística que facilitaria todos os empreendimentos, numa nação com as dimensões do Brasil.

Para reduzir a burocracia e incentivar o desenvolvimento, o setor público necessita de recursos de fora do orçamento, cujos limites também são indicadores da baixa capacidade de investimentos gerada pelos obstáculos que contribuem para a complexidade nos negócios.

Confira a charge do JC desta quinta-feira (29)

Thiago Lucas
Cenas do Senado: Virginia Fonseca e Marina Silva - Thiago Lucas

Compartilhe

Tags