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Percepção do crime aumenta no Brasil

Mais da metade da população relata enxergar o crescimento da criminalidade no país nos últimos doze meses, de acordo com o Datafolha

Por JC Publicado em 13/04/2025 às 0:00

Embora seja um problema local de proporções estruturais que transcendem as fronteiras de um bairro, município, ou mesmo de um estado, a insegurança no Brasil pode ser vista como de abrangência nacional. Não é à toa que o governo federal e o presidente Lula buscam, com atraso, oferecer melhores condições para o combate ao crime pelos governos estaduais e municipais. Sem uma articulação baseada na colaboração entre as esferas do Executivo, compartilhando informações e experiências, o crime continuará parecendo mais organizado do que as forças de segurança pública e as políticas preventivas e punitivas, em qualquer nível de governo.
Pesquisa Datafolha realizada no início de abril mostra que quase 60% dos brasileiros relatam crescimento da criminalidade na sua cidade, nos últimos doze meses. De um ano para cá, 58% dos entrevistados enxergaram esse aumento. Um quarto dos pesquisados acha que a situação é estável, e apenas 15% acreditam que houve queda na criminalidade. Por região, a percepção de piora chega a 64% no Sudeste, baixa para 45% no Centro-Oeste e Norte, 52% no Sul e 57% no Nordeste. No plano nacional, dois terços dos habitantes das capitais e regiões metropolitanas disseram perceber esse aumento dos crimes. E entre as mulheres a percepção é maior do que entre os homens: 62% delas responderam que sim, a criminalidade aumentou, enquanto o percentual é de 52% para eles.
Para os que ganham mais de dez salários mínimos, 64% acham que os crimes aumentaram. Para a faixa que recebe menos de dois salários mínimos mensais, a violência é maior do que há um ano para 59%. Ou seja, nas pontas da desigualdade brasileira, a percepção é a mesma – embora a insegurança seja muito pior para os mais pobres, vulneráveis à proximidade cotidiana da ação dos bandidos. Entre quem ganha de 5 a 10 salários mínimos, metade das pessoas concorda com a percepção da maioria. Levando em consideração a renda, os dados da pesquisa indicam um importante consenso: a nação inteira está exposta à criminalidade, como a uma doença epidêmica de largas proporções e difícil tratamento.
O Datafolha foi atrás de algumas evidências. Dez por cento dos entrevistados afirmaram ter tido o celular roubado nesse período. Em levantamento no ano passado, o mesmo instituto já havia registrado que 30% dos pesquisados evitavam levar celulares com aplicativos bancários quando saíam de casa. Os governos têm conhecimento da realidade constatada pela estatística. Uma PEC da Segurança está em discussão no plano federal, para ampliar o arco da repressão. Os governos estaduais intensificam seus aparatos, enquanto os municipais entram em cena, com guardas municipais permitidas pelo STF como auxiliares no trabalho ostensivo.
O fato é que a população brasileira se encontra em insegurança, sem que as políticas de combate ao crime exibam avanços significativos. O mesmo vale para Pernambuco, apesar dos investimentos e das mudanças geradas por um novo governo.

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