VACINAÇÃO | Notícia

Editorial JC: Saúde na escola é cuidado lógico

Investimento para imunizar 90% dos estudantes com até 15 anos de idade reforça o ambiente escolar como lugar preferencial de políticas públicas

Por JC Publicado em 11/04/2025 às 0:00 | Atualizado em 11/04/2025 às 6:44

O aproveitamento da imensa rede pública de ensino, em todos os níveis, deveria ser algo lógico para os governos no Brasil. Mas nem sempre é assim. Da possibilidade de encontro com milhões de crianças e adolescentes, até o envolvimento comunitário nas localidades, as unidades escolares são pontos privilegiados para a ativação e distribuição de políticas públicas – num arco de potencialidade que transcende a educação, atingindo outras faces da cidadania, como a prestação de serviços de saúde. Cada escola pode ser uma base de apoio e realização de programas que digam respeito à valorização da vida e ao engajamento social.

O Programa Saúde na Escola, do governo federal, integra 80% da rede, com a adesão de mais de 5 mil municípios, segundo o Ministério da Saúde, num universo de 28 milhões de estudantes. O incentivo à vacinação no ambiente escolar é uma proposta lógica, especialmente no contexto de queda de cobertura contra várias doenças, a partir de 2016, e com piora durante e logo após a pandemia de Covid-19.

Cinco anos atrás, o coronavírus e a imunização contra o mal que matava milhões se transformaram em polêmica antivacina, disseminada por mentiras e sensacionalismo nas redes sociais. Os efeitos colaterais do negacionismo de então são sentidos até hoje na saúde pública brasileira e mundial.

Um novo aporte de R$ 150 milhões foi anunciado esta semana pelo governo federal, com o objetivo de investir numa campanha de vacinação nacional para imunizar 90% das crianças e adolescentes de 9 meses a 15 anos. Entre as prioridades estão as doses contra sarampo, caxumba e rubéola (tríplice viral), febre amarela e HPV. As coberturas voltaram a crescer, mas ainda estão abaixo da meta considerada ideal pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

O esforço deve incluir os agentes públicos – com estados e municípios – capazes de contribuir para o alcance das metas que não favorecem governos, e sim, a sociedade brasileira. A saúde é um patrimônio social, e não político, como deveria ter ficado evidenciado com o sofrimento coletivo da pandemia.

Os pais e responsáveis podem se recusar a permitir a vacinação dos estudantes, através de termos fornecidos pelas escolas. A informação poderia ser não apenas útil do ponto de vista do controle do programa, como para a liberação de benefícios sociais.

A imunização coletiva é dever do Estado, mas precisa do consentimento das famílias para ser efetivada. Em caso de negativa que abdique do direito à proteção das vacinas, a responsabilização pela vulnerabilidade às doenças passa a ser compartilhada com os pais. Sem a cooperação da sociedade, fica mais difícil o cumprimento de metas necessárias para toda a população.

Confira a charge do JC desta sexta-feira (11)

Thiago Lucas
Guerra comercial das tarifas de Trump - Thiago Lucas

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