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Livrai-nos do próximo Congresso, amém!!!!

"Os senhores acham que este Congresso é ruim? Esperem o próximo", teria dito o deputado Ulysses Guimarães, ex-presidente da Câmara Federal

Por IVANILDO SAMPAIO Publicado em 14/12/2025 às 0:00 | Atualizado em 14/12/2025 às 10:45

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A frase, lenda ou piada, da autoria ou não de Ulysses Guimarães, na verdade  um retrato fiel do que vem acontecendo, tanto na Câmara dos Deputados quanto no Senado Federal, onde o nível dos nossos representantes, com honrosas exceções, nunca esteve tão pobre, tão medíocre, tão composto de aproveitadores, de negocistas, de antidemocratas que jamais revelaram compromisso com o País, e fizeram daquela casa um trampolim para seus próprios interesses. Pressionam o Governo Federal, seja ele quem for, e pouco importa que com suas posições prejudiquem o País e seu povo, com o fez recentemente o senador David Alcolumbre, que com suas ações ameaça a explosão das contas públicas, hoje beirando quase 90% do Produto Interno Bruto do País.

Na sua falta de compromisso republicano, Alcolumbre se vinga do Presidente Lula por não ter escolhido o senador Rodrigo Pacheco como candidato a uma vaga no STF - e joga o País na beira do abismo. Bom lembrar que a indicação de nomes para ocupar o Supremo é prerrogativa do Presidente, que já indicou para o Supremo seu ex-advogado pessoal, Cristiano Zanin, e seu ex-ministro da Justiça, Flavio Dino.

Como o futuro a Deus pertence, "melhor dois amigos na mão, do que um na contramão". Aprovar ou não o nome de um candidato evangélico, agora indicado, compete ao Senado. Não se pode, portanto, esquecer que o Presidente Lula, desde o dia em que tomou posse na Presidência, outra coisa não fez a não ser trabalhar pelo segundo mandato, sem nenhuma preocupação em enxugar a máquina publica, fechar ou

Privatizar empresas deficitárias, como os Correios, tomar medidas para a contenção de gastos, que sempre crescem mais do que as Receitas. O Brasil do Presidente Lula tem 38 Ministérios, enquanto a Alemanha tem 16 , a França tem 14 , a Suécia apenas 11. E quando a situação aperta muito, inventam-se novos impostos, desconsiderando que uma Reforma Tributária aprovada após anos de negociações, sequer entrou em vigor. O povo paga a conta.

Mas, começando pela Câmara Federal, a bem da verdade o deputado Hugo Mota, jamais deveria estar sentado na cadeira de presidente. Não tem liderança, não tem "traquejo" político, nunca foi um parlamentar de destaque em qualquer Comissão, não é bom orador, não tinha projetos relevantes em favor do país que o destacasse.

Com aquela cara de menino tímido e bem comportado, o cabelo cheio de fixador, mais parece ter sido preparado pela família para fazer a primeira comunhão, do que para ocupar o parlamento, ainda mais como seu Presidente. E luta, desesperadamente, para eleger o pai senador da República, um político idoso e sem perfil para tanto, acostumado que foi nas tramas pequenas e domésticas da politica provinciana, no município de Patos, sertão da Paraíba.

Nesse pouco tempo como presidente da Câmara, cheia de radicais de um lado e do outro, Hugo Mota viu sua cadeira de presidente ser indevidamente ocupada por duas vezes. Acovardou-se nas duas , como já havia acontecido diante do deputado Rogério Correia, que ameaçou processá-lo. Aparenta timidez em público e não se destaca como orador.

Não tem liderança sobre os colegas - chegou à presidência por obra e graça de Artur Lira, que entupiu a casa de benefícios com dinheiro público e, como se dizia entre seus pares, "ele , se quisesse, elegeria um poste" para ocupar a cadeira que havia sido sua. Raposa velha, escolheu um parlamentar que não lhe fizesse sombra - e por trás, como se comenta nos bastidores da Casa, continua dando as cartas frente às decisões mais importantes.

A politização da Religião é outro fator que tem contribuído para a mediocridade do nosso Congresso. Hoje, tornou-se fácil "criar" uma Igreja Evangélica, basta colocar uma Bíblia debaixo do braço, alugar um espaço vazio na periferia das grandes cidades e iniciar uma pregação: tem-se aí um futuro candidato a um cargo público. É evidente que existem, entre os evangélicos, gente séria, grandes pregadores, excelentes pastores que cuidam com dignidade de seus rebanhos. Mas não são todos. Talvez, hoje, sejam minoria. Vale lembrar o caso da pastora carioca Flordelis Santos de Souza, eleita deputada federal, com expressiva votação do eleitorado evangélico. Flordelis foi presa e cassada por mandar assassinar o marido, no já distante ano de 2020.

Fatos como esse - e outros correlatos não são raros - e personagens como Flordelis ganham mandatos "usando em vão o nome do Senhor". No último pleito, foram eleitos personagens como Carla Zambelli, a atiradora, hoje presa na Itália e execrada pelo "bolsonarismo"; e Eduardo Bolsonaro, o Zero Três - também fora do País.

Se esses são apenas os parlamentares que ocupam a mídia muito mais por seus defeitos do que pelas qualidades - no Congresso, como um todo, não se conhece hoje um único estadista, um "republicano de raiz", um novo Ulisses Guimarães, um Pedro Simon, um Tales Ramalho, um Petrônio Portella - um parlamentar que consiga pensar o Brasil para  além do seu mandato, que trabalhe para viabilizar as reformas que o País necessita e reclama, porque é mais fácil e mais rentável, aprovar recursos pelo Orçamento Secreto, destinados a seus redutos eleitorais, e disputar mandatos com o dinheiro Fundo Partidário, do que defender reformas que assanham a grande legião de filhos bastardos de uma República capenga e protetora.. Até que um dia a casa caia.

Ivanildo Sampaio,  jornalista

 

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