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Casos e causos em movimento (5)

Para uma leitura domingueira, Casos e causos, o riso em movimento, a vida numa ciranda, a da alegria, num dar de mãos!..............

Por ROBERTO PEREIRA Publicado em 07/09/2025 às 0:00 | Atualizado em 08/09/2025 às 9:21

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LIVRO EMPRESTADO 1: Emprestar um livro e não o receber de volta é uma tragédia para quem concede o exemplar. José Mariano Filho, na sua casa, no Rio de Janeiro, tinha duas bibliotecas: uma dele, outra dos outros. Não ocultava esta última: pelo contrário, mostrava-a aos visitantes e amigos. Cuidadoso, mas generoso com os useiros e vezeiros em levar volumes, esquecido dos dois vês, o "vai e volta."

LIVRO EMPRESTADO 2: Ganhou o mundo o fato de que Visconde de Carnaxide, a sua biblioteca, em sua residência, era compreendida por duas salas. Na primeira, havia uma placa, em que se lia: - "Livros só se emprestam aos bons amigos." Na segunda sala, outra placa: "Os bons amigos não pedem livro emprestado."

LIVRO EMPRESTADO 3: Nada se compara, entretanto, a um anúncio que Luís da Câmara Cascudo, publicou na imprensa de Natal.

Ei-lo:

Pede-se a quem levou por empréstimo o volume primeiro da obra "O peregrino da América," de Nunos Marques Pereira, que me pertence, o obséquio de devolvê-lo. Em caso contrário, pode vir buscar o segundo volume."

NILO PEREIRA, quando deputado estadual, recebeu a visita de um sertanejo: vim lhe pedir emprego para o meu filho, mas o rapaz não deu para nada, deu somente para escrever. Isso dito a um escritor, como o caso de Nilo, causou um espanto sem graça nenhuma.

BARBOSA LIMA SOBRINHO 1: O governador Barbosa Lima Sobrinho, numa de suas visitas ao interior do Estado, quase caiu de um cavalo que lhe deram a montar. Alguém perguntou: teve medo, governador? E ele, com o seu espírito irreverente: - Tive, não da queda, mas do artigo de Anibal Fernandes. Risos, porque o grande jornalista Anibal Fernandes tinha uma birra com o então governador.

BARBOSA LIMA SOBRINHO 2: Certa vez, o deputado Justino - conhecido por Justino da Pedra - que não tinha papas na língua, disse na Assembleia Legislativa (Alepe), extrapolando os limites, "Eu ainda bebo o sangue desse governador." Não faltou quem corresse a dizer ao Dr. Barbosa, que, sorrindo, deu essa resposta magistral: - "Ele não sabe que sou anêmico."

BARBOSA LIMA SOBRINHO 3: Fui amigo e discípulo do Dr. Barbosa, visitando-o sempre no Rio de Janeiro, recepcionando-o todas as vezes que ele vinha ao Recife. Ele dava expediente, à condição de presidente da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), quando me contou, com muito orgulho, que foi o presidente mais novo daquela entidade e, naquele momento, estava sendo o decano da insigne instituição.

BARBOSA LIMA SOBRINHO 4: De uma feita, estávamos, ele e eu, no aeroporto dos Guararapes, no espaço reservado às autoridades, quando Lula chegou num outro avião.

Perguntei-lhe: o senhor conhece Lula, pessoalmente?

Não, nunca estive com ele.

O senhor quer que eu o traga até a sua pessoa?

Sim, gostaria.

Fui, eu mesmo, aproximei-me do líder sindical e lhe disse que estava na companhia do Dr. Barbosa, que desejava conversar com ele. Lula ficou em êxtase, ao chegar junto do Dr. Barbosa, a alegria tomou conta dos dois, instigando-me a dizer de mim para mim: nunca vi tantos braços se abraçando e tantas costas para as tapinhas, ambos de dois fiéis à cultura dos políticos.

Lula disse: o senhor é uma sumidade.

Dr. Barbosa retrucou: a essa altura, bom de sumir.

Risos no fechar de cortinas.

OSWALDO RABELO: Foi um dos maiores líderes da Mata Norte, com grande ascendência a cada governador que ocupasse o Palácio das Princesas. Dr. Oswaldo, como era conhecido aqui no Recife, apesar de não formado, teve que estimular esse título para poder assumir, como assumiu, o cargo de Inspetor Geral de Polícia, (equivalente ao cargo de delegado).

Passando de carro, em marcha lenta, na companhia de um investigador de sua Inspetoria, na frente da antiga Detenção, depois Casa da Cultura, escutou quando um prisioneiro, sentado numa das janelas, pernas de fora, gritou: Seu Oswaldo, bom dia, Seu Oswaldo! Ele acenou para o prisioneiro, mas, virando-se para o investigador, disse-lhe, este você pode soltar porque é de Goiana, minha terra, e lá só me chamam de Seu Oswaldo.

Ulisses Guimarães: Numa reunião, em São Paulo, com entidades de classe, para estimular as passeatas, exclamou alto e em bom som: PROTESTEM PORQUE EM BOCA FECHADA NÃO ENTRA COMIDA.

ALCEU VALENÇA: Para mexer com o pai, Dr. Décio Valença, Alceu, ainda nos seus verdes anos, certa noite escreveu uma quadrinha a giz num pequeno quadro-negro utilizado para a comunicação no lar dos Valença, na Rua dos Palmares:

Décio de Souza Valença

Marido e pai exemplar

Mas sofre com uma doença

Alergia de gastar!

Casos e causos, o riso em movimento, a vida numa ciranda, a da alegria, num dar de mãos!

Roberto Pereira, ex-secretário de Educação e Cultura do Estado de Pernambuco, é membro da Academia de Artes e Letras de Goiana, da Academia Brasileira de Eventos e Turismo e da Academia Pernambucana de Letras.

 

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