Coisas que tiram a beleza do Recife
Recife é uma das metrópoles mais bonitas do Brasil, mas seus moradores convivem com pessoas que insistem em emporcalhar a cidade.

Começa com empresas que insistem em colocar fios nos postes, dando um visual horroroso, em toda parte da cidade, o que não é encontrado em países do primeiro mundo, com a fiação totalmente embutida. Algumas ações foram anunciadas para resolver o problema, em algumas regiões como o Recife Antigo, a exemplo da zona histórica de Olinda.
O visual fica ainda pior, devido aos ladrões de fios de cobre, uma "profissão" que cresce a cada dia, com poucos presos e, especialmente, os receptadores ganhando muito dinheiro com a prática criminosa. Sem falar nos chamados "macacos", as ligações clandestinas, que já causaram muitas mortes. Bem que a Prefeitura do Recife poderia fazer uma parceria com a Neoenergia Pernambuco para, pelo menos, retirar os fios pendurados, que podem ser vistos em toda parte.
Depois, os pichadores. Com todo respeito aos grafiteiros que embelezam a cidade, com trabalhos corretos e feitos com a anuência das autoridades, como nas fachadas de edifícios. E no muro do Aeroporto dos Guararapes, dando um bom visual aos milhares de turistas que vão para Porto de Galinhas e Carneiros. O problema é com os pichadores de monumentos e edifícios. Alguns mostrando uma forma impressionante de trabalhar, nas paredes de prédios altos, sempre com pichações de muito mau gosto ou que não querem dizer nada.
Temos também muitas pessoas que trabalham colocando cartazes nos postes. O que é proibido, mas que não tem uma punição, mesmo sendo fácil identificar os verdadeiros autores do atentado, pois são mensagens publicitárias, inclusive com o telefone. Já vi estes cartazes pregados em prédios públicos, em placas de trânsito e, inacreditavelmente, em templos religiosos. Felizmente, há algum tempo foram proibidos os "lambe-lambes", grandes cartazes de eventos, colocados nas ruas.
Com relação aos outdoors, temos algumas empresas de nível, mas outras não têm o menor cuidado. É comum encontrar mensagens de eventos que foram realizados há meses e que permanecem nas ruas.
Há também uma disputa entre a Compesa e a Prefeitura, mas a recuperação dos tipos de ruas e avenidas que recebem obras é de péssima qualidade, inclusive no visual.
Prédios abandonados podem ser vistos por toda parte, até na valorizadíssima Avenida Boa Viagem. Louve-se o trabalho do Recentro, mas é inaceitável o grande número de prédios em ruínas no Recife Antigo, um bairro que sempre teve bonitos prédios. E tem o misterioso caso do histórico edifício Chantecler, no Cais da Alfândega, que teve uma recuperação milionária e que está há anos sem ser utilizado.
Tem ainda o caso dos sacos de lixo, colocados nas portas das moradias, para serem recolhidos pelos caminhões. Pessoas que trabalham com reciclagem, abrem esses sacos, para tirar os produtos que precisam, deixando uma sujeira enorme nas calçadas. O que poderia ser resolvido com uma regulamentação dessas pessoas.
São, com todo respeito, dois problemas que mereceriam maior cuidado das autoridades. A terrível situação de pessoas que vivem nas ruas, número que infelizmente vem crescendo sempre. E das carroças puxadas por cavalos, proibidas por lei aprovada há alguns anos e que serve de sustento para muitas famílias.
Em resumo: é muita coisa tirando a beleza do Recife.
João Alberto Martins Sobral, editor da coluna João Alberto no Social 1