OPINIÃO | Notícia

Adeildo Nunes: As peripécias de Trump

Logo que teve acesso ao "salão oval" da Casa Branca, os primeiros atos de Trump foram contaminados por promessas inexequíveis, que assustaram

Por Adeildo Nunes Publicado em 29/05/2025 às 7:00

Empossado como o 47º presidente dos Estados Unidos da América, em 20.01.2025, na rotunda do Capitólio, sede do Congresso Nacional, após o juramento de praxe, em seu discurso de posse, o magnata Donald Trump afirmou: "A era de ouro" dos Estados Unidos começou e que construirá uma nação que é “orgulhosa, próspera e livre”. Disse mais: “Nossa soberania será recuperada, nossa segurança será restaurada, as balanças da Justiça serão reequilibradas. A armamentização cruel, violenta e injusta do Departamento de Justiça e do governo acabará", adicionou, enfatizando que a sua prioridade será construir uma nação que seja "orgulhosa, próspera e livre".

Durante o discurso assistido em todos os recantos do mundo, Trump ponderou que o governo dos EUA vive uma "crise de confiança", alegando, mais, “que um sistema corrupto tirou poder e riqueza da população”. Como era de se esperar, o novo presidente fez críticas públicas ao governo de Joe Biden e de Kamala Harris, que assistiam à fala logo atrás do presidente republicano. Ele abordou ainda os incêndios florestais em Los Angeles, que causaram destruição e mortes, comentando que "até alguns dos indivíduos mais ricos e poderosos do nosso país foram impactados”. Enfático, o empossado assegurou que "A minha eleição é um mandato para reverter completamente essas traições horríveis e dar de volta às pessoas a fé, riqueza, democracia e sua liberdade. A partir deste momento, o declínio da América acabou", afirmando, ainda, que iria "encerrar a política do governo de tentar introduzir raça e gênero em todos os aspectos da vida privada americana", até porque, afirmou Trump, "nós forjaremos uma sociedade que é daltônica e baseada em mérito.

A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que existam apenas dois gêneros: masculino e feminino”, culminando o seu discurso fazendo críticas ao sistema de saúde pública dos EUA e versejando que no país não mais existirá “um sistema educacional que ensine nossas crianças a terem vergonha de si mesmas e, em muitos casos, a odiar nosso país”.

Logo que teve acesso ao “salão oval” da Casa Branca, os primeiros atos de Trump foram contaminados por promessas inexequíveis, que de logo assustaram o mundo e, principalmente, os seus próprios eleitores, que jamais imaginaram o Canadá incorporado como mais um dos Estados norte-americanos. A ideia de Trump de retomar e anexar, aos Estados Unidos, o Canal do Panamá, tornou-se uma das maiores bravatas, dentre todas, que o mundo assistiu naquele início de governo republicano. Embora a França (1880) tenha iniciado a construção do Canal, os Estados Unidos (1904) realmente assumiram e concluíram o projeto, cuja inauguração deu-se em 1914. Porém, a partir de 1977, com a assinatura do Tratado Torrijos-Carter, de uma vez por todas o controle e a administração do Canal está nas mãos do Panamá.

E os tarifaços impostos por Trump, sem nenhum tipo de diálogo com o resto do mundo, comprometendo, sobremaneira, a economia e a infraestrutura dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Os países orientais, os europeus e os da América do Sul, jamais esperaram o tipo de comportamento utilizado por Trump, até porque a sua trágica decisão foi isolada e própria dos que julgam ser o dono do mundo, uma posição política equivocada, autoritária e que fere a imagem dos Estados Unidos da América, em relação ao resto do mundo.

Como se não bastasse tantas peripécias, recentemente, o presidente Trump resolveu intervir, com unhas e dentes, nos destinos de Harvard, a mais famosa Universidade do mundo, com 388 anos de história, 161 prêmios Nobel e que já educou 8 (oito) presidentes dos Estados Unidos, ora pretendendo impor as suas ânsias autoritárias, ora imaginando proibir que estudantes estrangeiros tenham a oportunidade de frequentar aquele monumento educacional. Essas intenções extravagantes e maléficas ao mundo, felizmente, vêm sendo tolhidas através de ordens judiciais, numa demonstração de força e de sensatez por parte dos seus juízes.

Adeildo Nunes, juiz de Direito aposentado, doutor e mestre em Direito de Execução Penal, professor do curso de pós-graduação em Ciências Criminais do Instituto dos Magistrados do Nordeste (IMN), membro efetivo do Instituto Brasileiro de Execução Penal (IBEP), autor de livros jurídicos

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