Adeildo Nunes: As peripécias de Trump
Logo que teve acesso ao "salão oval" da Casa Branca, os primeiros atos de Trump foram contaminados por promessas inexequíveis, que assustaram

Empossado como o 47º presidente dos Estados Unidos da América, em 20.01.2025, na rotunda do Capitólio, sede do Congresso Nacional, após o juramento de praxe, em seu discurso de posse, o magnata Donald Trump afirmou: "A era de ouro" dos Estados Unidos começou e que construirá uma nação que é “orgulhosa, próspera e livre”. Disse mais: “Nossa soberania será recuperada, nossa segurança será restaurada, as balanças da Justiça serão reequilibradas. A armamentização cruel, violenta e injusta do Departamento de Justiça e do governo acabará", adicionou, enfatizando que a sua prioridade será construir uma nação que seja "orgulhosa, próspera e livre".
Durante o discurso assistido em todos os recantos do mundo, Trump ponderou que o governo dos EUA vive uma "crise de confiança", alegando, mais, “que um sistema corrupto tirou poder e riqueza da população”. Como era de se esperar, o novo presidente fez críticas públicas ao governo de Joe Biden e de Kamala Harris, que assistiam à fala logo atrás do presidente republicano. Ele abordou ainda os incêndios florestais em Los Angeles, que causaram destruição e mortes, comentando que "até alguns dos indivíduos mais ricos e poderosos do nosso país foram impactados”. Enfático, o empossado assegurou que "A minha eleição é um mandato para reverter completamente essas traições horríveis e dar de volta às pessoas a fé, riqueza, democracia e sua liberdade. A partir deste momento, o declínio da América acabou", afirmando, ainda, que iria "encerrar a política do governo de tentar introduzir raça e gênero em todos os aspectos da vida privada americana", até porque, afirmou Trump, "nós forjaremos uma sociedade que é daltônica e baseada em mérito.
A partir de hoje, será a política oficial do governo dos Estados Unidos que existam apenas dois gêneros: masculino e feminino”, culminando o seu discurso fazendo críticas ao sistema de saúde pública dos EUA e versejando que no país não mais existirá “um sistema educacional que ensine nossas crianças a terem vergonha de si mesmas e, em muitos casos, a odiar nosso país”.
Logo que teve acesso ao “salão oval” da Casa Branca, os primeiros atos de Trump foram contaminados por promessas inexequíveis, que de logo assustaram o mundo e, principalmente, os seus próprios eleitores, que jamais imaginaram o Canadá incorporado como mais um dos Estados norte-americanos. A ideia de Trump de retomar e anexar, aos Estados Unidos, o Canal do Panamá, tornou-se uma das maiores bravatas, dentre todas, que o mundo assistiu naquele início de governo republicano. Embora a França (1880) tenha iniciado a construção do Canal, os Estados Unidos (1904) realmente assumiram e concluíram o projeto, cuja inauguração deu-se em 1914. Porém, a partir de 1977, com a assinatura do Tratado Torrijos-Carter, de uma vez por todas o controle e a administração do Canal está nas mãos do Panamá.
E os tarifaços impostos por Trump, sem nenhum tipo de diálogo com o resto do mundo, comprometendo, sobremaneira, a economia e a infraestrutura dos países desenvolvidos ou em desenvolvimento. Os países orientais, os europeus e os da América do Sul, jamais esperaram o tipo de comportamento utilizado por Trump, até porque a sua trágica decisão foi isolada e própria dos que julgam ser o dono do mundo, uma posição política equivocada, autoritária e que fere a imagem dos Estados Unidos da América, em relação ao resto do mundo.
Como se não bastasse tantas peripécias, recentemente, o presidente Trump resolveu intervir, com unhas e dentes, nos destinos de Harvard, a mais famosa Universidade do mundo, com 388 anos de história, 161 prêmios Nobel e que já educou 8 (oito) presidentes dos Estados Unidos, ora pretendendo impor as suas ânsias autoritárias, ora imaginando proibir que estudantes estrangeiros tenham a oportunidade de frequentar aquele monumento educacional. Essas intenções extravagantes e maléficas ao mundo, felizmente, vêm sendo tolhidas através de ordens judiciais, numa demonstração de força e de sensatez por parte dos seus juízes.
Adeildo Nunes, juiz de Direito aposentado, doutor e mestre em Direito de Execução Penal, professor do curso de pós-graduação em Ciências Criminais do Instituto dos Magistrados do Nordeste (IMN), membro efetivo do Instituto Brasileiro de Execução Penal (IBEP), autor de livros jurídicos