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Trump admite operações da CIA na Venezuela e avalia ataques terrestres contra carteis

Em nota, o Partido dos Trabalhadores saiu em defesa da Venezuela, alegando que as declarações "são uma afronta à soberania do país sul-americano"

Por JC Publicado em 16/10/2025 às 19:45

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O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, confirmou nesta quarta-feira (15) que autorizou operações da Agência Central de Inteligência (CIA) na Venezuela e afirmou que seu governo está estudando a possibilidade de realizar ataques terrestres contra cartéis de drogas venezuelanos.

Trump justificou a autorização das operações secretas da CIA citando o envio de drogas e criminosos da Venezuela para os Estados Unidos. Questionado sobre a possibilidade de agentes de inteligência terem autoridade para "eliminar" o presidente venezuelano Nicolás Maduro, Trump preferiu não responder diretamente, mas declarou: "Essa seria uma pergunta ridícula para eu responder. Mas acho que a Venezuela está sentindo a pressão, e outros países também."

O jornal The New York Times noticiou mais cedo que as ações autorizadas pela CIA podem incluir "operações letais" e outras iniciativas de inteligência americana no Caribe, que poderiam mirar Maduro e integrantes de seu governo.

Escalada militar no Caribe

O presidente americano também defendeu as operações militares em andamento nas águas do sul do Caribe. Nas últimas semanas, os Estados Unidos bombardearam uma série de barcos que supostamente transportavam drogas, resultando na morte de 27 pessoas.

"Cada barco que destruímos, salvamos 25 mil vidas de americanos", afirmou Trump. O mandatário indicou que o foco pode estar mudando da água para a terra. "Não quero dizer exatamente, mas certamente estamos olhando para a terra agora, porque temos o mar muito bem controlado."

Desde o mês passado, a imprensa americana reporta que o governo Trump avalia uma operação militar que pode incluir ataques à Venezuela, com estruturas ligadas a cartéis de drogas entre os possíveis alvos. Autoridades americanas afirmam que o objetivo final dessas ações seria derrubar Maduro.

O governo dos EUA acusa Maduro de liderar o chamado Cartel de los Soles, grupo recentemente classificado pelo governo Trump como organização terrorista internacional. Nesse contexto, o presidente venezuelano poderia ser considerado um alvo legítimo caso os ataques contra cartéis sejam anunciados.

Bombardeios e Críticas Internacionais
Desde setembro, os Estados Unidos têm bombardeado embarcações que, segundo o governo, pertencem a organizações narcoterroristas. O bombardeio mais recente foi autorizado na terça-feira (14), atingindo um barco em águas internacionais próximas à costa da Venezuela, com seis mortes, de acordo com Trump.

As operações têm sido alvo de críticas internacionais. A Human Rights Watch afirmou que os bombardeios violam a lei internacional por se tratarem de "execuções extrajudiciais ilegais". O Conselho de Segurança da ONU também discutiu o tema, levantando preocupações sobre a execução de civis sem julgamento e o risco de uma escalada militar na região.

O governo da Venezuela, por sua vez, pediu que a comunidade internacional investigue os ataques, alegando que as vítimas — que os EUA dizem ser narcotraficantes — seriam, na verdade, pescadores.

As tensões vêm aumentando desde agosto, quando o Departamento de Justiça ofereceu uma recompensa de US$ 50 milhões por informações que levem à prisão de Nicolás Maduro. No mesmo mês, o governo americano enviou navios e aeronaves militares para o Caribe em uma operação anunciada contra o tráfico internacional de drogas.

PT defende a Venezuela

Em nota, o Partido dos Trabalhadores saiu em defesa da Venezuela, alegando que as declarações do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em que autoriza operações secretas da CIA no território da Venezuela, "são uma afronta à soberania do país sul-americano e uma violação do Direito Internacional. É uma iniciativa inaceitável e deplorável".

"Soma- se a isso o cerco militar que vem sendo praticado contra o povo venezuelano, com execuções sumárias de vidas humanas por forças militares norte-americanas. Trata-se de uma prática inadmissível, sem base legal e sem qualquer processo investigativo. A Agência Central de Inteligência (CIA) dos EUA tem um longo histórico de patrocínio e articulação de ações ilegais e desestabilizadoras em países da América do Sul voltadas a mudanças de regimes considerados hostis por Washington. Essas ações antidemocráticas deixaram marcas de ingerências, ilegalidades, golpes, repressão e ditaduras sangrentas no subcontinente. Em pleno século XXI, não podemos aceitar a repetição de práticas de um período opressor e sombrio. Não podemos aceitar a mais um ataque à soberania na América Latina".

O Partido dos Trabalhadores disse "condenar com veemência mais um ataque dos EUA à soberania da Venezuela". "Somos defensores do Direito Internacional e dos princípios da não ingerência e da autodeterminação dos povos em qualquer parte do mundo".

 
 

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