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Israel deve se preparar para guerra longa, diz chefe militar

Irã lançou novo ataque contra Israel - foram disparados 35 mísseis contra as cidades de Haifa, Bersheva e Tel-Aviv. Mais de 40 pessoas ficaram feridas

Por Estadão Conteúdo Publicado em 20/06/2025 às 21:44

O chefe do exército de Israel, o general Eyal Zamir, alertou nesta sexta-feira, 20, para que a população se prepare para uma "guerra longa" contra o Irã. A mensagem foi dada em meio a mais um dia de intensos ataques trocados entre israelenses e iranianos. "Lançamos a campanha mais complexa da nossa história", disse o general. "Devemos nos preparar para uma campanha prolongada. Apesar dos avanços importantes, dias difíceis nos aguardam."

Entre os avanços, segundo Zamir, está a redução do arsenal iraniano. Antes da operação, o Irã possuía cerca de 2,5 mil mísseis terra-terra e planejava produzir outros 5,5 mil nos próximos dois anos, e estava promovendo avanços no campo nuclear - que Israel diz, sem apresentar provas, que caminhava para a fabricação de uma bomba atômica, embora Teerã negue que o programa tenha fins militares.

 

Fogo cruzado

Ontem, o Irã lançou um novo ataque contra Israel. Segundo o exército israelense, emissoras e o serviço de emergência, foram disparados 35 mísseis contra as cidades de Haifa, Bersheva e Tel-Aviv. Mais de 40 pessoas ficaram feridas. Os israelenses bombardearam fábricas de mísseis e um centro de pesquisa ligado ao programa nuclear do Irã.

Enquanto os dois lados trocaram disparos, diplomatas de Reino Unido, França, Alemanha e União Europeia estavam reunidos com uma delegação iraniana na Suíça para tentar esfriar o conflito. O encontro terminou sem avanços.

Desdém

As expectativas para a reunião eram baixas, considerando os ataques constantes e a ausência dos EUA - na quinta-feira, Donald Trump deu um prazo de duas semanas para decidir se entra ou não na guerra.

Antes do início das conversações, o chanceler do Irã, Abbas Araghchi, disse que Teerã não estava interessado em negociar o fim da guerra até que Israel parasse seus ataques. Após a reunião, os diplomatas ocidentais disseram que as negociações devem continuar e defenderam o envolvimento dos EUA.

Em Washington, Trump desdenhou do esforço e disse que o Irã prefere negociar o fim do conflito diretamente com ele. "Não, eles não ajudaram. O Irã não quer falar com a Europa, eles querem falar conosco", disse o presidente, que rejeitou fazer pressão para suspender os ataques de Israel como condição para negociações.

"É muito difícil fazer esse pedido. Quando alguém está ganhando, é mais difícil do que quando alguém está perdendo", afirmou Trump. "Mas estamos prontos, dispostos e capazes. Estamos conversando com o Irã, vamos ver o que acontece."

Catástrofe

Rafael Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), afirmou ontem que um ataque à usina de Bushehr, no Irã, pode causar uma catástrofe. "Esta é a instalação nuclear onde as consequências de um ataque podem ser mais graves, pois se trata de uma usina em operação que abriga milhares de quilos de material nuclear", disse.

Grossi pediu "máxima contenção" por parte de Irã e Israel e lembrou da importância do trabalho dos inspetores da AIEA. "Além dos riscos radiológicos, ataques contra esses materiais nucleares prejudicam esse esforço."

Prevendo o agravamento do conflito nos próximos dias, o governo do Reino Unido retirou na sexta toda a sua equipe diplomática do Irã. A decisão segue uma tendência de outros aliados ocidentais, como Suíça e Austrália, que fecharam suas embaixadas em Teerã.

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