ISRAEL X IRÃ | Notícia

Mundo entra em alerta após ataques entre Israel e Irã

Israel lançou o que chamou de "ataques preventivos" contra o Irã e um estado de emergência foi declarado no país, de acordo com o ministro da defesa

Por Estadão Conteúdo Publicado em 13/06/2025 às 21:09

O secretário-geral da Organização das Nações Unidas, António Guterres, foi claro ao condenar qualquer escalada militar no Oriente Médio, disse a porta-voz do organismo multilateral, Stephanie Temblay, em entrevista coletiva nesta sexta-feira.

Em meio a uma enxurrada de perguntas sobre se a ONU condenava Israel especificamente pela escalada militar, a porta-voz reiterou os termos de comunicado divulgado pela organização na noite de quinta-feira (horário de Brasília).

No comunicado, o secretário-geral "condenou os ataques israelenses no Irã na noite de quinta-feira, pedindo 'máxima contenção' por parte dos Estados-membros".

"O Secretário-geral da ONU reforçou necessidade de as partes buscarem uma solução pela via da diplomacia", afirmou a porta-voz, citando que o Guterres conversou por telefone com o ministro de Defesa do Irã, ainda que não tenha citado o nome da autoridade iraniana.

"Qualquer iniciativa deve ser feita em coordenação com a ONU", disse a representante, afirmando que haverá uma reunião do conselho de segurança da ONU nesta sexta-feira para discutir o assunto.

Na coletiva, Temblay reiterou que Guterres está particularmente preocupado com os ataques israelenses às instalações nucleares no Irã.

Israel lançou o que chamou de "ataques preventivos" contra o Irã e um estado de emergência foi declarado no país, de acordo com o ministro da defesa israelense, Israel Katz.

POSICIONAMENTO DO BRASIL

O governo brasileiro condenou os ataques promovidos por Israel contra o Irã. Afirmando, em nota, que a ofensiva constitui "clara violação à soberania" do Irã e "ao direito internacional".

"O governo brasileiro expressa firme condenação e acompanha com forte preocupação a ofensiva aérea israelense lançada na última madrugada contra o Irã, em clara violação à soberania desse país e ao direito internacional", afirmou o Ministério das Relações Exteriores em nota distribuída à imprensa nesta manhã.

O Itamaraty disse ainda que os ataques promovidos por Israel "ameaçam mergulhar toda a região em conflito de ampla dimensão, com elevado risco para a paz, a segurança e a economia mundial"

"O Brasil insta todas as partes envolvidas ao exercício da máxima contenção e exorta ao fim imediato das hostilidades", completou.

Líderes das principais potências europeias defenderam uma saída diplomática para a crise provocada pelos ataques aéreos de Israel contra o Irã. Britânicos, alemães e franceses defenderam uma desescalada no conflito. A Rússia, principal aliada de Teerã, se ofereceu como mediadora.

O presidente russo, Vladimir Putin, condenou a série de bombardeios, segundo informou o Kremlin, após o mandatário conversar por telefone separadamente com o homólogo iraniano, Masud Pezeshkian, e com o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

"Vladimir Putin ressaltou que a Rússia condena as ações de Israel, que violam a Carta das Nações Unidas e o direito internacional", declarou o Kremlin em um comunicado, no qual acrescentou que o presidente da Rússia expressou a Netanyahu "sua disposição para mediar" a fim de evitar uma escalada maior do conflito.

LÍDERES EM ALERTA

Ao jornal The Guardian, o primeiro-ministro do Reino Unido, Keir Starmer, disse que o governo pediu a "todas as partes que recuem e reduzam as tensões com urgência".

"A escalada não serve a ninguém na região. A estabilidade no Oriente Médio deve ser a prioridade e estamos envolvendo os parceiros com esse fim. Agora é a hora de moderação, calma e retorno à diplomacia", falou Starmer.

A França reafirmou o direito de Israel de se "proteger e garantir sua segurança", segundo declarou o presidente Emmanuel Macron, lembrando que já havia "condenado várias vezes" o programa nuclear iraniano.

"Para não colocar em risco a estabilidade de toda a região, faço um apelo às partes para exercerem a máxima contenção e busquem a desescalada", acrescentou o mandatário francês pelas redes sociais.

O chanceler da Alemanha, Friedrich Merz, pediu a ambas as partes que "se abstenham de tomar medidas que possam levar a uma nova escalada e desestabilizar toda a região" e disse que a Alemanha está pronta a "intervir junto das partes em conflito com todos os meios diplomáticos à sua disposição".

O Japão, por sua vez, condenou "veementemente" os ataques aéreos de Israel contra o Irã. "A paz e a estabilidade na região do Oriente Médio são extremamente importantes para o Japão, e pedimos a todas as partes envolvidas que acalmem a situação", disse o ministro das Relações Exteriores, Takeshi Iwaya, a repórteres em Tóquio.

O presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou que a Europa tem um peso geopolítico reduzido por falta de capacidade militar, e lamentou que os líderes europeus não tenham sido informados previamente da ofensiva israelita.

"O problema é que a Europa precisa de mais peso militar, para poder aumentar o seu peso geopolítico. O Sr. Netanyahu comunicou ao Presidente Trump que ia atacar. Não foi para nenhum dos líderes da Europa", falou Rabelo.

RECADO DOS EUA

Os Estados Unidos afirmaram no Conselho de Segurança da ONU que as consequências para o Irã seriam terríveis se o país atacasse bases dos EUA. Na reunião de emergência convocada para esta sexta-feira, 13, o representante americano, McCoy Pitt, disse que Washington quer uma resolução diplomática e propôs ao Irã fechar um acordo nuclear.

Os dois países negociam há semanas um acordo em torno do programa nuclear iraniano, à medida que crescem as informações sobre o Irã estar próximo de obter urânio para construir armas nucleares. Os ataques de Israel contra o regime dos aiatolás acontecem nesse contexto e agravam a instabilidade no Oriente Médio.

Durante a reunião, McCoy Pitt reafirmou que os EUA foram informados sobre os ataques com antecedência, mas que se tratou de uma ação unilateral. Ele considerou que a ação de Israel foi de autodefesa, repetindo a justificativa das autoridades israelenses. "Toda nação soberana tem o direito de se defender, e Israel não é exceção", declarou.

O enviado do Irã ao Conselho de Segurança, Amir Saeid Iravani, declarou que as ações de Israel são uma declaração de guerra e que os EUA são cúmplices. Ele acrescentou que o país vai responder "de forma decisiva e proporcional" ao ataque, em um discurso cerca de uma hora depois dos ataques iranianos que atingiram cidades israelenses.

Iravani disse que os bombardeios contra Israel são autorizados pelo direito à legítima defesa, estabelecido no Artigo 51 da Carta da ONU. O artigo permite que um Estado responda a um ataque sofrido até que o Conselho de Segurança tome providências para manter a paz e a segurança.

A reunião desta quarta-feira, 11, terminou sem nenhuma resolução. O embaixador de Israel, Danny Danon, repetiu que Israel agiu por "preservação do Estado de Israel" e que o país não irá permitir que o Irã fabrique armas nucleares. Ele declarou que Israel esperou uma resolução diplomática que limitasse o programa nuclear iraniano, mas que isso não teve resultados.

Os EUA e o Irã têm uma reunião marcada no domingo, 15, em Omã, para conversar sobre o programa nuclear.

Milícias do Iraque pedem saída de tropas americanas

Enquanto o enviado americano na ONU alertava o Irã contra ataques a bases americanas, a milícia xiita iraquiana Kata'ib Hezbollah, apoiada pelo regime dos aiatolás, pediu que as tropas americanas saíssem do país para o Iraque não se tornar um campo de batalha.

A milícia acusou os EUA de autorizarem o ataque israelense e pediu ao governo de Bagdá para "remover urgentemente essas forças estrangeiras hostis do país para evitar guerras adicionais na região".

O pedido foi endossado por outra milícia pró-Irã, a Al Nujaba, também sediada no Iraque. O líder do grupo, Akram Al Kaabi, também acusou os EUA de terem cooperado com Israel e pediu a retirada das forças americanas, que estão no país a convite de Bagdá desde a luta contra o Estado Islâmico.

 
 

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