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Quem é o governador da Califórnia que chamou Trump de ditador? Entenda o caso

Embate ocorreu após Trump deslocar a Guarda Nacional para Los Angeles sem o pedido formal do estado; Newsom tem estado em embates com o presidente

Por Thiago Seabra Publicado em 09/06/2025 às 17:12

Em meio a uma escalada de tensões políticas nos Estados Unidos, o governador da Califórnia, Gavin Newsom, se tornou uma figura central ao classificar as ações do então presidente Donald Trump como "atos de um ditador".

O embate ocorreu após Trump deslocar a Guarda Nacional para Los Angeles sem o pedido formal do estado.

AP Photo/Damian Dovarganes
Limpeza continua após uma noite de protestos no centro de Los Angeles - AP Photo/Damian Dovarganes
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Limpeza continua após uma noite de protestos no centro de Los Angeles - AP Photo/Damian Dovarganes

Quem é Gavin Newsom?

Gavin Newsom é o governador democrata da Califórnia

Nascido em San Francisco em 1967, ele deu início a sua carreira política em 1996 em comissões locais de San Francisco, sendo descrito no início como um "liberal social".

Ele serviu dois mandatos como prefeito de São Francisco a partir de 2003.

Newsom ganhou atenção nacional ao apoiar casamentos entre pessoas do mesmo sexo, mesmo em violação da lei estadual na época.

Em 2019, foi eleito governador da Califórnia com uma vitória expressiva.

Mais recentemente, Newsom tem estado em destaque devido a embates com o presidente eleito Donald Trump, que o criticou (assim como a prefeita de Los Angeles, Karen Bass) por "incompetência grosseira" no lidar com incêndios florestais no estado.

Reação após decisão de Donald Trump

Há três dias, Los Angeles vive protestos contra medidas de Trump para expulsar imigrantes ilegais.

A forte reação de Newsom veio depois que Donald Trump decidiu intervir na situação de desordem que tomava as ruas da cidade, acusando as autoridades locais de incompetência.

A crise na cidade se iniciou após uma série de operações do Serviço de Imigração e Alfândega (ICE) que levaram à prisão de cerca de 40 pessoas na região.

Essas ações federais provocaram manifestações que, em seguida, evoluíram para uma onda de violência.

Houve registros de confrontos, carros incendiados e tumultos, especialmente na área metropolitana de Los Angeles, conhecida por sua forte presença latina.

Diante do caos, Trump justificou a mobilização de 2 mil soldados da Guarda Nacional como uma medida para “lidar com a ilegalidade que foi permitida florescer” e “garantir a segurança de propriedades e pessoal federal”.

O presidente também culpou a “esquerda radical” por incitar e financiar os protestos violentos.

Manifestantes entraram em conflito com soldados

Horas após a chegada das tropas, manifestantes entraram em confronto direto com os soldados no centro de Los Angeles.

Relatos da imprensa americana indicam que as autoridades utilizaram gás lacrimogêneo, granadas de efeito moral, cassetetes e balas de borracha para dispersar a multidão.

Newsom reagiu duramente e solicitou formalmente ao governo federal a retirada das tropas, pedindo que a cidade fosse devolvida ao seu comando.

Em uma postagem em sua conta no X (antigo Twitter), o governador afirmou: “Não tínhamos problemas até Trump se envolver. Isso é uma violação grave da soberania do estado — inflamar tensões e, ao mesmo tempo, desviar recursos de onde são realmente necessários. Revogue a ordem. Devolva o controle para a Califórnia”.

Em outra postagem, Newsom acusou Trump de incitar e provocar a violência, criar caos em massa, militarizar cidades e prender opositores.

Ele concluiu: “Esses são atos de um ditador, não de um presidente”.

Primeira vez que chefe executivo envia Guarda Nacional desde 1965

É importante notar que essa foi a primeira vez, desde 1965, que um chefe do Executivo americano enviou a Guarda Nacional a um estado sem o pedido formal do respectivo governador.

Naquele ano, o presidente Lyndon B. Johnson deslocou soldados federais para o Alabama, com o objetivo de proteger manifestantes dos direitos civis.

A tensão se acirrou quando Tom Homan, figura influente em assuntos de fronteira no governo Trump, ameaçou prender qualquer pessoa que obstruísse os esforços de fiscalização da imigração no estado, incluindo Newsom e a prefeita de Los Angeles, Karen Bass.

Questionado pela NBC News, Newsom desafiou Homan a “acabar logo com isso” e seguir em frente com a prisão.

Ao ser perguntado sobre essa declaração de Newsom, Trump disse: "Eu o faria", sinalizando que apoiaria a prisão do governador da Califórnia.

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