Lula e Macron expõe visões divergentes sobre pressão a Putin por cessar-fogo na Ucrânia
Apesar se posicionarem contra a guerra e concordarem que a Rússia iniciou o conflito, o presidente brasileiro foi menos enfático na cobrança a Putin

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o presidente da França, Emmanuel Macron, expuseram visões diferentes sobre a forma de pressionar o presidente da Rússia, Vladimir Putin, a aceitar um cessar-fogo no local.
Apesar de tanto Lula quanto Macron se posicionarem contra a guerra e concordarem que a Rússia iniciou o conflito, o presidente brasileiro foi menos enfático na cobrança a Putin. Os dois falaram com a imprensa em Paris, após uma reunião de Estado
Lula disse que "a posição do Brasil é conhecida pelo povo brasileiro e por Macron". Relatou que conversou com Putin e pediu que ele participasse das negociações por um cessar-fogo pessoalmente em Istambul (Turquia). O presidente brasileiro foi à Rússia recentemente para a celebração da vitória contra os nazistas na Segunda Guerra Mundial. Lula, no entanto, disse respeitar a decisão de Putin de não seguir seu conselho.
"Eu disse a Putin que era importante que ele fosse a Istambul participar pessoalmente das negociações, que seria um sinal que ele faria ao mundo de que ele está interessado na construção da paz. Obviamente que respeito que o chefe de Estado toma a decisão a partir do seu governo, não a partir da minha sugestão", declarou.
O presidente brasileiro citou, ainda, um ataque promovido pela Ucrânia a um aeroporto na Rússia e a possibilidade de retaliação por parte do exército de Putin.
"Fiquei preocupado porque, na semana passada, quando se começa a discutir a paz, me parece que houve um ataque da Ucrânia em um aeroporto na Rússia. E agora estou lendo que o Trump publicou um tweet dizendo que conversou com Putin e que a conversa não foi muito boa e que (Rússia) vai retaliar a Ucrânia", disse.
Reforço no discurso contra Netanyahu
Lula reforçou suas críticas à atuação de Israel na guerra na Faixa de Gaza e disse que há um "genocídio premeditado" em curso promovido por um "governante de extrema-direita".
"O que está acontecendo em Gaza não é uma guerra, é um genocídio de um exército altamente preparado contra mulheres e crianças", disse Lula, em entrevista coletiva ao lado do presidente da França, Emmanuel Macron, em Paris, após reunião dos dois.
Homenagem da Academia Francesa
Lula foi o segundo brasileiro a receber homenagem da Academia Francesa. Antes dele, apenas Dom Pedro II foi agraciado. Desde a fundação da academia, no século XVII, 19 chefes de Estado foram homenageados.
A instituição, fundada em 1635, tem uma influência significativa na cultura francesa e, além de regulamentar a língua francesa, concede prêmios em diversas áreas.
Macron disse, ainda, que a França e o Brasil compartilham "a mesma visão sobre as florestas e este combate contra a mudança climática e em prol da biodiversidade" por terem territórios na Amazônia (a França controla a Guiana Francesa).