Governo Trump suspende novas entrevistas para vistos estudantis
O Brasil está entre os dez países que mais enviam estudantes para os Estados Unidos. Eram 16,8 mil brasileiros no ano letivo de 2023-2024

O governo Donald Trump ordenou que as embaixadas e consulados americanos suspendam as novas entrevistas para vistos de estudante ou intercâmbio. A medida deve ser implementada enquanto a Casa Branca avalia a exigência de triagem nas redes sociais de todos os estrangeiros que desejam estudar nos EUA.
O telegrama foi assinado pelo secretário de Estado americano, Marco Rubio. "Com efeito imediato, como preparação para uma expansão da triagem obrigatória de redes sociais, as seções consulares não devem adicionar nova capacidade de agendamento para vistos de estudante ou de intercâmbio", afirma a comunicação.
O governo já impôs algumas exigências de triagem em redes sociais, mas voltadas para os estudantes que estavam retornando aos Estados Unidos e poderiam ter participado dos protestos contra a guerra na Faixa de Gaza. Agora, a condição deve ser ampliada a todos aqueles que desejam estudar nos EUA.
As medidas do governo podem causar atrasos no processamento de vistos, além de prejudicar universidades americanas, que contam com as mensalidades desses estudantes de outros países para custear despesas.
O Brasil está entre os dez países que mais enviam estudantes para os Estados Unidos. Eram 16,8 mil brasileiros no ano letivo de 2023-2024, o que representa um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior.
Ao todo, os EUA tinham 1,1 milhão de estudantes estrangeiros em 2023-2024. Os números são do relatório anual do Escritório de Assuntos Educacionais e Culturais do Departamento de Estado com o Instituto de Educação Internacional. O dado inclui aqueles que permanecem no país por um curto período após a graduação para adquirir experiência profissional.
O relatório identifica a Universidade de Nova York (N.Y.U.), a Universidade Northeastern e a Universidade Columbia como as três instituições que mais recebem estudantes internacionais. Na N.Y U., as matrículas desses alunos aumentaram quase 250% na última década.
Não está claro quais critérios devem ser adotados nessa avaliação, mas o telegrama faz referência a decretos do presidente Donald Trump contra o terrorismo e o antissemitismo.
O governo tem acusado as universidades americanas - palco de protestos massivos contra a guerra em Gaza - de não fazer o suficiente para combater o antissemitismo como justificativa para a disputa travada com algumas das instituições de ensino mais prestigiadas do país.
Eduardo Vasconcelos, estudante de Economia e Governo, espera que a proibição seja barrada pela Justiça e os direitos dos estudantes permaneçam resguardados.
Harvard
O principal foco é a Universidade de Harvard, que se recusou a cumprir uma série de exigências de Donald Trump e acusou o governo de tentar interferir na liberdade acadêmica.
Em resposta, a Casa Branca congelou cerca de US$ 3,2 bilhões (R$ 18 bilhões) em subsídios e contratos para Harvard. Em carta enviada às agências federais nesta terça-feira, o governo determinou o cancelamento de contratos remanescentes, avaliados em US$ 100 milhões (R$ 565 milhões).
Em outra frente, a Casa Branca tentou impedir Harvard de matricular estudantes estrangeiros. A universidade entrou com processo na Justiça e conseguiu uma ordem temporária que bloqueia a medida.