Índia e Paquistão podem entrar em guerra? Entenda conflito
Tensão entre Índia e Paquistão aumenta após ataques aéreos e atentado na Caxemira, com trocas de acusações e temor de escalada militar na região

*Com informações da agência Estadão Conteúdo
As tensões entre Índia e Paquistão se intensificaram nesta quarta-feira (7) após ataques de mísseis lançados pelos militares indianos em retaliação a um atentado ocorrido no mês passado na Caxemira controlada pela Índia. A escalada reacende temores de guerra entre os dois países com arsenal nuclear.
Os ataques indianos atingiram seis locais em território paquistanês, incluindo regiões nas províncias de Punjab e Azad Jammu e Caxemira.
Segundo o governo do Paquistão, 26 civis morreram e mais de 40 ficaram feridos. Islamabad respondeu derrubando cinco jatos indianos, segundo o porta-voz militar, tenente-general Ahmed Sharif Chaudhry. Em comunicado, o Paquistão afirmou não ter atingido civis em suas ações de retaliação.
O conflito remonta a disputas históricas pela Caxemira, região de maioria muçulmana, dividida entre os dois países, mas reivindicada integralmente por ambos. Desde 2021, havia um frágil cessar-fogo em vigor.
Índia e Paquistão podem entrar em guerra?
A atual escalada teve início com um atentado em 22 de abril, quando homens armados mataram 25 turistas indianos e um cidadão nepalês perto de Pahalgam, na Caxemira administrada pela Índia. Foi o ataque mais letal contra civis na região desde os atentados de Mumbai, em 2008.
A Índia atribuiu a autoria do ataque ao grupo Frente de Resistência, apontado como uma ramificação do Lashkar-e-Taiba, organização terrorista baseada no Paquistão. Nova Délhi afirmou ter reunido evidências de vínculos entre os militantes e o Paquistão, o que Islamabad nega.
Risco de guerra
O ataque aéreo desta quarta representa uma escalada significativa em comparação com 2019, quando a Índia atingiu um único alvo no Paquistão após um atentado que matou 40 soldados indianos.
Para o especialista Michael Kugelman, a atual crise já superou o nível de tensão daquele ano. “São dois exércitos poderosos que não hesitam em empregar força militar convencional. Os riscos de escalada são reais — e podem aumentar rapidamente”, alertou no X (ex-Twitter).
O primeiro-ministro paquistanês, Shehbaz Sharif, condenou os ataques indianos como “ato de guerra” e prometeu uma “resposta adequada”.
Ele convocou o principal órgão de segurança nacional e deve se pronunciar à nação. O diplomata paquistanês Maleeha Lodhi classificou a situação como “uma crise muito séria provocada pela agressão indiana”.
O que está em disputa?
A disputa pela Caxemira começou em 1947, com a partilha do subcontinente indiano entre Índia e Paquistão.
O então Estado principesco de Jammu e Caxemira, de maioria muçulmana, uniu-se à Índia após uma revolta interna e ataques de tribos paquistanesas. Desde então, a região foi palco de três guerras entre os vizinhos — em 1947, 1965 e 1999 — e permanece dividida pela Linha de Controle, uma fronteira militarizada.
Além do Paquistão, a China também controla parte da Caxemira, após um breve conflito com a Índia em 1962.
Armas nucleares
Ambos os países possuem cerca de 170 ogivas nucleares, segundo o Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (SIPRI).
A Índia tem ampliado seu foco estratégico para conter a China, enquanto o Paquistão segue expandindo seu arsenal. Nenhum dos dois é signatário do Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares da ONU.
A comunidade internacional, incluindo os Estados Unidos, tem pedido moderação para evitar que a crise escale para um conflito mais amplo.
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