'Vladimir, PARE', disse Trump após novos ataques russos à Ucrânia
Rússia lançou 70 mísseis e 145 drones durante a madrugada, segundo o governo ucraniano, em seis regiões do país e várias cidades, incluindo a capital

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, expressou sua frustração nesta quinta-feira (24) com os novos ataques à Ucrânia que deixaram pelo menos 12 mortos, enviando uma mensagem ao colega russo: "Vladimir, PARE!".
A Rússia lançou 70 mísseis e 145 drones durante a madrugada, segundo o governo ucraniano, em seis regiões do país e várias cidades, incluindo a capital, onde testemunhas descreveram cenas apocalípticas em uma área residencial, com prédios destruídos e corpos sem vida nas ruas.
Até agora, há 12 mortos e 90 feridos, segundo o último balanço dos serviços de emergência.
"Eles querem nos destruir", disse Olena Davidiuk, uma advogada de 33 anos que mora muito perto do ponto de impacto dos mísseis russos em Kiev. Ela disse que acordou com o som de explosões e correu para fora quando "as janelas e portas começaram a cair".
As Forças Armadas russas "realizaram um ataque em massa com armas de precisão de longo alcance" contra várias empresas do complexo militar industrial ucraniano, afirmou o Ministério da Defesa russo.
Londres denunciou um "banho de sangue perpetrado por Putin" e novas cenas "chocantes".
A União Europeia condenou o ataque e disse que a Rússia continua sendo "o principal obstáculo à paz", enquanto o presidente ucraniano Volodimir Zelensky decidiu encurtar sua visita à África do Sul.
Em sua plataforma Truth Social, Trump escreveu "Vladimir, PARE!" e disse que "não estava feliz" com a onda de ataques, segundo ele, em um "momento muito ruim", em meio às tentativas do presidente americano de negociar o fim do conflito que começou em fevereiro de 2022 com a invasão russa da Ucrânia.
As negociações em nível ministerial entre os Estados Unidos, a Ucrânia e dois aliados europeus, França e Reino Unido, foram canceladas no último minuto na quarta-feira, após o vazamento de informações à imprensa sobre o possível reconhecimento por Washington da soberania russa sobre a Crimeia, península ucraniana que Moscou anexou em 2014.
Zelensky disse na terça-feira que a Crimeia "é nosso território", e Trump respondeu chamando-o de "incendiário" em um momento em que, segundo ele, um acordo com a Rússia está "muito próximo".
A chefe da diplomacia da União Europeia, Kaja Kallas, reiterou que a "Crimeia é a Ucrânia".
O presidente francês, Emmanuel Macron, juntou-se nesta quinta-feira a esse posicionamento de rejeição. Há "uma situação de fato", afirmou. "Mas, por isso, deveríamos dar razão [à Rússia]? Não", concluiu.
Zelensky voltou a tratar do assunto em Pretória nesta quinta-feira. "Estamos fazendo tudo o que nossos parceiros propuseram, exceto o que é contrário à nossa legislação e à Constituição" ucraniana no que diz respeito à integridade territorial do país, incluindo a Crimeia, reiterou. Ele também pediu "mais pressão sobre a Rússia".
"Estamos pressionando muito a Rússia, e a Rússia sabe disso", afirmou por sua vez Trump, que tem sido acusado desde que chegou à Casa Branca no final de janeiro de favorecer Moscou para conseguir um acordo que ponha fim à guerra.
Questionado sobre o que pede à Rússia, Trump disse que solicita "parar a guerra, deixar de tomar todo o país. Uma concessão bastante grande".
"Também é necessário que a Ucrânia queira chegar a um acordo", acrescentou Trump.
Já o secretário-geral da Otan, Mark Rutte, considerou nesta quinta-feira que cabe à Rússia, e não à Ucrânia, avançar nas negociações para encerrar a guerra.
"Agora há algo sobre a mesa, eu acho, e os ucranianos realmente estão jogando bem. E acredito que a bola está claramente no campo russo agora", disse Rutte a jornalistas na Casa Branca após se reunir com o presidente americano.
O conflito já deixou dezenas de milhares de mortos em ambos os lados.
"Foi horrível"
Em Kiev, os bombeiros trabalharam a manhã toda para ajudar as vítimas, entre elas uma mulher com sangue e arranhões no rosto que segurava seu cachorro trêmulo.
No mesmo local havia um corpo sob um lençol branco.
Anna Balamut, 36 anos, falou sobre sua corrida "aterrorizante" no meio da noite com seus dois filhos até um abrigo antiaéreo, fugindo das explosões.
"As pessoas corriam, cobertas de sangue. Gritavam, havia crianças, foi horrível", disse à AFP.
As explosões continuaram durante toda a noite, com as luzes de drones e mísseis iluminando o horizonte da capital ucraniana, segundo jornalistas da AFP no local.