GUERRA COMERCIAL | Notícia

China aplica sanções a americanos por interferência em Hong Kong

Apesar das medidas anunciadas nesta segunda-feira (21), o governo chinês não detalhou quem foi punido e quais seriam as restrições impostas.

Por Estadão Conteúdo Publicado em 21/04/2025 às 20:23

A chancelaria da China anunciou nesta segunda-feira, 21, sanções a autoridades, congressistas e diretores de ONGs dos EUA que, o governo chinês, tiveram um "desempenho ruim" em questões envolvendo Hong Kong. Pequim, porém, não detalhou quem foi punido e quais seriam as restrições impostas.

Em março, os EUA aplicaram punições a seis autoridades chinesas e de Hong Kong que, segundo eles, estavam envolvidas em "repressão transnacional" e em atos que ameaçavam corroer ainda mais a autonomia da cidade.

Entre as autoridades estavam o secretário de Justiça, Paul Lam, o diretor do escritório de segurança, Dong Jingwei, e o ex-comissário de polícia Raymond Siu.

Em uma ação de retaliação contra Washington, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês, Guo Jiakun, disse na segunda que a China condena veementemente os atos, chamando-os de "desprezíveis". "Os EUA interferiram seriamente nos assuntos de Hong Kong e violaram os princípios do direito internacional", disse.

Tensões

"A China decidiu impor sanções aos congressistas, autoridades e líderes de ONGs dos EUA que tiveram um desempenho ruim em questões relacionadas a Hong Kong", afirmou Guo, acrescentando que a resposta foi dada de acordo com a lei de sanções antiestrangeiros.

Guo também fez um alerta sobre Hong Kong, dizendo que os assuntos da cidade do sul da China não estão sujeitos à interferência dos EUA. "Quaisquer ações consideradas erradas pelo governo chinês, que sejam tomadas em questões relacionadas a Hong Kong, serão enfrentadas com contramedidas firmes e retaliação recíproca", disse.

As sanções de retaliação em relação às questões de direitos humanos em Hong Kong são o sinal mais recente do aumento das tensões entre Pequim e Washington, já envolvidos em uma guerra comercial que tem abalado as empresas de ambos os lados.

Cerco comercial

Pequim advertiu outros países ontem contra a conclusão de acordos comerciais com os EUA em detrimento da China. As sanções impostas pelos americanos às autoridades chineses, em março, não foram as primeiras relacionadas a Hong Kong, que voltou ao domínio chinês em 1997.

Durante o primeiro mandato de Donald Trump, seu governo impôs sanções a Hong Kong e a autoridades chinesas por minar a autonomia do território. Em 2021, o governo do então presidente Joe Biden impôs mais sanções a autoridades chinesas por causa da repressão de Pequim às liberdades políticas na cidade semiautônoma.

Desde que a China impôs uma lei de segurança nacional, em 2020, para reprimir os protestos em massa contra o governo, em 2019, as autoridades de Hong Kong processaram muitos dos principais ativistas locais.

Meios de comunicação conhecidos por suas reportagens críticas ao governo foram fechados após a prisão de seus principais executivos. Dezenas de grupos da sociedade civil foram dissolvidos.

Nos últimos dois anos, as autoridades de Hong Kong emitiram mandados de prisão para 19 ativistas baseados no exterior, com recompensas de US$ 130 mil por informações que levassem à prisão de cada um deles. Alguns residiam nos EUA.

Críticas

A repressão que já dura anos atraiu críticas de governos ocidentais, especialmente porque a cidade recebeu a promessa de que suas liberdades civis e autonomia restrita, no estilo ocidental, seriam mantidas intactas por pelo menos 50 anos durante a transferência de poder do Reino Unido para a China, em 1997. Os governos de Pequim e de Hong Kong insistem que a lei é necessária para a estabilidade do território.

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