INCERTEZAS | Notícia

Acordos comerciais prometidos por Trump demoram a se concretizar

Ministro francês advertiu que um pacto com a União Europeia ainda está longe e a China insistiu que nem sequer há um diálogo aberto

Por AFP Publicado em 24/04/2025 às 21:30

As promessas de Donald Trump de acordos comerciais mais favoráveis para os Estados Unidos esfriaram nesta quinta-feira (24), quando um ministro francês advertiu que um pacto com a União Europeia (UE) ainda está longe e a China insistiu que nem sequer há um diálogo aberto.

Desde que voltou à Casa Branca em janeiro, Trump desencadeou uma guerra comercial para forçar uma mudança no que considera práticas desleais e revitalizar a indústria americana.

Assim, impôs tarifas de 10% à maioria de seus parceiros, incluindo a UE, onde também vigora uma sobretaxa de 25% sobre o aço, o alumínio e os veículos.

Mas Trump guardou seus golpes mais duros para a China, com um imposto de 145% sobre os bens do gigante asiático, ao que a segunda economia mundial respondeu elevando para 125% suas tarifas alfandegárias sobre os produtos originários dos Estados Unidos.

O presidente republicano repete que quer um acordo "justo" com Pequim. "Temos nos reunido com a China", disse Trump nesta quinta, embora não tenha especificado quem participa dessas discussões.

No entanto, horas antes, a China negou um diálogo. "Gostaria de enfatizar que atualmente não há negociações econômicas ou comerciais entre China e Estados Unidos", declarou o porta-voz do Ministério do Comércio, He Yadong.

O Ministério das Relações Exteriores da China também classificou como "falsas" as informações de negociações em curso.

Na quarta-feira, o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, afirmou a jornalistas que as tarifas extraordinariamente altas teriam que cair antes de qualquer discussão, e enfatizou que Trump não fez nenhuma oferta unilateral para reduzir as sobretaxas alfandegárias sobre os produtos chineses.

"Ainda estamos longe"

Trump insiste que conseguirá acordos rápidos com todos os parceiros comerciais. Mas o ministro da Economia da França, Eric Lombard, alertou nesta quinta em Washington que a UE e os Estados Unidos estão distantes disso.

"Não vamos ocultar que ainda estamos longe de um acordo", disse a jornalistas, à margem das reuniões de primavera do Fundo Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial (BM).

Lombard, que se reuniu esta semana com o principal conselheiro econômico da Casa Branca, Kevin Hassett, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, e também viu Bessent em um encontro de ministros, destacou que os diálogos foram "cordiais".

"Percebi que nossos interlocutores desejam ir o mais rápido possível", mas as negociações "terão seus altos e baixos", apontou.

Trump fixou o dia 9 de julho como data limite para negociar com seus parceiros comerciais.

México e Canadá são alvo de tarifas alfandegárias de 25% desde o início de março. Washington acusa seus dois vizinhos de não fazerem o suficiente para limitar a entrada de migrantes e de fentanil no território americano.

Essas tarifas foram posteriormente suspensas em grande parte, mas o México também é afetado pela taxação do aço e do alumínio em 25%, e pelos encargos sobre os automóveis.

"Racionalizar"

A Casa Branca assegura ter sido contatada por 90 países e diz ter recebido até agora 18 propostas escritas de acordos comerciais.

Bessent afirmou nesta quinta que um "acordo-quadro" poderia ser concluído a partir da "próxima semana" com a Coreia do Sul, país com o qual os Estados Unidos estão vinculados por um tratado de livre comércio que entrou em vigor em 2012.

Enquanto isso, Washington tenta moderar o impacto esperado de certas tarifas sobre a indústria americana, que importa enormes quantidades de matérias-primas e componentes.

Um funcionário da Casa Branca disse à AFP que se busca "racionalizar" as tarifas que afetam a indústria automotiva, sob direitos alfandegários setoriais direcionados às peças e também tarifas sobre aço e alumínio.

Com Pequim, o tom de Trump não parece precisamente se inclinar à distensão. Nesta quinta-feira, o presidente criticou violentamente a negativa da China de receber novos aviões da americana Boeing.

Também voltou a reclamar que o fentanil "continua chegando" aos Estados Unidos "da China, através do México e Canadá". "E é melhor que pare AGORA!", acrescentou.

E no que diz respeito à UE, a Casa Branca descreveu como "extorsão" as fortes multas impostas por Bruxelas aos gigantes americanos do setor de tecnologia Apple e Meta.

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