China eleva para 125% tarifas sobre Estados Unidos
Comissão Tarifária de Pequim critica medidas dos EUA, e Xi Jinping pede aliança com a União Europeia contra políticas unilaterais de Trump

A China anunciou nesta sexta-feira (11) que aumentará as tarifas sobre os produtos dos Estados Unidos para 125%, aprofundando ainda mais a guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo.
"A imposição por parte dos Estados Unidos de tarifas anormalmente elevadas contra a China viola gravemente as normas comerciais internacionais, as leis econômicas básicas e o bom senso", afirmou a Comissão Tarifária do Conselho de Estado de Pequim em um comunicado divulgado pelo Ministério das Finanças.
A nova tarifa entrará em vigor no sábado (12).
"Levando em consideração que neste nível de tarifas os produtos americanos exportados para a China já não têm mais nenhuma chance de serem aceitos no mercado, se Washington continuar aumentando suas tarifas, a China vai ignorar", acrescenta a nota.
A incerteza gerada pelas políticas de Donald Trump continua pressionando o dólar, que nesta sexta-feira atingiu a menor cotação em mais de três anos em relação ao euro.
As Bolsas europeias operavam com tendências mistas após o anúncio de Pequim. Às 10h45 GMT (7h45 de Brasília), Paris avançava 0,05%, Londres 0,7% e Madri 0,61%, enquanto Frankfurt perdia 0,75% e Milão recuava 0,38%.
Por sua vez, em Tóquio o índice Nikkei encerrou a semana com uma queda de 2,95%.
Retaliações a Donald Trump
Donald Trump anunciou na quarta-feira uma pausa de 90 dias nas tarifas que havia acabado de anunciar contra 60 parceiros comerciais, uma isenção que exclui a China.
Washington, no entanto, mantém tarifas mínimas de 10% e sobretaxas alfandegárias de 25% sobre o aço, o alumínio e os automóveis.
No caso da China, as tarifas sobre as importações dos produtos do país asiático alcançam 145%.
O presidente chinês, Xi Jinping, fez um apelo à União Europeia (UE) por uma resistência conjunta à "intimidação". Em uma reunião em Pequim com o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, o chefe de Estado da segunda maior economia mundial destacou a necessidade de cooperação entre as potências diante da guerra comercial iniciada por Trump.
"China e UE devem assumir suas responsabilidades internacionais, proteger juntas a globalização econômica (...) e resistir juntas a qualquer assédio unilateral", afirmou Xi.
Em uma entrevista coletiva posterior, Sánchez, partidário da aproximação entre UE e Pequim, declarou que as tensões comerciais entre as potências não devem interferir no desenvolvimento de sua cooperação.
"Tanto a Espanha como a Europa têm um importante déficit comercial com a China em que devemos trabalhar para sanar", afirmou o líder social-democrata.
"Mas não devemos permitir que as tensões comerciais interfiram no potencial crescimento de nossa relação, entre China e Espanha e entre China e a UE", acrescentou.