A passo da canonização
Para canonização a pessoa é reconhecida como Serva de Deus, um título dado ao fiel católico, cuja causa de santidade é iniciada após a sua morte

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PADRE BIU DE ARRUDA
Na Igreja Católica, para se reconhecer oficialmente que um fiel é merecedor das honras dos altares, segue-se um itinerário processual, obedecendo alguns requisitos básicos. Começa-se com a fase diocesana, quando é instaurado o processo pelo Bispo Diocesano, constituindo assim, uma comissão oficial. A partir daí, começam as oitivas, coletas de depoimento. Um trabalho bonito que fica sob a responsabilidade de um postulador que pode ser um leigo, uma religiosa ou um sacerdote, necessitando para tanto, conhecimento básico em Teologia, Direito Canônico e História. É a fase embrionária.
No passo a passo em direção à canonização, a pessoa é reconhecida como Serva de Deus. É um título dado ao fiel católico cuja causa de santidade é iniciada após a sua morte. É o pontapé inicial de um processo que pode durar muito tempo ou não. Depende de algumas circunstâncias, fatos supervenientes etc.; uma vez que a coleta de provas não é tão fácil assim. É um árduo labor e que precisa de dedicação quase integral. Depois dessa etapa, se torna Venerável, já que a Igreja reconhece virtudes no candidato aos altares, como heroísmo e qualidade de vida cristã. Afinal, ‘todos somos chamados à santidade’ (Mt 5,48).
Ultrapassada essa fase, a pessoa se torna Beata. Contudo, para que a beatificação possa acontecer, é necessário que haja a comprovação de um milagre, por intercessão daquele candidato aos altares. Sendo provada a ação miraculosa por perícia científica independente, a Igreja não só aprova o sinal de santidade, como os fiéis de uma determinada região, podem recorrer à intercessão daquele beato. É sempre uma alegria para a Igreja beatificar um candidato aos altares. Em síntese, a beatificação é o passo intermediário para a canonização, onde a Igreja Católica reconhece a santidade de um venerável de Deus e permite o culto público em sua honra.
Depois de passar pela fase de Servo de Deus, Venerável e Beato, a Igreja, com a comprovação de um segundo milagre, canoniza. A canonização é um ato oficial e solene, por meio do qual o Papa decreta e define que um beato é santo, inscrevendo-o no catálogo dos santos. A partir desse ato solene, é estabelecido pela Igreja que lhe pode ser tributado culto em todo orbe.
Não esqueçamos que para chegar a esse ponto, houve um longo itinerário percorrido, com valoroso trabalho de um postulador. Já em relação à canonização pelo martírio, pode ser dispensado tudo isso, uma vez que o “martírio é o supremo testemunho prestado à verdade da fé; designa um testemunho que vai até a morte. O mártir dá testemunho de Cristo, morto e ressuscitado, ao qual está unido pela caridade” (Catecismo da Igreja Católica, n. 2473).
Aqui, bem próximo a nós, temos dois candidatos à beatificação. E isso é muito significativo para a Igreja Particular de Olinda e Recife. São candidatos aos altares: Dom Vital e Dom Hélder. O processo de canonização de Dom Vital teve início no governo de Dom Antônio de Almeida Morais Júnior, sem lograr êxito; no entanto, por iniciativa de Dom José Cardoso Sobrinho foi reaberto o processo de beatificação de Dom Vital. Inclusive, há pessoas que defendem que ele foi martirizado. Uma coisa é certa: foi um grande defensor da fé católica, por isso é merecedor dos altares.
Outro Servo de Deus que conviveu conosco foi Dom Hélder Câmara. A abertura do seu processo de beatificação foi de iniciativa de Dom Antônio Fernando Saburido. Há portanto, na nossa Arquidiocese, esses dois homens que testemunharam o amor de Deus.
Cada um no seu tempo e com as circunstâncias da época. E agora, toda a Igreja reza, sem qualquer disputa partidária, para que Dom Vital e Dom Hélder sejam merecedores de receber as honras dos altares. Nós iremos ver isso? Só Deus é quem sabe. Só sabemos que foram homens de fé que procuraram, consoante a limitação humana, viver e testemunhar o Reino de Deus no meio da comunidade; sem esquecer que, para o povo de Deus, Dom Hélder e Dom Vital já são santos.
Padre Biu de Arruda é pároco da Paróquia de Santa Luzia na Estância- Arquidiocese de Olinda e Recife