Religião | Notícia

Pentecostes é festa da unidade

Todo batizado é templo, morada, casa do Espírito Santo de Deus e cada cristão é convidado a fazer do seu lar um novo cenáculo de oração

Por JC Publicado em 29/06/2025 às 0:00

PADRE BIU DE ARRUDA

Na Igreja Católica, a festa de Pentecostes é bastante importante, uma vez que marca o término de um círculo litúrgico. Depois de cinquenta dias, caminhando com o Ressuscitado, a comunidade está preparada para receber a efusão do Espírito Santo e sair em missão. Celebrar essa festa é ter a certeza de que o Cristo voltou para o seio da Santíssima Trindade e nos enviou o Espírito Santo Consolador. Foi justamente isso que houve com os apóstolos, quando estavam reunidos e o texto bíblico é cristalino tão quanto a luz solar: “de repente veio do céu um barulho como o sopro de um forte vendaval e encheu a casa onde eles se encontravam ... todos ficaram repletos do Espírito Santo” (At 2).


A maravilha de Deus aconteceu e acontece, quando a pessoa se deixa mover pela ação pneumatológica. Para tanto, basta ver o fato maravilhoso no bojo do Cristianismo, na primeira comunidade orante que São Lucas relata no seu segundo livro; assim descreve: “todos eles tinham os mesmos sentimentos e eram assíduos na oração, junto com algumas mulheres, entre as quais Maria, a mãe de Jesus” (At 1). É um evento bíblico significativo para a Igreja nascente. Primeiro sinal de que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo. E no cenáculo, os apóstolos receberam a força do Espírito Santo e foram enviados em missão.


O que aconteceu, naquele cenáculo, foi uma efusão de graças sui generis, dando início a uma nova etapa para a Igreja. A partir do derramamento do Espírito Santo sobre os apóstolos e Maria, a mãe de Deus e nossa, foram robustecidos, preparados para anunciar a Boa Nova em todo o orbe. Eles foram inflamados, como bem simbolizam as línguas de fogo. A língua é sinal de comunicação e interlocução, contudo, no caso ora apresentado, eram de fogo, porque vinham aquecidas e cheias de luz. A maravilha de Deus foi tão grande na vida deles, que ao saírem dali, Pedro fez um eloquente sermão e “os que acolheram a palavra dele receberam o batismo. E nesse dia uniram-se a eles cerca de três mil pessoas” (At 2, 41). Um verdadeiro milagre. Demonstração inequívoca de que Deus usa as pessoas de reto coração para fazer a obrar acontecer.


Com a pregação apostólica depois de Pentecostes, os milagres aconteciam sobejamente. Para tanto, basta ler os Atos dos Apóstolos, conhecido como o Evangelho do Espírito Santo, para perceber as maravilhas de Deus. E isso acontecia porque os “apóstolos falavam conforme o Espírito Santo os inspirava e não conforme as suas ideias” (Santo Antônio).


Celebrar a festa de Pentecostes é ter a certeza de que somos guiados pela ação pneumatológica. Afinal, todo batizado é templo, morada, casa do Espírito Santo de Deus. Por essa razão, cada cristão é convidado a fazer do seu lar um novo cenáculo de oração. E na nossa arquidiocese de Olinda e Recife, aconteceu um verdadeiro cenáculo, um novo Pentecostes. Uma abundância de fiéis cristãos católicos “invadiu” o Geraldão para celebrar com os sucessores dos apóstolos, isto é, os bispos, a festa de Pentecostes.


Tudo preparado com muito gosto. Liturgia com a dignidade merecida para o momento. Diante daquela multidão, adentra o cortejo litúrgico. Um bom número de sacerdotes, demonstrando a unidade em torno do nosso pastor, dom Paulo Jackson, com os seus bispos auxiliares. Todos juntos, manifestando que a Igreja é conduzida pelo Espírito Santo, com uma diversidade de carismas. Por isso, não há dúvida de que todos que lá estavam, estavam com o desejo de viver um novo avivamento na sua vida.


Portanto, caríssimo/a leitor/a, a humanidade tem necessidade vital da efusão do Divino Espírito Santo, uma vez que existe um desejo ardente pela felicidade no interior de cada ser humano. Por isso, há uma busca constante que sacia o interior humano que tão bem foi retratado no poema de Santo Agostinho: “tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova”. Logo, nada melhor do que antes de qualquer ação nossa, pedir que o Espírito Santo nos oriente. Contudo, para que isso aconteça, é necessária uma abertura sincera à ação pneumatológica. Não esqueça! Celebrar Pentecostes, é celebrar a festa da unidade.

Pe. Biu de Arruda é da Arquidiocese de Olinda e Recife – AOR e pároco na Paróquia de Santa Luzia.

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