AMAI-VOS

VALTEMIR RAMOS GUIMARÃES

O tema aqui apresentado tem uma ligação íntima e total com o grande e profundo ensino de Jesus no tão conhecido Sermão do Monte.

Pode-se ver nas passagens do Santo Evangelho de Mateus, como segue: “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam, e orai pelos que vos maltratam e vos perseguem; para que sejais filhos do vosso Pai que está nos céus” (Mt 5:43-44).

“Amai-vos uns aos outros”, no grego bíblico é “agapate allélous”, onde o verbo “amai” está na forma imperativa. É neste Sermão, em especial, que encontramos esse enigmático ensino de Jesus, o Mestre da Galileia. Rohden (2000), falando a respeito, diz “O sermão da Montanha representa o mais violento contraste entre os padrões do homem profano e o ideal do homem iniciado”. Realmente é bem intrigante a praticidade desse ensino. Continuando ele diz: “Para compreender tão excelsa sabedoria deve o homem ultrapassar os ditames do seu intelecto analítico e abrir a alma para uma experiência intuitiva. O homem profano acha absurdo amar os que nos odeiam, fazer bem aos nossos malfeitores, ceder a túnica à quem nos roubou a capa, sofrer mais uma injustiça em vez de revidar a que já recebeu — e da perspectiva do homem mental tem ele razão. Mas a mensagem do Mestre é um convite para o homem se transmentalizar e entrar numa nova dimensão de consciência, inédita e inaudita, paradoxalmente grandiosa” (ibidem).

Falar de amar ao próximo é enfrentar uma grande batalha interior, pois é preciso renunciar certos posicionamentos que temos como certos ou inequívocos. Quando falamos de amor como nos é apresentado pelo Mestre, não devemos esquecer que se trata do “amor agápe”, um amor sacrificial.
Diante de tantas guerras, violências, corrupções, maldades sem limites que sobreassaltam a comunidade global, ora contra as crianças, a juventude, enfim, a todos indistitamente, causando grande dor e tristeza. Precisamos recorrer a essa consciência do amor em nossas vidas. Este amor que cura, restaura, dignifica e liberta.

Conforme o texto sagrado acima, ensinado pelo Mestre, o amor ao próximo, significa:
1)O amor aos inimigos - Mesmo alguns usando o texto da Lei ou Torah, como em Levítico, que diz: “Não te vingarás nem guardarás ira contra os filhos do teu povo; mas amarás o teu próximo como a ti mesmo. Eu sou o Senhor” (Lv 19:18), não vemos nele o ensino de “odiar os inimigos”, mas sim, de “amar o próximo”. Assim, podemos dizer que Jesus não citou o Velho Testamento ou a Lei, mas, sim, os ensinos dos fariseus, que faziam suas próprias interpretações. Lembremos que no texto, Jesus disse “ouvistes que foi dito”, certamente, uma referência ali a uma tradição. De forma que não temos no Velho Testamento, jamais o ensino de odiarmos o próximo. 2)O amor ao próximo - torna-se amor aos pecadores (Lc 7:36-36). É amar até aos que vemos como pecadores.

Sim, amar na perspectiva de Jesus, é renunciar ao status; humilhar-se, buscar a paz do outro. Jesus nesses ensinos busca em Deus, o Pai, o exemplo e amor por todos, quando faz o sol surgir, e a chuva cair para o bem dos homens, sem acepção. No latim “talis pater, talis filius”, ou seja, “tal pai, tal filho”. Sobre isso, Jesus diz: “Sede perfeitos como o Pai celeste é perfeito” (Mt 5:48).

Jesus foi profundamente respeitoso com todas as pessoas e grupos que os próprios dirigentes e autoridades da religião excluíam e desprezavam. Jesus mostrou seu amor para com as mulheres, os estrangeiros, imigrantes, os excluídos, os publicanos, pecadores, prostitutas, samaritanos, endemoniados, etc. Finalizamos dizendo: precismos deste amor ensinado e vivencado pelo Mestre da Galileia, a fim de sermos seus seguidores fiéis e curar as vidas. Amai-vos!

Autor: Pastor Valtemir Ramos Guimarães é pastor da IPAD – Igreja Pentecostal Assembleia de Deus – Cabo-PE. Graduado: Física (UFRPE),mestre e doutor em
Ciências da Religião. (81) 99948-1289 - Valtemir1@outlook.com