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Presidente do BRB afastado volta ao Brasil e diz colaborar com investigações sobre o Master

Executivo foi afastado do cargo pela Justiça no âmbito da Operação Compliance Zero, que levou o presidente do Master, Daniel Vorcaro, à prisão

Por Estadão Conteúdo Publicado em 21/11/2025 às 20:28

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Ex-presidente do Banco de Brasília (BRB), Paulo Henrique Costa informou nesta sexta-feira, 21, que retornou ao Brasil da viagem que havia feito aos Estados Unidos e prometeu colaborar com as investigações sobre a tentativa de compra do Banco Master.

Costa foi afastado do cargo pela Justiça no âmbito da Operação Compliance Zero, que levou o presidente do Master, Daniel Vorcaro, à prisão na terça-feira, 18.

Em nota, Costa disse reconhecer a importância das apurações e garantiu ter sempre atuado nos melhores interesses do BRB, "seguindo os padrões do mercado".

Ele acrescentou que fornecerá informações e esclarecimentos necessários para a elucidação dos fatos, mas que não vai comentar os detalhes do processo. "Confio que a apuração trará os devidos esclarecimentos à sociedade", ressaltou.

Inicialmente, o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha, indicou Celso Eloi para substituir Costa, mas depois voltou atrás e nomeou o ex-presidente da Caixa Nelson Antônio de Souza.

Dois empresários são soltos

Dois empresários investigados pela Polícia Federal (PF) por suposto envolvimento nas fraudes do Banco Master foram soltos na noite de quinta-feira, 20. André Felipe de Oliveira Seixas Maia e Henrique Souza Silva Peretto deixaram a sede da PF em São Paulo após três dias detidos. Segundo a PF, os dois constam como donos de empresas que teriam sido usadas nas fraudes do banco.

Eles estavam presos temporariamente por determinação da Justiça Federal, devido às investigações da Operação Compliance Zero. O prazo da prisão venceu e não foi renovado. Os outros cinco presos na operação, que englobam o dono do Master, Daniel Vorcaro, são executivos do banco e continuam detidos porque, no caso deles, as prisões são preventivas - ou seja, não têm prazo para terminar.

Ao decretar as prisões no âmbito da Operação Compliance Zero, o juiz Ricardo Augusto Soares Leite, da 10ª Vara Federal Criminal no Distrito Federal, apontou que André Felipe tem "vínculos funcionais e societários que o colocam no centro das operações fraudulentas investigadas".

André Felipe é dono da Tirreno Consultoria Promotoria de Crédito e Participações e sócio da fintech Cartos. A Polícia Federal afirma que a empresa foi constituída em um processo "marcado por indícios de simulação, antedatamento e manipulação documental destinados a ludibriar a fiscalização" do Banco Central.

Segundo as investigações, a solução encontrada pelo Master para resolver sua insolvência foi adquirir créditos de terceiros para repassá-los a parceiros comerciais. O Ministério Público Federal (MPF) alega que o Master comprou carteiras de crédito da Tirreno sem realizar qualquer pagamento, por ausência de comprovação de existência dos créditos adquiridos, e logo em seguida revendeu os mesmos créditos ao BRB, com pagamento imediato.

Já Henrique Peretto aparece como responsável, no papel, pela integralização do capital social da Tirreno, que saltou de R$ 100 para R$ 30 milhões. O incremento foi considerado suspeito. A PF acredita que houve uma manobra societária para conferir aparência de capacidade econômica à empresa. Ele também seria CEO da Cartos.

"Há diversos vínculos societários entre Henrique Peretto e André Felipe de Oliveira Seixas Maia - este último diretor da Tirreno e ex-funcionário do Banco Master -, indicando atuação coordenada no âmbito das empresas envolvidas", diz um trecho da decisão do juiz Ricardo Leite.

Peretto tem formação em engenharia de produção e MBA em finanças Ele abriu a fintech Cartos há mais de 15 anos. Antes, a experiência profissional dele foi em bancos como Santander e Bradesco.

Em nota, a Cartos diz que permanece à disposição das autoridades, colaborando e prestando os esclarecimentos necessários. A empresa afirma que não mantém "qualquer operação com o Banco Master".

"Embora a Cartos conste entre as instituições mencionadas no procedimento, é importante esclarecer que a empresa não é alvo da investigação, tampouco há qualquer imputação de irregularidade e reafirma seu compromisso com a transparência, a conformidade regulatória e a atuação ética e responsável em todas as suas atividades".

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