Selic a 15% e Inflação em queda: como ficam seus investimentos
Com o mercado já precificando cortes futuros da Selic, os títulos públicos prefixados continuam sendo vistos como ótimas oportunidades
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A persistência da taxa básica de juros (Selic) em 15% ao ano, combinada com a queda nas expectativas de inflação, está redefinindo as oportunidades na renda fixa e exigindo uma reavaliação nas estratégias dos investidores. Com a manutenção da Selic pelo Copom, o mercado reforça a aposta de que o ciclo de cortes só deve começar a se materializar a partir de 2026.
De acordo com o Boletim Focus do Banco Central, a Selic é projetada para atingir 12,25% no próximo ano. Para Diogo Almeida, economista-chefe da Pequod Investimentos, este é o momento crucial para ajustar o horizonte de investimento. Ele recomenda que, "com a Selic estável e a inflação em queda, o investidor deve começar a alongar os prazos em papéis com componentes prefixados, para travar juros atrativos por períodos maiores”.
Estratégia de Duration
Almeida sugere uma estratégia de alocação baseada no prazo de exposição. Para um horizonte de dois a três anos, os papéis puramente prefixados são vistos como uma boa fonte de retorno. Já para prazos mais longos, a indicação é optar por emissões pós-fixadas atreladas à inflação, os títulos IPCA+.
O economista-chefe enfatiza a necessidade de equilibrar o portfólio, ponderando a duração dos títulos e a percepção de risco fiscal do país. Ele ensina que é recomendado manter "prefixados com duration mais curto e, para prazos maiores, IPCA+, já que o cenário fiscal brasileiro ainda adiciona riscos inflacionários no longo prazo”.
O cenário de juros atrativos impulsionou o segmento, com dados da Anbima mostrando que a renda fixa respondeu por quase metade do volume administrado pelos gestores de patrimônio no primeiro semestre de 2025, avançando 9,4%.
Risco e rentabilidade
Apesar do ambiente de juros altos ser atraente, Almeida ressalta que a marcação a mercado pode gerar flutuações nos preços dos papéis. Por isso, o perfil de risco é fundamental. “Qualquer emissão com taxa prefixada, seja prefixada pura ou IPCA+, apresenta oscilações conforme a curva de juros. Investidores mais conservadores devem carregar uma parcela maior do portfólio em pós-fixado”, orienta.
Com o mercado já precificando cortes futuros da Selic, os títulos públicos prefixados continuam sendo vistos como ótimas oportunidades de médio prazo para capturar ganhos de preço, mas devem ter participação limitada na carteira por não oferecerem proteção contra surpresas inflacionárias.
Apesar da atratividade da renda fixa, a recomendação final de Diogo Almeida é manter a diversificação. Com a inflação projetada em 4,2% para 2026 e juros reais ainda elevados, o Brasil continua oferecendo um diferencial competitivo. “Ainda é um bom momento para ancorar a carteira na renda fixa, aproveitando taxas historicamente altas e a tendência de normalização da economia”, conclui.