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Fiepe e 'Nordeste Forte' discutem alternativas contra tarifa de Trump e reforçam apoio a Danilo Cabral no comando da Sudene

Na pauta do encontro, estava o impacto do aumento de tarifas e do consequente tensionamento das relações comerciais junto aos Estados Unidos

Por JC Publicado em 04/08/2025 às 20:10 | Atualizado em 04/08/2025 às 20:23

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A Sudene, a Associação Nordeste Forte e a Federação das Indústrias do Estado de Pernambuco (Fiepe) realizaram um encontro na capital pernambucana, nesta segunda (4), para pautar o fortalecimento da indústria nordestina frente aos efeitos das novas tarifas nas relações comerciais entre Brasil e Estados Unidos e do processo de territorialização da nova política industrial brasileira.

Na pauta, o impacto do aumento de tarifas e do consequente tensionamento das relações comerciais junto aos Estados Unidos sobre as cadeias produtivas da região, além da defesa pela permanência de Danilo Cabral à frente da Sudene.

Os gestores propuseram alternativas como o fortalecimento do mercado interno e a oferta de crédito facilitado, de forma a proteger os empreendedores nordestinos e garantir a continuidade das atividades industriais.

“A palavra é diálogo. E ele deve ser permanente. Temos que continuar conversando, não apenas com os Estados Unidos, mas também com outros mercados, para que o Brasil e o Nordeste não fiquem reféns de uma única rota comercial majoritária”, destacou o superintendente Danilo Cabral. O gestor também disse que a autarquia dispõe de instrumentos disponíveis para apoiar o setor produtivo neste momento. “O Estado brasileiro dispõe de um poder de compra significativo que pode ajudar neste momento, priorizando o abastecimento interno, por exemplo”, completou.

O presidente da Associação Nordeste Forte, que reúne todas as federações do setor industrial da região, Cassiano Pereira, reforçou a necessidade de articulação entre os estados e a União. “O movimento Nordeste Forte quer virar essa chave para diminuir a desigualdade industrial e encontrar soluções diante deste cenário”.

Já Bruno Veloso, presidente da Federação das Indústrias de Pernambuco, endossou o posicionamento em favor do diálogo e da construção coletiva de soluções. “O momento exige diálogo para acelerar a construção de soluções viáveis”, comentou.

Nesta terça-feira (5), governadores do Nordeste, inclusive Raquel Lyra, de Pernambuco, estarão em Brasília para reunião sobre medidas viáveis contra o tarifaço, com o vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. 

MEDIDAS BUSCADAS PARA PERNAMBUCO

"A primeira pauta, que a gente tá perdendo muito tempo, seria uma prorrogação do prazo, para termos mais tempo de dialogar. Segunda pauta é que não deve ser aplicado reciprocidade sobre os produtos  americanos no Brasil. Isso vai só impactar e criar mais problemas. Só para você entender um pouco, os principais produtos que Pernambuco importa dos Estados Unidos são gás de cozinha, óleo diesel e peças automotivas. Se a gente aplicar uma receita proposta de 50%, os produtos aqui vão ficar 50% mais caros", adiantou o presidente da Fiepe. 

Uma terceira reivindicação, segundo ele, seria um ajuda, através de empréstimos para as indústrias que estão sendo impactadas. "Não chegamos em percentual de juros, nem linhas de crédito. A gente precisa perder a guerra para formatar essa segunda batalha", reforçou. A Fiepe entregou à Cônsul dos EUA em Pernambuco uma pauta de reivindicações e impacto econômico da medida norte-americana. 

DANILO CABRAL NA SUDENE

Outra questão debatida no encontro foi a permanência do pernambucano Danilo Cabral à frente da Sudene. Na última semana foi revelada uma pressão do governo do Ceará para que Danilo deixasse a superintendência, em função da sua articulação pelo desenvolvimento da ferrovia Transnordestina para além do traçado do estado do Ceará. 

O entendimento é de que a Sudene está com uma boa visibilidade. "Quem está à frente é Danilo Cabral, a Sudene hoje pode ter certeza que onde chegar é bem aceita. O distanciamento que a Sudene tinha era muito grande. Hoje em dia, chegou junto, está em diálogo permanente, embora o quadro da Sudene tenha diminuído. Dou total apoio ao trabalho que ele (Danilo) vem desenvolvendo", declarou Cassiano Pereira. 

"Houve um apoio muito forte de toda a parte empresarial, político e institucional, diante das ações que a Sudene tem feito. Começou um protagonismo que a Sudene sempre mereceu, devido ao trabalho do superintendente. Ao mesmo tempo, não podemos punir a pessoa responsável, que está cuidando da coisa pública", defendeu o presidente da Fiepe. 

Danilo Cabral disse apenas estar "muito tranquilo" em relação ao futuro da Sudene e ter "serenidade" para continuar o trabalho em busca do desenvolvimento econômico regional. 

"Estou muito tranquilo, com essa mobilização não só das lideranças políticas, das lideranças empresariais, daqueles que estão na universidade, movimento sociais e sociedade civil organizada, servidores e servidores da Sudene, a imprensa, enfim, pessoas de Pernambuco e de outros estados que manifestaram um gesto de apoio. Então, isso nos gratifica. Mas com muita serenidade também, tá? Seguindo aqui com muita tranquilidade, sabendo que a gente está cumprindo a nossa pauta, tanto é que a gente veio aqui a trabalho. Não estamos paralisando as nossas atividades", garantiu Danilo Cabral.

 


 

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