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Brasil fará consulta à OMC sobre tarifas, diz Alckmin

A medida, contudo, tende a ter caráter simbólico, dado que o órgão de apelação da OMC está inativo pela falta de indicação do membro americano

Por Estadão Conteúdo Publicado em 04/08/2025 às 21:18

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O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, confirmou nesta segunda-feira (4) que o Brasil fará consulta na Organização Mundial do Comércio (OMC) em reação ao tarifaço imposto pelos EUA a produtos brasileiros. "O presidente Lula agora vai decidir quando e como fazê-lo."

O prazo para votação eletrônica dos membros do Conselho Estratégico da Camex (CEC/Camex) da proposta para autorizar o Ministério das Relações Exteriores a acionar a OMC terminou nessa segunda, às 14h. A votação foi aberta na última sexta-feira, e revelada com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

A medida, contudo, tende a ter caráter simbólico, dado que o órgão de apelação da OMC está inativo pela falta de indicação do membro americano.

HADDAD VÊ NEGOCIAÇÃO COM MINERAIS CRÍTICOS

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, por sua vez, afirmou que vê possibilidade de que sejam firmados acordos de cooperação com os Estados Unidos envolvendo os chamados minerais críticos e terras raras do Brasil. Os materiais são alvo de interesse dos americanos no momento em que o Brasil tenta reverter o tarifaço imposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump, a produtos brasileiros.

"Temos minerais críticos e terras raras. Os Estados Unidos não são ricos nesses minerais; podemos fazer acordos de cooperação para produzir baterias mais eficientes", disse o ministro, em entrevista à BandNews, ao ser questionado sobre pontos que podem ser levados à mesa de negociação.

Em junho, a China conseguiu um recuo das tarifas de Trump após suspender a exportação desse tipo de material, após o republicano ter determinado taxas de até 145% dois meses antes. Em um acordo costurado em Genebra, na Suíça, Pequim prometeu retomar as remessas assim que as tarifas fossem suspensas, com a retomada das negociações.

Minerais críticos são aqueles considerados essenciais para setores estratégicos, como tecnologia, defesa e transição energética. Incluem elementos como lítio, cobalto, níquel e terras raras, fundamentais para baterias de veículos elétricos, turbinas eólicas, painéis solares e semicondutores.

Em 24 de julho, o encarregado de negócios da Embaixada dos EUA no Brasil, Gabriel Escobar, manifestou interesse americano nos minerais críticos e estratégicos do País, segundo membros do Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) que se reuniram com o representante dos EUA.

À época, questionado sobre possíveis negociações com os EUA envolvendo minerais críticos brasileiros, o vice-presidente Geraldo Alckmin afirmou que a pauta de mineração era "muito longa" e poderia "ser explorada e avançada". Ele evitou, porém, cravar qualquer cenário de negociação sobre o tema.

"Trata-se de outro setor que exporta para os Estados Unidos apenas 3%, mas importa em máquinas e equipamentos mais de 20%, o que mostra, de novo, enorme superávit na balança comercial (do lado dos EUA)", disse Alckmin.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, porém, tem se posicionado de forma divergente. Também no dia 24 de julho, ele afirmou durante evento oficial em Minas Novas (MG) que o País tem de "proteger" seus recursos. "Temos todos os minerais ricos para proteger. E aqui ninguém põe a mão", disse. Como mostrou o Estadão, o governo discute uma política nacional voltada à atração de investimentos em minerais críticos antes da COP-30, em Belém.

 

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