Ex-vice-presidente dos EUA critica tarifaço de Trump contra o Brasil e diz que o país tem 'o poder de defender a humanidade'
Em plenária da Expert XP 2025, Al Gore reforçou a importância de investir em energia sustentável na luta para diminuir a poluição no meio ambiente

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Com a realização da COP30 marcada para acontecer em Belém, no Pará, entre os dias 10 e 21 de novembro, o Brasil se tornou o centro das discussões no mundo a respeito das mudanças climáticas, preservação da Amazônia, além do investimento em combustíveis sustentáveis e menos poluentes ao meio ambiente.
Durante sua participação na plenária da Expert XP 2025, o ex-vice-presidente dos Estados Unidos e vencedor do Prêmio Nobel da Paz, Al Gore, enfatizou a importância da construção de um futuro moldado em investimentos sustentáveis, e criticou a taxação de Donald Trump contra o Brasil, já que o país tem um papel fundamental nessa transformação mundial.
"Tivemos recentemente um tarifaço louco contra o Brasil. Existe muita irracionalidade nesse processo (na taxação imposta por Trump), mas acredito que isso não vai durar muito. O Brasil tem o poder de defender a humanidade, pois tem todas as fontes de energia sustentáveis. Então, temos de investir e passar essa matriz de fonte renovável para o mundo. Espero que a COP30 foque na discussão de como reduzir a queima de combustíveis fósseis. O Brasil tem um modelo de gestão rico em fontes renováveis e de combustíveis sustentáveis. E, com isso, temos condições de confrontar o poder político das indústrias de combustíveis fósseis, na luta para diminuir a poluição no meio ambiente", pontuou Al Gore, que foi vice-presidente dos Estados Unidos entre os anos de 1993 a 2001, durante o governo de Bill Clinton.
Atualmente, Al Gore é sócio-fundador e chairman da Generation Investment Management, gestora global com foco em investimentos sustentáveis e atuação nos mercados europeu e norte-americano. "O mundo está se transformando e mirando nessa mudança sustentável. A era dos combustíveis fósseis vai acabar. Temos uma energia limpa e que não é poluente ao meio ambiente. Além disso, 90% das fontes renováveis são mais baratas que àquelas que não são. A energia solar, por exemplo, é um exemplo. Os carros elétricos, até pouco tempo, muitos diziam que não vingariam. Vejam o cenário atual: aqui em São Paulo e no Rio de Janeiro, os veículos de transporte público são elétricos. Isso deixou de ser futuro e já se tornou presente. Na China, em cinco anos no máximo, todos os veículos serão elétricos. Então, temos de fazer parte dessa solução sustentável", destacou Al Gore.
"Pessoas de baixa renda estão colocando painéis de energia solar em suas casas. É o que chamamos de uma transição justa, pois é acessível a todos e que vem acontecendo com naturalidade. O Brasil mesmo tem esse potencial em energia solar, eólica, toda riqueza em abundância da floresta amazônica... Ou seja, é uma grande nação nessa luta pelo desenvolvimento das energias sustentáveis", finalizou o ex-vice-presidente dos Estados Unidos.
'Vale do Silício da biotecnologia' na Amazônia
O governador do estado do Pará, Helder Barbalho, acredita que a COP30 pode deixar um legado importante para o Brasil: o Vale do Silício da biotecnologia. "Nós estaremos entregando o parque de biotecnologia da Amazônia como legado da COP30. Assim como tem o Vale do Silício nos Estados Unidos, porque não ter o nosso Vale do Silício da Biotecnologia? Algo que representará soluções baseadas na natureza e que possam com agregação de conhecimento e com agregação de valor, transformar a nossa biodiversidade. E com tecnologia nós possamos nos posicionar nesta transformação de vocação econômica, olhando a sustentabilidade com uma agenda que cada vez mais estará posicionada na agenda global", explicou o governador do Pará.
Antes mesmo do início da COP30, o debate para o desenvolvimento sustentável já vem ocorrendo, a fim de apresentar uma agenda propositiva durante a reunião mundial. "Estamos dialogando com diversas universidades mundiais que têm na estratégia da sustentabilidade e posicionamentos importantes para que nós possamos ter um grande hub de biotecnologia a partir da Amazônia, a partir de Belém. A ideia é buscar essa convergência de pensamento no sentido de impulsionar e posicionar esta estratégia.
* O repórter viajou a convite da Expert XP 2025