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Brasil segue na lanterna de ranking que avalia retorno de impostos à sociedade

Os dados são considerados ainda mais alarmantes pelo fato de que os brasileiros recebem menos benefícios do que alguns países vizinhos

Por Lucas Moraes Publicado em 19/07/2025 às 8:48 | Atualizado em 19/07/2025 às 8:59

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Apesar de uma arrecadação tributária cada vez maior, o Brasil se mantém, pelo 14º ano consecutivo, na última posição de um ranking que mede o retorno dos impostos para a população. A 14ª edição do Índice de Retorno ao Bem-Estar da Sociedade (IRBES), elaborado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT), avaliou os 30 países com as maiores cargas tributárias e constatou que o Brasil (30º) oferece o pior retorno em bem-estar social.

Os dados são considerados ainda mais alarmantes pelo fato de que os brasileiros recebem menos benefícios do que países vizinhos, como a Argentina (11º) e o Uruguai (14º), além de nações com cargas tributárias mais baixas, como o Chile.

"É notável e alarmante como países menores que o Brasil têm maior relevância no retorno dos impostos à sociedade do que nós, que possuímos maior arrecadação", destaca o presidente-executivo do IBPT, João Eloi Olenike.

A análise do IBPT mostra que o Brasil tem uma alta carga tributária, "digna de países desenvolvidos como Reino Unido, França e Alemanha", mas um Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) que reflete um desenvolvimento "muito precário".

Os extremos do ranking

Enquanto o Brasil ocupa a última posição, outros países demonstram como uma gestão fiscal eficiente pode impactar positivamente o bem-estar social.

Piores classificações: A lista de países com os piores resultados inclui nações com alta carga tributária, como a Itália (29º), a Áustria (28º), Luxemburgo (27º) e a Bélgica (26º).

Melhores classificações

A liderança do ranking pertence à Irlanda (1º), pelo sétimo ano consecutivo, com 169,65 pontos, seguida de perto pela Suíça (2º), com 165,11 pontos. A lista de destaque inclui ainda os Estados Unidos (3º), a Austrália (4º) e, pela primeira vez, Israel (5º), que subiu 5 posições.

REPRODUÇÃO
RANKING IBPT RETORNO DOS IMPOSTOS À SOCIEDADE - REPRODUÇÃO

O avanço de Israel, de acordo com o IBPT, foi impulsionado pela queda de sua carga tributária de 32,90% em 2022 para 29,70% em 2023, combinada a um salto significativo no IDH, que passou de 0,915 para 0,927 no mesmo período.

O estudo aponta que, para o Brasil, a melhora na posição do ranking só virá com "cortes em gastos desnecessários, combate à corrupção e mais recursos destinados a áreas essenciais" como educação, saúde, habitação e saneamento.

O autor do estudo ainda ressalta a importância de a Irlanda manter a liderança. “Apesar de continuar em primeiro lugar, em 2023 houve aumento na carga tributária, o que reduziu o IRBES. Ainda assim, o valor foi suficiente para manter a liderança. Com 169,65 pontos, os irlandeses viram a Suíça se aproximar com 165,11. Quem sabe, nas próximas edições, teremos mudanças nesse cenário”, afirma Olenike.

A tendência para os próximos anos, segundo Olenike, é a manutenção do cenário atual, com eventuais alterações pontuais, como a observada com Israel. “Quanto ao Brasil, enquanto não tivermos cortes em gastos desnecessários, combate à corrupção e mais recursos destinados a áreas essenciais, dificilmente melhoraremos nossa posição. Só com menos desvios e mais investimentos em setores como educação, saúde, habitação, saneamento, pesquisa e segurança, poderemos corrigir essa rota”, conclui.

Metodologia

O ranking é determinado pela ordem decrescente do valor calculado referente ao IRBES de cada país. Quanto maior o valor deste índice, melhor é o retorno da arrecadação dos tributos para a população.

O IRBES é decorrente da somatória do valor numérico relativo à carga tributária do país, com uma ponderação de 15%, com o valor do IDH, que recebeu uma ponderação de 85%, por entendermos que o IDH elevado, independentemente da carga tributária do país, é muito mais representativo e significante do que o percentual da carga tributária, independentemente do IDH. Assim sendo, entendemos que o IDH, necessariamente, deve ter um peso bem maior para a composição do índice.

 



 

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