Pernambuco acelera na rota da energia limpa e se consolida como hub de hidrogênio verde

O futuro sustentável já começou, e Pernambuco está se posicionando como protagonista nacional e internacional na transição energética e no desenvolvimento de soluções para o combate às mudanças climáticas. Esse foi o tom dos debates no Pernambuco Carbon Summit, realizado nos dias 27 e 28 de maio, no Recife.

O evento, promovido pelo Instituto Água Sustentável, reuniu especialistas, empresários, pesquisadores e representantes do setor público, que discutiram estratégias para descarbonização, bioeconomia, desenvolvimento regenerativo e inovação sustentável. Pernambuco, com seu enorme potencial solar e eólico, já começa a se consolidar como um hub nacional e até internacional na produção e exportação de hidrogênio verde, combustível considerado essencial na nova economia global.

“O Carbon Summit é mais que um evento, é um chamado à ação. Pernambuco tem todas as condições de liderar essa transição, e não há mais espaço para esperar. Precisamos agir agora”, afirmou o organizador e idealizador do evento, Everton de Oliveira, diretor do Instituto Água Sustentável.

DESAFIOS DO NORDESTE

Durante um dos painéis, o presidente do Instituto IPERID, Gilberto Freyre Neto, trouxe uma reflexão sobre como a própria história social e econômica do Nordeste impacta até hoje os desafios do desenvolvimento sustentável.

“O Nordeste foi regido, por mais de 300 anos, por uma lógica de latifúndio, monocultura e escravidão. Tudo que somos hoje tem um reflexo gigantesco desse modelo. E para que possamos construir um desenvolvimento sustentável, precisamos derrubar essas estruturas que ainda existem, muitas vezes de forma velada. O desafio do nosso tempo é criar um ambiente muito mais favorável de convivência, de colaboração, dentro da sociedade e da sociedade com o meio ambiente”, destacou Gilberto.

Ainda no painel “Ajustando contas com o futuro: Desenvolvimento Regenerativo”, a jornalista e consultora Jô Mazzarolo defendeu o papel indispensável da ciência no enfrentamento da crise climática.

“Defendi a participação das universidades na descarbonização. As inúmeras pesquisas podem contribuir muito para que empresas e estados trabalhem no sequestro de carbono”, reforçou Jô, destacando que o fortalecimento da conexão entre academia, setor produtivo e poder público é essencial para viabilizar soluções sustentáveis em larga escala.

ENERGIA LIMPA

O evento também jogou luz sobre o protagonismo energético de Pernambuco. O Estado já ultrapassou 1 GW de potência instalada em energia solar distribuída, com crescimento acelerado. O potencial técnico é de mais de 9,3 GW só na geração solar, além das áreas de vento constante, especialmente no Sertão, que fortalecem a geração eólica.

Outro ponto forte dos debates foi a discussão sobre a evolução do mercado de carbono, que avança com velocidade no Brasil. Além disso, surgem novas oportunidades no mercado de créditos de biodiversidade e até de créditos de água, colocando Pernambuco na vanguarda da bioeconomia e da economia regenerativa.