Naná Vasconcelos é tema do primeiro megamural em área tombada do Bairro do Recife
A obra, intitulada "Nanã de Naná", é assinada pelo artista Manoel Quitério e está instalada em uma fachada na Avenida Rio Branco
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O Bairro do Recife, onde por 15 anos o percussionista Naná Vasconcelos (1944-2016) abriu o Carnaval do Recife com o tradicional encontro das nações de maracatu, ganhou um mural em homenagem ao músico, que completaria 81 anos em 2025.
A obra, intitulada "Nanã de Naná", é assinada pelo artista Manoel Quitério e está instalada na fachada lateral do Edifício Aliança, na Avenida Rio Branco, esquina com a Rua da Guia.
Com cerca de 256 m², o painel é o primeiro megamural realizado em uma área cujo conjunto foi tombado pelo Iphan em 1998.
O encontro de maracatus promovido por Naná, a convite do então prefeito João Paulo (PT), que criou o Carnaval Multicultural, reunia 13 maracatus e mais de 600 batuqueiros, marcando uma das tradições mais emblemáticas da folia recifense.
Esse é segundo mural com o percussionista Juvenal de Holanda Vasconcelos. O primeiro, inaugurado em 2023, é intitulado "Naná Vasconcelos, Sinfonia e Batuques", de autoria da artista Micaela Almeida, e fica em 200m² da fachada do Edifício Guiomar, localizado no bairro da Boa Vista, em frente ao Parque 13 de Maio.
Mural celebra os ritmos, diz artista
                
            
                
            Manoel Quitério conquistou a 13ª posição no ranking dos projetos contemplados pelo edital de Megamurais, com o tema "Recife Cidade da Música"”, promovido pela Prefeitura do Recife.
O artista explica que o mural celebra os ritmos, a música e a cultura como uma forma de transcendência. "E Naná foi uma pessoa que sempre semeou essa semente, esse pensamento" afirmou.
Para Patrícia Vasconcelos, 57 anos, viúva do músico, a homenagem tem um significado especial. "É uma emoção muito grande, um marco histórico essa homenagem que está no centro da cidade, no lugar onde ele fazia o cortejo de maracatus. Vai ser muito bem acolhido pela cidade", disse.
		
Atualmente, parte significativa do acervo de Naná Vasconcelos — instrumentos, vestuário, fotografias e prêmios — está sob os cuidados de uma equipe no Museu de Artes Afro-Brasil Rolando Toro (Muafro), também localizado no Bairro do Recife.
Em entrevistas anteriores ao JC, Patrícia informou já ter mantido diálogos com a Prefeitura do Recife sobre a criação de um espaço cultural temático dedicado a Naná, no mesmo bairro. Até o momento, porém, não há nada concretizado.
Os recursos disponíveis para o projeto de conservação, coordenado por Patrícia Vasconcelos e Amaro Filho, seguem sendo limitados.
Apoio e execução do megamural
O projeto contou com o apoio de uma marca de tintas, que doou 24 latões e insumos essenciais para a execução da obra, além da colaboração de outras empresas.
A ação foi articulada junto ao Recentro, programa da Prefeitura do Recife voltado à requalificação e ativação da região central, e integra as atividades da CASACOR Pernambuco.