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'O Último Azul mostra que nunca é tarde para ressignificar a vida', diz Gabriel Mascaro

Premiado com o Urso de Prata, filme teve sua primeira exibição em Pernambuco durante as comemorações dos 110 anos do Cineteatro do Parque

Por Emannuel Bento Publicado em 23/08/2025 às 14:18

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Premiado com o Urso de Prata no Festival de Berlim, o filme "O Último Azul" teve sua primeira exibição em Pernambuco, terra do diretor Gabriel Mascaro, durante as comemorações dos 110 anos do Cineteatro do Parque, no Recife, nesta sexta-feira (22).

Além do cineasta, estiveram presentes a protagonista Denise Weinberg e a produtora Rachel Daisy Ellis.

O longa se passa em um futuro em que idosos brasileiros são obrigados a viver em uma colônia nos últimos anos de vida. Tereza (Weinberg) decide romper com esse ciclo e buscar o próprio destino.

"Esse é um filme muito sincero, baseado numa inspiração muito pessoal, pois cresci com meus avós morando em casa. Então, tenho esse olhar afetuoso para o corpo idoso. É um longa que fala sobre como nunca é tarde para ressignificar a vida. Ele segue a jornada dessa mulher idosa com impulsão pelo presente, impulsão de vida. É um filme sobre o desejo e o direito de sonhar", disse Mascaro ao JC, antes da sessão.

NICOLE RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
Gabriel Mascaro e Denise Denise Weinberg na pré-estreia de 'O Último Azul', no Cineteatro do Parque - NICOLE RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
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Cineteatro do Parque durante pré-estreia de 'O Último Azul', de Gabriel Mascaro - NICOLE RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
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Denise Denise Weinberg na pré-estreia de 'O Último Azul', no Cineteatro do Parque - NICOLE RODRIGUES/DIVULGAÇÃO
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Cineteatro do Parque durante pré-estreia de 'O Último Azul', de Gabriel Mascaro - NICOLE RODRIGUES/DIVULGAÇÃO

Na visão do diretor, ainda são raros os filmes com protagonistas idosos. "Os que existem geralmente têm conflito sobre morte, despedida da vida, ou sobre o tempo que passou, nostalgia, anos gloriosos que não voltam mais. Esse filme é diferente: é sobre o presente e sobre o desejo. Vamos sonhar a partir da personagem idosa, que vai em busca do seu sonho".

Amazônia

A escolha da Amazônia como locação partiu de um elemento de estranhamento, explica o cineasta. "É um filme que fala sobre um Estado que isola os idosos em nome da produtividade e do confinamento desse corpo. Nada mais inusitado do que mostrar uma Amazônia invertida", conta.

"Começamos com uma linha de produção de um frigorífico de carne de jacaré. Então, temos a Amazônia produtiva em contraste com esse imaginário que temos da floresta preservada, idealizada. O filme tenta romper com esse estereótipo e criar uma narrativa muito pulsante. Assim, a Amazônia é um personagem à parte, que empresta para a narrativa as duas complexidades".

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Cena do filme "O Último Azul" - Divulgação
Guilhermo Garza/Divulgação
Cena do filme O Último Azul, com Rodrigo Santoro e Denise Weinberg - Guilhermo Garza/Divulgação
GUILLERMO GARZA/DESVIA
Imagem de 'O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro com Denise Weinberg - GUILLERMO GARZA/DESVIA
 GUILLERMO GARZA/DESVIA
Imagem de 'O Último Azul, filme de Gabriel Mascaro com Denise Weinberg - GUILLERMO GARZA/DESVIA

Antes da exibição, Mascaro destacou a aproximação entre os cinemas do Nordeste e do Norte, "que vai vir com muita força também". Ressaltou ainda fazer parte da primeira geração de cineastas que não precisaram sair do Recife. "E é muito bonito poder ver agora os pares que fazem cinema viverem no Recife, podendo fazer esse cinema no Recife e criando uma rede de conexão no Recife".

Urso de Prata

O diretor recorda a emoção de quando, ainda criança, soube que o filme "Central do Brasil", de Walter Salles, havia ganhado o Urso de Prata. "Eu tinha a idade do menino do filme. Então, foi uma alegria enorme voltar lá depois e poder confirmar a nossa força", diz.

"Tem sido um ano muito bonito para o cinema. Começamos com "Ainda Estou Aqui", também veio o filme do Kleber, confirmando a força do cinema pernambucano. É um ano de comemoração."

Após a sessão no Parque, "O Último Azul" também será exibido no Cinema São Luiz, neste sábado (23).

Já no domingo (24), haverá uma sessão no Cinema da Fundação Joaquim Nabuco, no Derby, ocasião em que o Urso de Prata ficará em exposição — provavelmente até o fim do período em cartaz.

O longa abriu o 53º Festival de Cinema de Gramado, no Rio Grande do Sul, e foi recentemente selecionado para o 50º Festival Internacional de Cinema de Toronto (TIFF). Nos cinemas comerciais, a estreia acontece na próxima quinta-feira (28/08).

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