Túlio Velho Barreto vence prêmio literário na Flip 2025 com conto sobre Fernando Pessoa
Na Off Flip, diretor da Fundaj conquistou o 1º lugar na categoria Contos, o 2º lugar no Prêmio Terra e foi finalista na categoria Poemas

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Com 40 anos de carreira como pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, o sociólogo e cientista político Túlio Velho Barreto tem se dedicado também à literatura, com publicações de contos e poemas nos últimos anos.
Essa incursão na escrita literária rendeu frutos: ele conquistou o primeiro lugar na categoria Contos do Prêmio Off Flip de Literatura 2025, com o texto "A Invenção de Fernando Pessoa", uma ficção inspirada nos heterônimos do célebre escritor português.
A premiação ocorreu no último sábado (2), durante a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip), no Rio de Janeiro.
Mais prêmios
Ainda na Off Flip, Velho Barreto recebeu o segundo lugar do Prêmio Terra com o poema “A Terra é Miragem”, além de ter sido finalista na categoria Poemas com “O Ovo”.
"Assumir a Diretoria de Memória, Educação, Cultura e Arte, na Fundaj, durante três anos, contribuiu muito para que eu me envolvesse ainda mais com a área da cultura. É uma retomada de algo que estava presente na minha juventude, antes da minha vida profissional”, afirmou ao JC.
"Ganhar um prêmio literário reconhecido no âmbito da Flip, o maior evento de literatura do país, é um reconhecimento pelo trabalho. Sobretudo ao considerar que você concorre com centenas de pessoas do Brasil inteiro. É o reconhecimento de alguém que sempre se colocou como poeta — e não de alguém que foi colocado assim por outros", completou.
Mais publicações
Além do conto e dos poemas já citados, Túlio também assina os textos "Genocídio em Gaza" e "Teerã", presentes na antologia Casa Gueto 2025. Já o poema "O olho do mar" integra a antologia "Livres como versos", da Editora Toma Aí Um Poema (SP).
"Nos anos 1980, participei de uma fanzine com Maurício Silva, artista plástico e poeta. Foi nessa mesma ocasião que surgiu também Miró da Muribeca. Naquela época, eu também dividia a rua com Zé Rocha, Alex Bono... Era um ambiente com muitos artistas. A banda Flor de Cactus também circulava por ali. Já naquele tempo eu tinha a pretensão de escrever músicas. Eram poesias que muitas vezes viravam letras, e o pessoal musicava", relembra.
"A partir dos anos 2000, fui retomando aos poucos, publicando em algumas antologias, coletâneas... E no período da pandemia comecei a organizar e revisar o que havia produzido ao longo do tempo. A pandemia facilitou, pois passei muito tempo em casa. Tanto que, já durante esse período, publiquei o livro 'Do estar no ainda', com Paulo Marcondes Ferreira Soares".
O conto vencedor
O conto "A Invenção de Fernando Pessoa", que garantiu o primeiro lugar em Contos, estava guardado na cabeça do autor desde os anos 1980. "A ideia surgiu depois de eu ler O Ano da Morte de Ricardo Reis, de Saramago. É uma ficção baseada nos heterônimos", explica.
Na trama, os três principais heterônimos de Pessoa se reúnem para criar Fernando Pessoa, numa lógica inversa à real, em que o autor cria os heterônimos.
"A história se passa em 1914, quando a República havia sido recém-instaurada em Portugal. Havia muita agitação no país. Também faço referência à Primeira Guerra Mundial, que criou um clima de inquietação entre os intelectuais da época", conclui.