'No exercício da atuação, novela é como um crossfit', diz Leandra Leal, homenageada do Cine PE
Atriz expressou desejo de atuar no cinema pernambucano e comentou sobre retorno às novelas em "Coração Acelerado", substituta de "Dona de Mim"

Leandra Leal iniciou sua trajetória artística aos sete anos, no teatro, e logo fez sua estreia na televisão, no último capítulo da primeira versão de "Pantanal". Aos 13, foi premiada por sua atuação em "A Ostra e o Vento", seu primeiro longa-metragem, exibido na segunda edição do Cine PE – Festival do Audiovisual.
Neste sábado (14/06), a atriz será homenageada pelo festival pernambucano, ao lado de Júlio Andrade. Na ocasião, será exibido "Os Enforcados", filme protagonizado por Leandra e Irandhir Santos, com direção de Fernando Coimbra.
"É um thriller cômico sobre a violência no Rio de Janeiro, mas ambientado num condomínio da Barra da Tijuca, sob o ponto de vista de quem manda e lucra com tudo isso. Sou muito fã do Coimbra, que tem uma personalidade muito marcante na direção. E o Irandhir, sempre fui fã também", disse Leandra ao JC.
Na entrevista, ela falou ainda sobre a homenagem, o cinema pernambucano, a importância da regulamentação do streaming, seu próximo projeto como diretora e um retorno às novelas em "Coração Acelerado", substituta de "Dona de Mim": "No exercício da atuação, novela é como um crossfit", brincou.
Entrevista com Leandra Leal, atriz
Como se sente ao ser homenageada pelo Cine PE?
Me sinto muito feliz, muito grata. Acho que há uma coincidência muito bonita nisso, porque o Júlio Andrade também está sendo homenageado. Me sinto duplamente homenageada, porque ele é um grande amigo. Sinto que fazemos parte de uma geração: começamos fazendo cinema juntos, com "O Homem que Copiava", e, de lá pra cá, nos reencontramos muitas vezes. Sou madrinha do filho dele. Então, realmente, estou muito empolgada. Queria muito poder ir com mais tempo, porque é um festival incrível. Tenho muitos amigos em Recife. Queria estar indo com mais calma, mas estou com um bebê pequeno.
Quais são suas impressões sobre o cinema pernambucano contemporâneo à sua geração?
Pernambuco é um celeiro de mentes criativas, de uma liberdade visual e poética muito fortes. De fato, comecei numa geração contemporânea à do filme Baile Perfumado, que marcou uma virada no cinema daí. Nos primeiros festivais que participei, Baile Perfumado também estava sendo exibido. Então acompanhei de perto esse crescimento.
Tenho muita vontade de fazer filmes em Pernambuco também, por uma relação afetiva com o estado. Acho que o cinema pernambucano tem sido responsável por uma exportação muito positiva da nossa cultura. Ele se tornou uma vitrine. São filmes que viajam bastante, representando o Brasil mesmo em tempos muito difíceis para a cultura. E tudo isso com narrativas muito contemporâneas, que tocam em temas sérios e urgentes.
Gosto muito do Gabriel Mascaro, inclusive desde os documentários, como Um Lugar ao Sol. Acho o trabalho dele incrível.
Olhando sua filmografia, não há nenhum filme dirigido por pernambucanos. Se pudesse trabalhar com algum, quem escolheria?
Com todos! É só surgir o convite. Tenho muitos amigos pernambucanos e sempre brinco: "Nunca me chamaram, por quê?". O Lírio Ferreira até me chamou uma vez, mas eu estava gravando uma novela, algo assim.
O cinema brasileiro tem sido bem atendido pelas políticas públicas?
Estamos vivendo um momento muito fértil do nosso cinema, com histórias incríveis. O Brasil tem um potencial enorme de narrativas, por conta da sua diversidade e também da sua história conflituosa - o que gera muito material. O audiovisual é uma indústria fenomenal, que emprega mais do que a indústria farmacêutica.
Por isso, precisamos de políticas públicas que ajudem a escoar essa produção tão rica. Ela precisa ser exibida, distribuída. Precisamos regulamentar os streamings, de fato. Também precisamos de políticas públicas voltadas para o trabalho interno, para fortalecer a cadeia produtiva nacional.
Acho que hoje o setor cultural voltou a ser visto como aliado da sociedade. Não faz muito tempo, éramos criminalizados. E precisamos garantir que isso não mude a cada novo governo.
Você tem sentido a classe artística articulada para cobrar a regulamentação do streaming?
Tenho visto, sim, muitas pessoas ao meu redor falando sobre isso, apesar de eu não estar em um momento muito "online". A regulamentação pode ser muito positiva, tanto para as grandes produtoras quanto para as pequenas, e, principalmente, para a valorização da nossa cultura.
Segundo a imprensa, você está voltando a fazer novelas. Existe algum motivo especial para isso?
A autora da novela é Izabel de Oliveira, que também escreveu "Cheias de Charme". Novela é algo que eu sempre amei fazer. Me divirto muito. É um grande exercício de atuação, quase como um crossfit (risos), porque são muitas cenas por dia. Você precisa estudar bastante e dar conta de muita coisa. Então, não há um motivo específico, além do fato de que é um trabalho da Bel, e acho muito legal voltar a fazer novela.
Você pretende voltar a dirigir, como em "Divinas Divas" e "A Vida pela Frente"?
Sim, tenho vontade. Estou desenvolvendo um novo projeto com a mesma equipe de "A Vida pela Frente", que será meu primeiro longa de ficção. O que sempre digo é que sou uma atriz que dirige - minha profissão principal é ser atriz. Mas é claro que há projetos que quero muito realizar em outras frentes também. Tenho uma produtora de cinema, e com ela busco produzir conteúdos que eu quero ver acontecendo no mundo.