Escritora e pianista Elyanna Caldas morre, aos 88 anos, no Recife
A mestra ocupava a Cadeira nº 14 da Academia Pernambucana de Letras desde 2019 e foi uma das fundadoras do curso de música da UFPE

Uma das referências na música instrumental do País, a pianista e escritora Elyanna Caldas faleceu nesta quinta-feira (11), aos 88 anos. A mestra ocupava a Cadeira nº 14 da Academia Pernambucana de Letras desde 2019, quando assumiu a vaga deixada pelo acadêmico Rostand Carneiro Leão Paraíso.
A ilustre acadêmica foi uma das mais brilhantes expressões da arte musical brasileira, reconhecida nacional e internacionalmente por seu talento, erudição e dedicação incansável à música. Ainda quando tinha 21 anos, Elyanna venceu o prestigiado concurso Magda Tagliaferro, no Rio de Janeiro, e obteve o diploma profissional pela École Normale de Musique de Paris.
Após suas primeiras conquistas, a artista construiu uma trajetória marcada pelo virtuosismo ao piano e pelo compromisso com a formação musical no Brasil. Em seu retorno a Pernambuco, Elyanna trabalhou bastante para o desenvolvimento da música instrumental e, nos anos de 1960, ajudou a fundar o curso de música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), um legado que se estende por gerações.
Em nota de pesar, o presidente da Academia Pernambucana de Letras, Lourival de Holanda, lamentou o falecimento da artista. "Foram mais de oito décadas dedicadas à música instrumental com paixão, disciplina e sensibilidade, sempre sem jamais cogitar o silêncio. Pernambuco, que tantas vezes foi o palco privilegiado de suas apresentações, orgulha-se de tê-la como filha e embaixadora da cultura. A Academia se solidariza com familiares, amigos, alunos e admiradores da imortal Elyanna Caldas, cuja arte permanecerá viva entre nós", escreveu.
A pianista também chegou a presidir o Conservatório Pernambucano de Música em dois mandatos (1987–1991 e 1995–1999). Em nota, a direção da instituição se solidarizou. "É com profundo pesar que o Conservatório Pernambucano de Música recebe a notícia do falecimento da pianista Elyanna Caldas, uma das maiores referências da música erudita em Pernambuco e figura central na história da nossa instituição. Seu legado é imenso, sua ausência irreparável. Sua vida foi dedicada à arte, ao ensino e à beleza. Que sua memória continue a inspirar e a ressoar nos corações de todos que fazem a música em Pernambuco. Toda solidariedade à sua família, amigos e a toda a comunidade artística".
Trajetória de Elyanna Caldas
Elyanna iniciou sua trajetória musical ainda na infância, e logo destacou-se como talento excepcional ao piano. Teve formação de excelência em Paris, Varsóvia e Viena, representando o Brasil em importantes concursos internacionais e sendo premiada, entre outros, no Concurso Magda Tagliaferro. Mesmo com uma promissora carreira internacional, optou por dedicar-se ao magistério e à difusão da música clássica no seu estado natal.
Foi diretora do Conservatório Pernambucano de Música em dois mandatos (1987–1991 e 1995–1999), período em que consolidou ações inovadoras de formação e democratização cultural, como os projetos Quartas Musicais, Estações Musicais e concertos explicativos em espaços públicos.
Elyanna também foi uma das fundadoras do curso de Música da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), tendo contribuído decisivamente para a formação de diversas gerações de pianistas, professores e músicos pernambucanos.
Em 2019, foi eleita para a Academia Pernambucana de Letras, ocupando a Cadeira nº 14, reconhecimento por sua trajetória como artista, educadora e autora do livro Caminhos de uma pianista.