Inspirado pela arquitetura, Hildebrando de Castro faz primeira exposição individual no Recife

Ao entrar pela primeira vez na Caixa D'água de Olinda (prédio que sempre o atraiu pela imponência), Hildebrando de Castro ficou encantado com o jogo de luz que atravessava os cobogós. Esses elementos vazados despertam nele uma fascinação que é parte de sua linguagem artística.

Esse olhar voltado à arquitetura e às potências visuais de seus detalhes compõe as 15 obras reunidas em sua primeira exposição individual em Pernambuco. Intitulada "Relevos e Pinturas", a mostra está em cartaz na Galeria Marco Zero, sob curadoria de Denise Mattar.

As visitações ocorrem de segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; e nos sábados, das 10h às 17h.

Natural de Olinda, Hildebrando passou parte da infância no Rio de Janeiro, onde também iniciou sua trajetória como artista. Atualmente vive e trabalha em São Paulo, mas segue nutrindo laços com o lugar onde nasceu, um vínculo que também alimenta sua criação.

Obras

As obras da exposição são fruto de cerca de um ano de pesquisa e produção, período em que o artista se debruçou sobre o legado de dois nomes centrais da arquitetura local: Luiz Nunes, autor da Caixa D'Água de Olinda, e Acácio Gil Borsoi, responsável por edifícios como o Caeté e o Santo Antônio, no centro do Recife.

"Meu trabalho é muito meticuloso e exige uma pesquisa e um tempo dilatados. Era um sonho antigo produzir a partir das obras desses dois arquitetos que tanto admiro e, para isso, além de estudar vários materiais, também visitei as edificações e pude me impressionar com a complexidade dos projetos. A Caixa D’água de Olinda, por exemplo, que desde criança me intrigava por ser um prédio supermoderno em meio ao Barroco da cidade, é um absurdo de linda", diz Hildebrando.

"O cobogó, como estética, me interessa muito. O edifício Santo Antônio, de Borsoi, com os cobogós em concreto, sempre me fascinou. Um dia, Roberta Borsoi, uma de suas filhas, me concedeu os croquis desse projeto e, a partir dele, fiz umas 7 obras. Essa exposição é, afinal, não só uma homenagem a esses dois grandes arquitetos, mas também ao Recife e à Olinda", continua.

Curadoria

No texto crítico que assina, a curadora Denise Mattar observa que "independentemente das técnicas ou temáticas, pode-se dizer que, ao longo dos anos, o trabalho de Hildebrando de Castro sempre se debruça sobre o contraste entre luz e sombra – mesmo que metaforicamente. Sua obra se equilibra na fronteira entre a beleza e o ridículo, entre o permitido e o proibido, entre a inocência e a perversidade, entre o real e a ilusão".

Ela também destaca a forma como o artista se aproxima de premissas do movimento cinético. "As frestas, os recortes e as geometrias criadas por ele evocam ilusões de volume, de deslocamento e de instabilidade visual. A obra deixa de ser um objeto a ser contemplado e se torna um campo a ser atravessado. O espectador, com seu corpo em movimento, ativa a obra, a faz acontecer, entra em estado de atenção plena, e atravessa a quinta dimensão – a do tempo do movimento e do silêncio da luz", ressalta.

SERVIÇO
Exposição "Hildebrando de Castro - Relevos e Pinturas"
Onde: Galeria Marco Zero (Av. Domingos Ferreira, 3393 - Boa Viagem, Recife - PE)
Visitação: segunda a sexta-feira, das 10h às 19h; sábados, das 10h às 17h
Contato: (81) 98262-3393 e contato@galeriamarcozero.com