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Morre Mario Vargas Llosa, escritor e Nobel de Literatura, aos 89 anos

Um dos pontos altos da trajetória dele ocorreu em 7 de outubro de 2010, quando venceu o Prêmio Nobel da Literatura. Família emitiu comunicado

Por JC Publicado em 13/04/2025 às 22:31 | Atualizado em 13/04/2025 às 23:14

Com informações do Estadão Conteúdo

Mario Vargas Llosa, escritor e vencedor do prêmio Nobel de Literatura em 2010, morreu neste domingo (13), aos 89 anos de idade. A informação foi divulgada por seu filho, Álvaro, na rede social X.

De acordo com um comunicado divulgado pela família, não haverá uma cerimônia pública de velório, e o corpo será cremado. A causa da morte não foi revelada.

"Sua partida entristecerá a seus parentes, seus amigos e seus leitores ao redor do mundo, mas esperamos que encontrem consolo, como nós, no fato de que ele gozou de uma vida longa, múltipla e frutífera, e deixa para trás uma obra que o fará sobreviver", diz o texto.

"Procederemos nas próximas horas e dias de acordo com as suas instruções. Não haverá nenhuma cerimônia pública. Nossa mãe, nossos filhos e nós mesmos confiamos em ter espaço e privacidade para a despedida em família e na companhia de amigos próximos. Seus restos mortais, como era de sua vontade, serão incinerados."

Trajetória

Vargas Llosa nasceu em Arequipa, no Peru, em 28 de março de 1936. Estudou na Academia Militar de Lima, formou-se em Letras e iniciou no jornalismo muito jovem.

Lançou o primeiro livro em 1959, "Os Chefes", quando tinha 23 anos. Na época, ganhou o prêmio Leopoldo Aras. Algumas de suas obras importantes são "Conversa na Catedral", "A Guerra do Fim do Mundo", "A Cidade e os Cachorros" e "A Festa do Bode".

Ao lado do colombiano Gabriel García Márquez, o argentino Julio Cortázar e o mexicano Carlos Fuentes, foi considerado um dos principais nomes do "boom" da literatura latino-americana nas décadas de 60 e 70.

As obras de Vargas Llosa foram traduzidas para 30 idiomas. O último romance dele foi lançado em outubro de 2023: "Dedico a você meu silêncio". Ao anunciar o livro, disse que nunca deixaria de trabalhar: "Espero ter forças para fazê-lo até o fim".

 

Nobel de Literatura e outros prêmios

Um dos pontos altos de sua trajetória ocorreu em 7 de outubro de 2010, quando venceu o Prêmio Nobel da Literatura. Segundo a Academia Sueca, que organiza o evento, ele recebeu a condecoração "por sua cartografia de estruturas de poder e suas imagens vigorosas sobre a resistência, revolta e derrota do indivíduo".

Além do Nobel de Literatura, recebeu os prêmios Cervantes, Príncipe de Astúrias das Letras, Biblioteca Breve, o da Crítica Espanhola, o Prêmio Nacional de Novela do Peru e o Rómulo Gallegos.

Vargas Llosa era integrante da Academia Francesa, e foi o primeiro escritor a entrar nela sem ter trabalhos em francês. Ele foi eleito em novembro de 2021, pelos "Imortais", e tinha a cadeira de número 18.

O escritor foi aceito quase que por unanimidade pelos acadêmicos e foi recebido pelo presidente francês, Emmanuel Macron, na posse, em 2023. Vargas Llosa também era membro da Real Academia Espanhola, da peruana e sócio-correspondente da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Atuação política

Vargas Llosa também ficou conhecido pela participação na política. Em 1990, chegou a disputar as eleições presidenciais do Peru, pela Frente Democrática. Líder no primeiro turno, perdeu no segundo para Alberto Fujimori, que conseguiu virar o jogo.

Em uma entrevista ao Estadão em 2021, Vargas Llosa disse o seguinte ao ser perguntado sobre o regime político ideal:

"Sou um liberal, um democrata, creio na liberdade. E nada dinamizou tanto a democracia como o liberalismo, fonte das grandes reformas democráticas como, por exemplo, a criação dos sindicatos, a ideia de igualdade de oportunidades. É importante que cada geração parta de um mesmo ponto de partida para que a sociedade tenha um dinamismo".

Vargas Llosa foi colunista do Estadão entre 1996 e 2024. A última foi publicada pelo jornal em 21 de fevereiro de 2024, intitulada "Por que a verdade é a pedra de toque do jornalismo?".

 

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