PATRIMÔNIO | Notícia

Governo abre licitação de até R$ 4,5 milhões para requalificar o Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco

Publicação no Diário Oficial do Estado ocorre uma semana após reportagem do JC denunciar o descaso com o equipamento cultural nos últimos 10 anos

Por Emannuel Bento Publicado em 09/04/2025 às 11:44

O Diário Oficial do Estado de Pernambuco desta quarta-feira (09/04) trouxe a abertura de uma licitação para a requalificação do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC-PE), que está fechado há mais de 10 anos em Olinda. O valor máximo estimado é de R$ 4.592.424,11.

A publicação ocorre uma semana após a reportagem do JC que denunciou o abandono do espaço, que detém um dos maiores acervos de arte moderna da América Latina, nos últimos 11 anos.

O edital da licitação busca contratar uma empresa de engenharia para conservação e restauração do museu. Os interessados têm até 23 de maio para entregar propostas no www.peintegrado.pe.gov.br.

"A requalificação do Museu de Arte Contemporânea garante a permanência e a conservação da história, da arte, da cultura em Pernambuco", diz a governadora Raquel Lyra.

"Estamos trabalhando fortemente na valorização dos nossos equipamentos culturais, e não poderia ser diferente com o MAC. As intervenções vão possibilitar um espaço mais seguro, acessível e bonito para que a população possa desfrutar das obras de grandes nomes das artes plásticas".

Detalhes do projeto de recuperação geral

De acordo com a Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe), o projeto tem como foco a recuperação geral do equipamento cultural, nas áreas interna e externa.

As intervenções vão englobar reforço estrutural do mezanino, recuperação de cobertura da sala de exposição, restauração de cantarias, assoalho, instalações elétricas, sistema de prevenção e combate a incêndio, além do paisagismo na área externa.

Essa requalificação ocorrerá após uma primeira etapa de obras - iniciada na segunda gestão de Paulo Câmara (PSB) - de reforço nas fundações e revisão das cobertas, concluída em outubro de 2024.

FUNDARPE/DIVULGAÇÃO
Imagem da recuperação estrutural do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco (MAC), em Olinda, em 2022 - FUNDARPE/DIVULGAÇÃO
FUNDARPE/DIVULGAÇÃO
Imagem da recuperação estrutural do Museu de Arte Contemporânea - FUNDARPE/DIVULGAÇÃO

Em paralelo, a Diretoria de Obras e Projetos Especiais da Fundarpe montou o projeto de requalificação, que está agora em fase licitatória.

"A restauração e requalificação do edifício do antigo Aljube, que hoje abriga o MAC, permitirá a reabertura desse importante equipamento, com seu precioso acervo de obras modernas e contemporâneas, que contribuirá para a dinamização do Sítio Histórico de Olinda, nossa cidade Patrimônio Mundial", disse Renata Borba, presidente da Fundarpe.

Acervo valioso

DIVULGAÇÃO
"Enterro" 1959, de Cândido Portinari, integra o acervo do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - DIVULGAÇÃO

Fundado em 1966, o MAC-PE guarda em suas reservas técnicas um total de 4 mil obras. Entre os nomes consagrados que compõem seu acervo estão Cândido Portinari, Tarsila do Amaral, Cícero Dias, Di Cavalcanti, Eliseu Visconti, Djanira, Telles Junior, Wellington Virgolino, Alfredo Volpi, Guignard, Tereza Costa Rêgo, Francisco Brennand, além de artistas internacionais como Adolph Gottlieb, precursor da arte contemporânea.

Parte desse acervo foi uma doação de Assis Chateaubriand (1892-1968), fundador dos Diários Associados. O prédio escolhido já foi uma prisão eclesiástica, construída em 1765, e hoje tombado pelo Iphan.

A partir de 2019, o Governo do Estado passou a utilizar imóveis vizinhos no bairro do Varadouro, por meio de cessão, para abrigar a reserva técnica. As obras estão sob a guarda de um museólogo da Superintendência de Equipamentos Culturais da instituição.

Histórico do abandono

O MAC-PE teve atividades comprometidas desde 2014, com fechamentos parciais que se intensificaram em 2016, quando galerias e área externa foram interditadas.

Na época, o seu edifício começou a apresentar rachaduras causadas pelo deslizamento progressivo do terreno, problema causado por grandes formigueiros.

VAL LIMA/FUNDARPE
Imagem interna do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco - VAL LIMA/FUNDARPE
RICARDO MOURA/FUNDARPE
Imagem interna do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, localizado em Olinda, em 2010 - RICARDO MOURA/FUNDARPE
ISABELA VALLE/FUNDARPE
Imagem da área externa anterior do Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco, localizado em Olinda - ISABELA VALLE/FUNDARPE

Em 2016, após um inquérito do Ministério Público de Pernambuco, o Núcleo de Engenharia do Tribunal de Contas do Estado produziu um relatório que expôs uma série de problemas, incluindo rachaduras, ferragens expostas, vazamento e desprendimento do reboco, entre vários outros.

O JC verificou no Diário Oficial dos últimos 10 anos que as licitações relacionadas ao Museu limitavam-se a ações paliativas, como manutenção predial preventiva e corretiva ou escoramento metálico para áreas interditadas, com valores entre R$ 13 mil e R$ 63 mil.

A única obra efetivamente realizada foi uma recuperação estrutural de R$ 926 mil, incluída no Plano de Retomada dos Equipamentos (abril/2022), com previsão de conclusão para abril de 2023. Agora, uma nova luz aparece no horizonte para que a população volte a ter acesso ao museu e suas obras.

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