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Familiares e amigos prestam última homenagem a Marcos Vilaça em missa

As cinzas do advogado Marcos Vilaça serão jogadas na praia de Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana, assim como ocorreu com as da sua esposa

Por Mirella Araújo Publicado em 30/03/2025 às 11:04 | Atualizado em 30/03/2025 às 12:46

Com informações do repórter Michael Carvalho, da TV Jornal

Um homem que dedicou sua vida a enaltecer a cultura pernambucana e manter vivas suas raízes, onde quer que estivesse. É assim que familiares e amigos recordam o advogado, jornalista e poeta Marcos Vinicios Rodrigues Vilaça, imortal da Academia Brasileira de Letras (ABL).

Vilaça faleceu neste sábado (29), no Recife, aos 85 anos, em decorrência de falência múltipla de órgãos. Natural de Nazaré da Mata, no interior de Pernambuco, ele ocupava, desde 1985, a cadeira 26 da ABL, sucedendo o também jornalista e poeta pernambucano Mauro Mota.

Durante a missa de corpo presente, realizada na manhã deste domingo (30), na Igreja do Cemitério Memorial Guararapes, em Jaboatão dos Guararapes, não apenas seu legado foi exaltado, mas também os ensinamentos que deixou para as futuras gerações.

"Ele era um ser humano amplo, plural e bem relacionado, de forma bastante significativa, tanto no contexto local quanto no nacional. Era um homem da cultura, dos valores pernambucanos, que sempre exaltou e propagou essas raízes por todo o Brasil. Um verdadeiro embaixador de Pernambuco, onde quer que estivesse", afirmou o deputado federal e genro, Mendonça Filho. 

"Além disso, foi um cidadão exemplar, um grande gestor público, um pai dedicado e um sogro atencioso com a família. Sua partida deixa uma lacuna enorme", completou o parlamentar. 

O deputado federal Augusto Coutinho, que também esteve presente na missa, falou sobre a referência cultural e política deixada por Marcos Vilaça. 

"Pernambuco perde um grande filho, que dignificou profundamente a história do nosso estado em todos os cargos que ocupou, tanto do ponto de vista literário quanto político. Ele foi uma pessoa que sempre teve um apreço e amor imenso por sua terra. Deixa a lembrança de ter sido um grande pai, um grande amigo, um grande conselheiro. Ficamos muito entristecidos com sua partida, mas também muito orgulhosos por tudo que vivenciamos com ele e por termos aprendido tanto", declarou Coutinho. 

O parlamentar destacou que quando Marcos Vilaça ocupou a presidência da Academia Brasileira de Letras, ele buscou unificar as literaturas brasileiras e portuguesas, o que foi considerado um grande marco. Para Ilanna Mendonça, seu avô foi um homem muito leal à sua família, sendo uma figura muito presente em sua vida. 

"Ficam os valores, as virtudes dele. Ele sempre fez questão de transmitir isso à família e aos amigos. Meu avô foi sempre um intelectual brilhante, mas, acima de tudo, ele era um avô, um pai e um bisavô recente, muito fiel. Isso é inabalável; o senso de família era a virtude mais forte dele", afirmou Ilanna. 

As cinzas do advogado Marcos Vilaça serão jogadas na praia de Boa Viagem, na Zona Sul da capital pernambucana, assim como ocorreu com as da sua esposa, Maria do Carmo Duarte Vilaça.

Sidney Lucena/JC Imagem
Missa de corpo presente do advogado e ex-ministro do TCU, Marcos Vilaça - Sidney Lucena/JC Imagem

Autoridades se pronunciam

 

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, lamentou a morte de Marcos Vilaça. Em nota publicada neste domingo, Lula expressou seus sentimentos à família e destacou que Vilaça foi "um grande defensor da cultura do nosso querido Pernambuco", acrescentando que teve a honra de homenageá-lo com a Medalha de Ouro do Serviço Público em 2009, quando completou 50 anos como servidor.

"Vilaça, com seu talento e dedicação, teve um papel marcante na literatura, no Tribunal de Contas da União e na Academia Brasileira de Letras, entre tantos outros caminhos que trilhou com brilhantismo. Que Deus conforte os corações de seus familiares e amigos", concluiu.

A governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, já havia se pronunciado sobre o falecimento do advogado, no sábado, afirmando que "o escritor e intelectual pernambucano que engrandeceu o nome do nosso Estado como imortal e ex-presidente da Academia Brasileira de Letras".

"A todos os seus amigos e familiares, o meu mais fraterno abraço. O legado literário de Marcos Vilaça seguirá permanente em Pernambuco e no Brasil", disse Raquel Lyra.

 

Trajetória

No início da década de 1950, Marcos Vilaça deixou Nazaré da Mata e se mudou para o Recife, quando passou a estudar no Colégio Nóbrega.

Em 1958, tornou-se professor de história do Brasil no Ginásio de Limoeiro. Em seguida, ingressou no curso de bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).

Já em 1962, passou a cursar o mestrado em Direito da UFPE. Dois anos depois, tornou-se professor a instituição.

Administração Pública

Em 1966, Vilaça assumiu o cargo de chefe da Casa Civil de Pernambuco, na gestão de Paulo Guerra. No início da década de 1970 foi responsável por algumas secretarias na gestão de Eraldo Gueiros Leite.

Foi membro da Aliança Renovadora Nacional (Arena), da qual chegou a ser 1º secretário. Posteriormente, tornou-se membro do Partido Democrático Social (PDS), assim como foi membro fundador do Partido da Frente Liberal (PFL).

Na década de 1980, exerceu a presidência da Legião Brasileira de Assistência, e foi nomeado secretário particular para assuntos especiais pelo então presidente da República José Sarney.

Em 1988 entrou para o TCU, em substituição ao ministro Thales Ramalho.

"Durante a sua gestão, trabalhou pela ampliação das relações internacionais do TCU, o que refletiu em vários acordos de cooperação técnica, científica e cultural que repercutiram no aumento da inserção do Brasil nos debates internacionais sobre auditoria, descreveu a ABL.

Sidney Lucena/JC Imagem
Missa de corpo presente do advogado e ex-ministro do TCU, Marcos Vilaça - Sidney Lucena/JC Imagem

 

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