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Menina de 6 anos baleada em festa infantil segue em estado grave

Emily Vitória foi baleada durante um tiroteio no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes; Ela permanece internada no Hospital da Restauração

Por Isabella Moura Publicado em 21/07/2025 às 14:25

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Com informações das repórteres da TV Jornal, Juliana Oliveira e Suelen Brainer.

Uma menina de 6 anos identificada como Emily Vitória Guimarães permanece internada em estado grave no Hospital da Restauração, no Recife, após ser baleada durante um tiroteio em uma festa infantil, no bairro de Prazeres, em Jaboatão dos Guararapes. O caso aconteceu no último domingo (20) e chocou moradores da comunidade.

Emily participava da festa de aniversário de uma amiguinha quando foi atingida por dois disparos — um na cabeça e outro no braço. No momento do ataque, ela estava dentro da casa onde ocorria a comemoração. Segundo familiares, a menina era alegre, amorosa e gostava de brincar. Desde o ocorrido, está entubada e sob cuidados intensivos.

Tiroteio deixou três pessoas feridas

Além de Emily, outras duas pessoas foram baleadas: a aniversariante, de 5 anos, que foi atingida de raspão, e o namorado da mãe da aniversariante, um jovem de 18 anos. As duas vítimas foram socorridas e liberadas após receberem atendimento médico em uma UPA da região.

Testemunhas relataram que o atirador desceu correndo por uma ladeira e entrou na casa onde a festa acontecia. Supostamente ele estaria “atrás de um alvo” e começou a disparar. Um dos possíveis alvos seria justamente o jovem de 18 anos, que namora a mãe da criança aniversariante.

Suspeito foi preso em flagrante

Após os disparos, o suspeito tentou fugir, mas foi contido por moradores até a chegada da Polícia Militar. Ele foi preso em flagrante e levado ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Em depoimento, negou ter efetuado os disparos e afirmou que estava sendo perseguido. No entanto, essa versão não convenceu a polícia.

A perícia encontrou dois projéteis de pistola dentro do imóvel, que podem ser de calibre .380 ou 9mm, porém a arma usada no crime não foi localizada até o momento. O suspeito passou por exame residuográfico no Instituto de Medicina Legal (IML), que pode indicar se havia vestígios de pólvora em suas mãos.

Família cobra justiça

A mãe de Emily, muito abalada e sob uso de medicamentos, relatou que teve um mau pressentimento ao ver o suspeito entrando na casa. Ela contou ainda que já conhecia o homem, pois ele teria sido seu vizinho.

Em entrevista à TV Jornal, parentes de Emily cobram por justiça.“ Esse homem não pensou nas crianças. Já entrou atirando e passou friamente pelo mesmo caminho. Ele voltou com o revólver na mão. E agora nega tudo para a polícia, mas todo mundo viu. A população viu.”

A família está revoltada com a violência. “A Emily não é a primeira, nem vai ser a última. Estamos vivendo dias muito difíceis. A gente tem que ficar preso dentro de casa enquanto o bandido está solto na rua”.

Grande Recife registra recorde de vítimas de bala perdida pelo segundo ano seguido

Pelo segundo ano consecutivo, a região do Grande Recife registrou recorde de pessoas atingidas por bala perdida, segundo dados divulgados pelo Instituto Fogo Cruzado, que monitora a violência armada no país.

De acordo com o levantamento, 39 pessoas foram baleadas sem serem o alvo dos disparos no primeiro semestre de 2025. Destas, apenas quatro sobreviveram. O número supera o do mesmo período do ano passado, que já havia sido o pior até então: em 2024, 32 pessoas foram vítimas, com seis sobreviventes.

O mapeamento aponta ainda que, embora o número total de tiroteios tenha diminuído — foram 736 registros entre janeiro e junho, uma queda de 25% em relação aos 983 do mesmo período de 2024 — a letalidade se manteve alta. Em 96% dos casos, houve vítimas. Ao todo, 849 pessoas foram baleadas, das quais 631 morreram e 218 ficaram feridas.

Um dos casos que chocaram a população aconteceu em 12 de abril deste ano, quando a pequena Helen Santos de Souza, de apenas 4 anos, foi atingida por uma bala perdida enquanto brincava com os primos, perto de casa, no Córrego do Deodato, bairro de Água Fria, na Zona Norte do Recife.

O Instituto Fogo Cruzado destaca que a maioria das vítimas de bala perdida são pessoas que não tinham relação com os conflitos armados, muitas vezes atingidas durante confrontos em espaços públicos ou comunidades densamente povoadas.


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