Vídeo mostra detentos recebendo mercadorias na entrada do Presídio de Igarassu
Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco afirma que alimentos abastecem cantinas, que seguem funcionando mesmo com proibição desde 2006

Em meio às investigações da Polícia Federal sobre o forte esquema de corrução no Presídio de Igarassu, localizado no Grande Recife, novas denúncias demonstram que a gestão estadual não colocou um ponto final em irregularidades históricas. Um vídeo recebido pela coluna Segurança indica que detentos continuam exercendo funções administrativas e tendo acesso a mercadorias na entrada da unidade prisional.
De acordo com o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco, as mercadorias, que chegaram em um caminhão, são de alimentos que abastecem cantinas administradas pelos detentos no Presídio de Igarassu. O vídeo, gravado no dia 6 de maio, mostra uma grande quantidade de sacolas sendo recebidas por reeducandos na área de raio-x. Nas imagens, apenas um policial penal é visto.
Segundo o Sindicato dos Policiais Penais de Pernambuco, as mercadorias, que chegaram em um caminhão, abasteceram cantinas administradas pelos detentos no Presídio de Igarassu. O vídeo, gravado no começo de maio, mostra uma grande quantidade de sacolas sendo recebidas por reeducandos na área de raio-x e acompanhada por apenas um policial penal.
A categoria reforça que, desde 2006, ou seja, há 19 anos, há uma portaria estadual proibindo a construção de novas cantinas e determinando que as existentes fossem desativadas a partir do momento em que os "donos" fossem transferidos de unidade prisional ou fossem postos em liberdade.
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O sindicato reforçou que, desde 2006, ou seja, há 19 anos, há uma portaria estadual proibindo a construção de novas cantinas e determinando que as existentes fossem desativadas a partir do momento em que os "donos" fossem transferidos de unidade prisional ou fossem postos em liberdade.
Em abril de 2024, o presidente do Conselho Nacional de Política Criminal, Douglas de Melo Martins, também recomendou aos governos estaduais o imediato encerramento das cantinas nos presídios.
No documento, Martins argumentou que esses estabelecimentos "acabaram constituindo-se em um espaço que propicia a atividade das organizações criminosas, uma vez que a escassez de alimentação e demais itens essenciais à sobrevivência no cárcere acabam por concentrarem-se nesses locais de venda e são monopolizados pelos presos com maior poderio".
Procurada pela coluna, a Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização de Pernambuco rebateu as denúncias do sindicato.
Em nota, afirmou que "os mantimentos exibidos no vídeo são levados pelos familiares, com prévia autorização, para as pessoas privadas de liberdade (PPLs), conforme procedimento operacional padrão registrado na portaria nº 758, do dia 23 de dezembro de 2022".
"Todos os itens passam pelo raio x, que é operado por policiais penais, e devem ser acondicionados em sacolas transparentes, com limite de peso de até oito quilos", disse a pasta.
Apesar das imagens, a secretaria também negou que havia apenas um policial penal na portaria no momento da entrega.
"Havia cinco policiais penais distribuídos no setor de entrada. Os detentos que aparecem nas imagens são concessionados, ou seja, desempenham atividades laborais dentro da unidade, sob a supervisão dos profissionais", afirmou.
Procurado novamente pela reportagem, o sindicato disse que concessionados não podem ficar no setor de permanência, ou seja, nas entradas de presídios.
INVESTIGAÇÃO DE CORRUPÇÃO NO PRESÍDIO DE IGARASSU
O Presídio de Igarassu, atualmente o mais superlotado de Pernambuco, foi alvo da operação La Catedral, da Polícia Federal em 25 de fevereiro deste ano. Na ocasião, oito policiais penais foram presos preventivamente, incluindo o ex-diretor Charles Belarmino de Queiroz.
As investigações apontaram que presos tinham acesso a bebidas alcoólicas, celulares, drogas e garotas de programa. Em troca, pagavam propina aos policiais por meio de transferências via Pix.
André de Araújo Albuquerque, ex-secretário executivo de Administração Penitenciária e Ressocialização, foi preso na segunda fase da operação, em abril. Um vídeo encontrado no celular de Charles mostrou o ex-gestor recebendo maços de dinheiro e guardando em uma sacola. Para a Polícia Federal, a quantia entregue por um detento e pelo ex-diretor se tratava de propina. As investigações continuam para identificar mais suspeitos.