Justiça manda soltar presidente de torcida do Sport e mais dois réus
Trio envolvido no confronto antes do Clássico Santa Cruz e Sport, em 1º de fevereiro, usará tornozeleira eletrônica e não poderá frequentar estádios

Dois meses após os confrontos violentos entre membros de torcidas organizadas rivais do Santa Cruz e do Sport, três réus - incluindo o presidente da Jovem do Leão foram soltos. A Justiça concedeu a liberdade provisória na última quarta-feira (30/04).
João Victor Soares da Silva, líder da organizada, Thyago Mendes Barbosa e João Victor Antônio da Silva terão que usar tornozeleira eletrônica e seguir outras regras, como o recolhimento domiciliar noturno - a partir das 20h até as 6h do dia seguinte -, não poderão frequentar estádios de futebol, não poderão se reunir com membros de organizadas, nem frequentar bares em dias de jogos.
"Compreendo que mostra-se adequada a utilização de medidas cautelares diversas da prisão", afirmou a juíza Andréa Calado da Cruz, da 11ª Vara Criminal da Capital, atendendo a um pedido da defesa dos réus e com parecer favorável do Ministério Público de Pernambuco (MPPE).
Nesse mesmo dia, a 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) negaram um pedido de habeas corpus ao trio. Na ocasião, a defesa dos réus argumentou que a audiência de custódia realizada em desfavor deles teria "vícios substanciais que comprometem a sua validade", configurando nulidade processual. Os desembargadores, por unanimidade, discordaram dessa tese.
ACUSAÇÕES
O trio responde por crimes de associação criminosa e participação em brigas de torcidas. Na denúncia enviada à Justiça, o MPPE pontuou que o confronto entre as torcidas organizadas rivais do Sport e Santa Cruz, ocorrido na Rua Real da Torre, em 1º de fevereiro, foi planejado.
"As investigações foram reveladoras de que tal confronto foi o resultado de um conjunto operacional arquitetado principalmente pela liderança do grupo denominado torcida Jovem do Leão – notadamente aos dois primeiros denunciados [presidente da torcida e Thyago], que contribuíram diretamente para a convocação, reunião, orientação, coordenação e comando dos demais integrantes e simpatizantes da torcida ao ataque à torcida adversária", pontuou o promotor João Elias da Silva Filho.
"Já o terceiro denunciado foi autuado justamente por ter atendido tal convocação e participado do grupo de execução de tais atos. Toda essa dinâmica de atuação dos denunciados, comparsas conhecidos e outros ainda não identificados, na verdade se trata de uma estratégia logística e operacional já conhecida pelas autoridades policiais, pois já foi utilizada em outros confrontos", continuou.
O QUE DISSERAM OS RÉUS?
De acordo com a denúncia do MPPE, o presidente da Jovem não chegou a ser interrogado porque ainda se encontrava hospitalizado devido aos ferimentos no dia do confronto.
Thyago Mendes negou a participação nos crimes imputados pela Polícia Civil. Ele disse, inclusive, estar ciente da medida cautelar que o proíbe de frequentar jogos e manter contato com a torcida organizada.
A decisão da 2ª Vara do Tribunal de Júri da Comarca de Jaboatão dos Guararapes foi determinada porque ele também é réu por participação no ataque ao ônibus dos atletas do Fortaleza, ocorrido em fevereiro do ano passado.
O terceiro denunciado confirmou ser integrante da Jovem. E declarou que o presidente da organizada foi responsável pelo planejamento do confronto.
Ele afirmou, em depoimento, que houve "um boato de que a Torcida Explosão Inferno Coral daria um ataque na Ilha do Retiro", e que "em virtude da demora do policiamento, os denunciados e o bonde que os acompanhava decidiram ir andando ao Estádio do Arruda, ocasião em que, nas proximidades do bairro da Torre, encontraram a torcida Explosão Coral, onde começou todo o confronto".