TORCIDAS ORGANIZADAS | Notícia

Torcidas organizadas: MPPE denuncia membros da Jovem do Sport por confronto antes de Clássico

Acusados foram denunciados por vários crimes, como promover tumulto, desobediência e associação criminosa. Justiça vai decidir se aceita denúncia

Por Raphael Guerra Publicado em 20/02/2025 às 14:24

O Ministério Público de Pernambuco (MPPE) denunciou três membros da torcida organizada Jovem do Leão (antiga Jovem do Sport) por participação nos confrontos registrados no Recife no dia do Clássico entre Santa Cruz e Sport, no dia 1º de fevereiro. A denúncia foi encaminhada, na terça-feira (18), à Justiça, que ainda vai decidir se o trio se tornará réu. 

A coluna Segurança teve acesso à íntegra do documento, que tem 11 páginas. O presidente da organizada, João Victor Soares da Silva, e Thyago Mendes Barbosa são acusados de crimes como promover tumulto, emprego de artefato explosivo, desobediência e associação criminosa.

Já João Victor Antônio da Silva é acusado de praticar violência durante o trajeto de ida e volta do local da realização do evento; participar de brigas de torcidas, desobediência e associação criminosa. Ele é o único que não tem antecedentes criminais. 

"A premeditação, o uso de artefatos explosivos, de instrumentos contundentes medievais, não deixam dúvidas de que os atos configuram a prática de terrorismo, haja vista que os atos de violência cometidos por esses grupos não são o objetivo principal, mas apenas o meio que eles utilizam para disseminar o pânico, o medo, o terror", afirmou o promotor João Elias da Silva Filho, na denúncia. 

Os três acusados tiveram as prisões preventivas decretadas pela Justiça no dia seguinte aos confrontos. O presidente da Jovem, inclusive, ficou bastante ferido durante o confronto. A investigação da Polícia Civil indicou que ele teve participação ativa no planejamento da briga com integrantes da Explosão Coral, do Santa Cruz, na Rua Real da Torre. 

"Além de outras pessoas não identificadas até o momento, todos na condição de integrantes e simpatizantes da torcida organizada Jovem do Leão (antiga Torcida Jovem do Sport) provocaram uma rixa de grande proporção com torcedores e simpatizantes da torcida organizada Explosão Inferno Coral (antiga Torcida Inferno Coral), causando tumultos e praticando diversos atos de violência consistentes em agressões físicas contra várias pessoas", descreveu o promotor.

PRESIDENTE DA JOVEM COMANDOU PLANEJAMENTO, DIZ PROMOTOR

Na denúncia à Justiça, o promotor destacou que as investigações indicaram que o confronto entre as organizadas rivais foi planejado. 

"As investigações foram reveladoras de que tal confronto foi o resultado de um conjunto operacional arquitetado principalmente pela liderança do grupo denominado torcida Jovem do Leão – notadamente aos dois primeiros denunciados [presidente da torcida e Thyago], que contribuíram diretamente para a convocação, reunião, orientação, coordenação e comando dos demais integrantes e simpatizantes da torcida ao ataque à torcida adversária", pontuou. 

"Já o terceiro denunciado foi autuado justamente por ter atendido tal convocação e participado do grupo de execução de tais atos. Toda essa dinâmica de atuação dos denunciados, comparsas conhecidos e outros ainda não identificados, na verdade se trata de uma estratégia logística e operacional já conhecida pelas autoridades policiais, pois já foi utilizada em outros confrontos", continuou. 

O QUE DISSERAM OS ACUSADOS?

De acordo com a denúncia do MPPE, o presidente da Jovem não chegou a ser interrogado porque ainda se encontra hospitalizado devido aos graves ferimentos no dia do confronto.

Já Thyago Mendes negou a participação nos crimes imputados pela Polícia Civil. Ele disse, inclusive, estar ciente da medida cautelar que o proíbe de frequentar jogos e manter contato com a torcida organizada. 

A decisão da 2ª Vara do Tribunal de Júri da Comarca de Jaboatão dos Guararapes foi determinada porque ele também é réu por participação no ataque ao ônibus dos atletas do Fortaleza, ocorrido em fevereiro do ano passado. 

O terceiro denunciado confirmou ser integrante da Jovem. E declarou que o presidente da organizada foi responsável pelo planejamento do confronto. 

Ele afirmou, em depoimento, que houve "um boato de que a Torcida Explosão Inferno Coral daria um ataque na Ilha do Retiro", e que "em virtude da demora do policiamento, os denunciados e o bonde que os acompanhava decidiram ir andando ao Estádio do Arruda, ocasião em que, nas proximidades do bairro da Torre, encontraram a torcida Explosão Coral, onde começou todo o confronto".

 

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