Justiça manda soltar PM preso em flagrante por feminicídio em Jaboatão
Na audiência de custódia, juíza seguiu parecer do Ministério Público, que disse que suspeito não tem antecedentes criminais. Vítima foi morta a tiro

O policial militar preso em flagrante pelo feminicídio da comerciante e estudante gastronomia Amanda Carolina Pacheco Pereira, de 34 anos, está respondendo pelo crime em liberdade. Em audiência de custódia, a Justiça determinou que ele fosse solto - seguindo argumento do Ministério Público de que o suspeito não tem antecedentes criminais.
Amanda foi assassinada com um tiro na altura do pescoço no apartamento da madrinha, no bairro de Piedade, em Jaboatão dos Guararapes, no Grande Recife, na manhã do último sábado (12). O autor do crime foi identificado como o 3º sargento Leonardo Vieira Gomes, com quem a vítima se relacionava havia quatro meses.
Parentes contaram que, durante a madrugada, a comerciante havia saído com o namorado e amigos. E que, na volta ao apartamento, o casal continuou bebendo. Por volta das 7h, ao abrir a porta, a madrinha encontrou o corpo da mulher. O policial já não estava mais no local.
Peritos do Instituto de Criminalística e policiais encontraram a arma de fogo na mão direita da vítima.
Leonardo se apresentou na Delegacia de Plantão de Prazeres, em Jaboatão, onde foi autuado em flagrante. Ele preferiu ficar em silêncio durante o depoimento.
DELEGADO QUESTIONA POSIÇÃO DA ARMA DE FOGO
Na autuação em flagrante, o delegado Adyr de Almeida desatacou que a arma do policial "estava na mão esquerda da vítima enquanto o ferimento de entrada foi do lado direito, sendo quase impossível que a vítima tenha atirado contra si".
Disse ainda que a arma "estava virada em sua mão direita [da mulher] de uma forma impossível que o gatilho tivesse sido acionado pela vítima".
A ocorrência será investigada pela 12ª Delegacia de Policia de Homicídios. A Corregedoria Geral da Secretaria de Defesa Social (SDS) também instaurou uma investigação preliminar para acompanhar o inquérito.
LIBERDADE APÓS PARECER DO MINISTÉRIO PÚBLICO
Na decisão que determinou a liberdade do policial militar, a juíza Brenda Azevedo Paes Barreto afirmou que o representante do Ministério Público entendeu que estavam ausentes os requisitos necessários para a decretação da prisão preventiva e que o suspeito não tinha "histórico de crimes".
A magistrada pontou que "a despeito da violência que indica ter ocorrido o fato, não há indicativos no sentido de que o autuado em liberdade poderá causar embaraços à instrução criminal", nem risco de fuga. E que o policial militar também tem residência fixa e está na ativa.
MEDIDAS CAUTELARES
A juíza não determinou pagamento de fiança, mas ordenou a aplicação de algumas medidas cautelares:
- Comparecimento mensal em Juízo para informar e justificar suas atividades;
- Não mudar de residência, ou ausentar-se da Comarca em que reside por mais de oito dias sem prévia comunicação à autoridade processante;
- Manter atividade lícita - Estudo e trabalho;
- Manter atualizado seu número de celular.
A defesa do suspeito não foi encontrada para comentar o caso.
FEMINICÍDIOS TÊM AUMENTO NO PRIMEIRO TRIMESTRE
Pernambuco fechou o primeiro trimestre de 2025 com aumento no número de feminicídios. De janeiro a março, 23 mulheres foram vítimas desse tipo de crime. No mesmo período de 2024, foram 19.
No balanço divulgado pela SDS, houve uma atualização em relação ao mês de fevereiro. Antes, as estatísticas informavam que dez casos de feminicídio haviam sido registrados. Agora, aparecem 11.
Em caso de violência, a mulher pode acionar imediatamente a Polícia Militar pelo número 190. Vizinhos e parentes da vítima, que presenciarem algum tipo de agressão ou ameaça, também devem denunciar os episódios.
Para orientações sobre a rede de proteção, as mulheres podem entrar em contato com a Ouvidoria da Secretaria Estadual da Mulher: 0800.281.8187.