OPERAÇÃO VINGANÇA | Notícia

TJPE manda soltar policiais militares acusados de chacina em Camaragibe

Desembargadores da 3ª Câmara Criminal decidiram pela liberdade dos 5 réus sob o argumento de que outros, com as mesmas acusações, estão soltos

Por Raphael Guerra Publicado em 26/03/2025 às 15:10 | Atualizado em 26/03/2025 às 15:46

A 3ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) concedeu, nesta quarta-feira (26), a liberdade para cinco policiais militares réus por participação na sequência de assassinatos que ficou conhecida como a Chacina de Camaragibe, ocorrida em setembro de 2023

Na sessão, transmitida pela internet, a defesa do soldado Paulo Henrique Ferreira Dias argumentou que outros sete réus, com as mesmas acusações, estão em soltos. E que o mesmo tratamento deveria ser dado a todos, independente de patentes, visto que a denúncia do Ministério Público não diferencia a atuação de cada um. 

Inicialmente, a desembargadora Daisy Maria de Andrade Costa, relatora do pedido de habeas corpus, apresentou voto contrário à liberdade dos réus. Mas, após o voto favorável do desembargador Eudes dos Prazeres França, aplicando o princípio da isonomia, ela voltou atrás e também concordou com a soltura, com a aplicação do monitoramento eletrônico. A decisão acabou unânime, com o voto do desembargador Cláudio Jean Virgínio.

Além de Paulo, foram soltos a soldado Leilane Barbosa Albuquerque, o soldado Emanuel de Souza Rocha Júnior, o cabo Dorival Alves Cabral Filho e o cabo Fábio Júnior de Oliveira Borba. Eles estavam presos desde dezembro de 2023. 

Os outros réus no processo são: o tenente-coronel Fábio Roberto Rufino da Silva, comandante do 20º Batalhão da PM na época; o tenente-coronel Marcos Túlio Gonçalves Martins Pacheco, que ocupava o segundo posto de comando da inteligência da PM; o 1º tenente João Thiago Aureliano Pedrosa Soares, o soldado Diego Galdino Gomes, a cabo Janecleia Izabel Barbosa da Silva, o 2º sargento Eduardo de Araújo Silva e o 3º sargento Cesar Augusto da Silva Roseno. Todos estão afastados das funções públicas. 

PROCESSO É REFERENTE A TRIPLO HOMICÍDIO

Esse processo que resultou na liberdade dos policiais é referente ao triplo assassinato dos irmãos do vigilante Alex da Silva Barbosa, 33, autor das mortes do soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, 33, e do cabo Rodolfo José da Silva, 38, no bairro de Tabatinga, em Camaragibe.

Os dois PMs foram mortos a tiros após irem ao bairro verificar denúncia de disparos de arma de fogo. Quando eles chegaram, houve correria e troca de tiros com Alex, que executou os militares e atingiu por bala perdida uma vizinha, Ana Letícia Carias, que estava grávida. Ela morreu semanas depois, mas a bebê sobreviveu.

Logo após as mortes dos militares, colegas de farda deram início a uma "operação de vingança" contra Alex. Horas depois, os três irmãos dele, Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25, foram assassinados. O crime chegou a ser transmitido ao vivo por uma live feita por Ágata.

A mãe de Alex, Maria José Pereira da Silva, e a esposa dele, Maria Nathalia Campelo do Nascimento, também foram assassinadas. Os corpos foram encontrados em Paudalho, município vizinho. Essa investigação ainda não foi concluída, apontando os possíveis autores. 

Já o vigilante, em nova troca de tiros com PMs, também morreu em Camaragibe. Esse inquérito foi arquivado, após a conclusão de que houve legítima defesa. 

Diálogos entre os PMs obtidos por meio da análise dos celulares mostram que eles comemoraram as mortes de familiares de Alex. "Tô feliz, tem que ser assim", disse uma das mensagens.

Sobre a morte de Alex, a investigação foi arquivada, porque a conclusão foi de que os policiais agiram em legítima defesa.

NOVA OPERAÇÃO CUMPRIU MANDADOS DE BUSCAS E APREENSÃO

SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM
Operação cumpre mandados de busca e apreensão contra policiais militares suspeitos de participação na chacina de Camaragibe, ocorrida em setembro de 2023 - SIDNEY LUCENA/JC IMAGEM

Também nesta quarta-feira (26), a Polícia Civil de Pernambuco cumpriu sete mandados de busca e apreensão domiciliar contra policiais militares suspeitos de participação na chacina em Camaragibe. 

Os mandados foram cumpridos nos municípios de Camaragibe e São Lourenço da Mata, ambos localizados no Grande Recife, e em Maragogi, Alagoas. Todo o material apreendido foi encaminhado para a sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, onde as investigações estão sendo conduzidas.

O objetivo dessa nova operação é elucidar quem são os autores dos assassinatos da mãe e esposa de Alex. A Polícia Civil não detalhou quem foram os alvos e qual seria a participação de cada um deles nos crimes. 

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