Policiais militares são alvos de operação para elucidar chacina em Camaragibe
Sete mandados de busca e apreensão foram cumpridos nesta quarta-feira (26) para ajudar na conclusão do último inquérito que apura as mortes

Uma operação da Polícia Civil de Pernambuco, na manhã desta quarta-feira (26), cumpriu sete mandados de busca e apreensão domiciliar contra policiais militares suspeitos de participação na sequência de assassinatos que ficou conhecida como a Chacina de Camaragibe, ocorrida em setembro de 2023.
Os mandados foram cumpridos nos municípios de Camaragibe e São Lourenço da Mata, ambos localizados no Grande Recife, e em Maragogi, Alagoas. Todo o material apreendido foi encaminhado para a sede do Grupo de Operações Especiais (GOE), no bairro do Cordeiro, Zona Oeste do Recife, onde as investigações estão sendo conduzidas.
O objetivo dessa nova operação é elucidar quem são os autores dos assassinatos de Maria José Pereira da Silva e Maria Nathalia Campelo do Nascimento, respectivamente mãe e esposa do vigilante Alex da Silva Barbosa, 33, autor do assassinato do soldado Eduardo Roque Barbosa de Santana, 33, e do cabo Rodolfo José da Silva, 38, no bairro de Tabatinga, em Camaragibe.
Os dois PMs foram mortos a tiros após irem ao bairro verificar denúncia de disparos de arma de fogo. Quando eles chegaram, houve correria e troca de tiros com Alex, que executou os militares e atingiu por bala perdida uma vizinha, Ana Letícia Carias, que estava grávida. Ela morreu semanas depois, mas a bebê sobreviveu.
Logo após as mortes dos militares, colegas de farda deram início a uma "operação de vingança" contra Alex. Horas depois, os três irmãos dele, Ágata Ayanne da Silva, 30, Amerson Juliano da Silva e Apuynã Lucas da Silva, ambos de 25, foram assassinados. O crime chegou a ser transmitido ao vivo por uma live feita por Ágata.
Doze policiais militares são réus por triplo homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem chance de defesa das vítimas) dos irmãos de Alex. Cinco PMs foram presos em dezembro de 2023. Outros sete estão afastados das funções públicas - incluindo Fábio Roberto Rufino da Silva, na época comandante do 20º Batalhão da Polícia Militar.
Os corpos da mãe e da esposa de Alex foram encontrados em Paudalho, município vizinho. O vigilante, em nova troca de tiros com PMs, também morreu em Camaragibe.
Diálogos entre os PMs obtidos por meio da análise dos celulares deles mostram que eles comemoraram as mortes de familiares de Alex. "Tô feliz, tem que ser assim", disse uma das mensagens.
Sobre a morte de Alex, a investigação foi arquivada, porque a conclusão foi de que os policiais agiram em legítima defesa.