PF desarticula fabricação clandestina de substância usada em canetas emagrecedoras em PE e outros estados

24 mandados de busca e apreensão são cumpridos em clínicas, laboratórios, estabelecimentos comerciais e residências vinculadas aos investigados

Por JC Publicado em 27/11/2025 às 10:47 | Atualizado em 27/11/2025 às 11:45

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A Polícia Federal deflagrou nesta quinta-feira (27/11) a Operação SLIM, que mobilizou equipes em Pernambuco, São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia para desarticular uma rede responsável pela produção, fracionamento e comercialização clandestina de tirzepatida, princípio ativo usado em canetas injetáveis para tratamento de diabetes e obesidade, utilizadas também para emagrecimento.

Ao todo, 24 mandados de busca e apreensão são cumpridos em clínicas, laboratórios, estabelecimentos comerciais e residências vinculadas aos investigados. Em Pernambuco, o foco da ação seria a cidade de Petrolina, no Sertão.

Segundo a PF, a investigação apontou que o grupo mantinha uma estrutura de fabricação em condições irregulares e fora dos padrões sanitários exigidos, com envase, rotulagem e distribuição realizados de forma clandestina.

Os agentes também encontraram indícios de produção em série, em escala industrial, o que é vedado no âmbito da manipulação magistral permitida pela legislação. A prática, segundo os investigadores, ampliava o potencial de risco ao consumidor ao ofertar um insumo sem garantia mínima de qualidade, esterilidade ou rastreabilidade.

A apuração mostrou ainda que a tirzepatida ilegal era comercializada por meio de plataformas digitais, somada a estratégias de marketing que levavam o público a acreditar, de maneira equivocada, que a produção rotineira do princípio ativo seria permitida.

Para a PF, o conjunto das ações configurava um esquema estruturado destinado a explorar a crescente demanda por medicamentos utilizados no controle de peso e no tratamento de doenças metabólicas.

Com as medidas desta quinta, o objetivo é interromper a atividade criminosa, identificar os responsáveis pela cadeia de produção e distribuição e recolher documentos, equipamentos e insumos que subsidiem a perícia técnica e a análise laboratorial dos materiais apreendidos.

A operação tem apoio da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e das vigilâncias sanitárias estaduais de São Paulo, Bahia e Pernambuco.

Médico famoso nas redes é alvo

O médico Gabriel Almeida, que tem quase 750 mil seguidores nas redes sociais, tornou-se um dos principais alvos da operação, segundo o g1, acusado de ser o principal articulador do esquema.

Nascido na Bahia, Almeida atua em São Paulo e mantém forte presença digital, na qual divulga tratamentos para perda de peso.

O médico tem consultório no Jardim Europa, área nobre da capital paulista. O espaço funciona sob o nome Núcleo GA (Gabriel Almeida), instalado na Avenida Brasil, região marcada por clínicas de alto padrão e por sua proximidade com o Parque Ibirapuera.

A atuação do Núcleo GA se expandiu para outras cidades. Além de São Paulo, a clínica possui unidades em Salvador e Feira de Santana, ambas na Bahia, e em Petrolina, no Sertão de Pernambuco.

Com esse modelo de presença nacional, o médico ampliou o alcance dos serviços oferecidos, voltados sobretudo ao público que busca tratamentos estéticos e de emagrecimento.

Além da prática clínica, Almeida também atua como palestrante e escritor, com uma série de livros sobre emagrecimento publicados nos últimos anos.

Segundo a PF, ele seria o principal articulador de uma rede formada por profissionais de saúde, clínicas e laboratórios responsáveis por fabricar e vender o medicamento de forma clandestina. A corporação afirma que o médico comercializava o produto e seus protocolos de tratamento nas redes sociais como se fossem legalizados, o que não é permitido pela legislação.

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