Na COP30, Programa Útero é Vida destaca eliminação do câncer do colo do útero como pauta de justiça climática e social
Especialista reforça que prevenir e tratar o câncer do colo do útero é essencial para reduzir desigualdades ambientais e proteger mulheres vulneráveis
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A COP30 Pastoral, realizada nesta sexta-feira (14) no Polo da Faculdade Católica de Belém, reuniu pesquisadores, profissionais de saúde e representantes de diversas instituições para discutir os impactos da crise climática sobre populações vulneráveis.
Entre os destaques do encontro esteve a apresentação da oncologista Jurema Telles, coordenadora da Oncologia do Instituto de Medicina Integral Professor Fernando Figueira (Imip) e do Programa Útero é Vida.
Durante o painel, Jurema ressaltou que a eliminação do câncer do colo do útero precisa ser tratada como uma agenda de saúde pública conectada diretamente à justiça climática e social.
“Eliminar esse câncer é um ato de justiça. É garantir que nenhuma mulher fique para trás, especialmente aquelas que vivem em áreas mais afetadas pelas desigualdades ambientais”, afirmou.
A médica lembrou que o problema segue alarmante em escala global. “Mais de 60 países ainda têm o câncer do colo do útero como principal causa de morte por neoplasia entre mulheres. O compromisso precisa ser coletivo”, destacou.
Desigualdades ambientais ampliam barreiras ao cuidado
Jurema chamou atenção para como eventos climáticos extremos, como enchentes, secas e calor intenso, impactam diretamente o acesso a serviços básicos de saúde.
“Quem consegue fazer prevenção no meio de uma enchente? Os dados mostram que a crise climática agrava barreiras já existentes”, observou.
Segundo ela, garantir cuidado integral às mulheres é uma condição essencial para fortalecer comunidades. “A mulher tem papel central na vida social e no cuidado com o ambiente. Proteger sua saúde é proteger o ecossistema social como um todo”, disse.
Norte do País enfrenta cenário mais crítico
A oncologista destacou ainda a disparidade regional nos indicadores. “A mortalidade por câncer do colo do útero no Pará é quase seis vezes maior que a média nacional. Isso revela prioridades urgentes”, reforçou.
Jurema também destacou o alinhamento do Brasil com a meta global da Organização Mundial da Saúde (OMS), que estruturou a eliminação da doença em três pilares: vacinação contra HPV, rastreamento organizado e cuidado integral das mulheres diagnosticadas.
Pernambuco como referência
O Programa Útero é Vida, desenvolvido em cooperação técnica entre o governo de Pernambuco e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), é estruturado justamente nesses três eixos. A iniciativa amplia a disponibilidade da vacina contra o HPV, fortalece a testagem e organiza o rastreamento populacional.
“Quando expandimos o acesso à vacina, ao teste de HPV e ao rastreamento, salvamos vidas e fortalecemos comunidades inteiras”, concluiu Jurema Telles.