Colonoscopia deve fazer parte da rotina feminina de prevenção, defendem especialistas

Exame é considerado o padrão-ouro para detectar precocemente o câncer de intestino, segunda causa de morte oncológica entre mulheres no País

Por Maria Clara Trajano Publicado em 27/10/2025 às 14:56

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O câncer de intestino já é a segunda principal causa de morte por câncer entre mulheres brasileiras, ficando atrás apenas do câncer de mama. Apesar disso, o rastreamento preventivo ainda não faz parte da rotina feminina, realidade que especialistas querem mudar.

A colonoscopia, exame que permite identificar alterações no intestino e remover lesões antes que evoluam para tumores, é considerada o método mais eficaz para prevenção e diagnóstico precoce da doença.

O procedimento tem se tornado ainda mais preciso com o apoio da inteligência artificial, que auxilia na detecção de pequenas lesões.

Exame que pode evitar o câncer

“A colonoscopia é uma ferramenta de prevenção. O câncer de intestino pode ser evitado em grande parte dos casos, porque o exame permite identificar e retirar pólipos, que são lesões benignas com potencial de virar câncer”, explica a médica endoscopista Leliane Alencar, presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia Digestiva (SOBED).

Segundo ela, o maior erro é esperar o aparecimento de sintomas. “Quando os sinais aparecem, muitas vezes o tumor já está em estágio avançado. O ideal é rastrear de forma preventiva, como fazemos com a mamografia e o papanicolau”, alerta.

Quando iniciar o rastreamento

As sociedades médicas recomendam que homens e mulheres com risco médio comecem o rastreamento a partir dos 45 anos, mantendo-o até os 75. Quem tem histórico familiar de câncer colorretal, pólipos ou doenças inflamatórias intestinais deve iniciar antes, conforme orientação médica.

“O rastreio no climatério é fundamental. O ginecologista é o clínico da mulher e deve incluir a colonoscopia entre os exames preventivos dessa fase”, explica a ginecologista e obstetra Natascha Fox.

A especialista lembra que a própria Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) recomenda o exame como parte da rotina de rastreamento feminino, junto a testes como glicemia de jejum e avaliação cardiovascular.

Integração com o acompanhamento ginecológico

Para aumentar a adesão das mulheres, a integração entre a ginecologia e a endoscopia é vista como essencial.

“A mulher já entende a importância de cuidar da mama e do colo do útero. Está na hora de incluir também o intestino nessa rotina. Incluir a colonoscopia nas consultas ginecológicas é uma forma concreta de salvar vidas”, defende Leliane Alencar.

Natascha Fox concorda e reforça a necessidade de uma mudança cultural:

“Assim como naturalizamos a mamografia, precisamos fazer o mesmo com a colonoscopia. A prevenção deve ser encarada como parte do autocuidado e não apenas como resposta a sintomas.”

Sinais de alerta

Mesmo com as recomendações etárias, o exame deve ser feito imediatamente diante de sintomas como:

  • Sangue nas fezes;
  • Alterações persistentes no hábito intestinal;
  • Dor abdominal frequente;
  • Emagrecimento sem causa aparente.

“O câncer de intestino pode evoluir de forma silenciosa. Quando dá sinais, é preciso agir rápido e não banalizar os sintomas”, reforça Leliane.

Colonoscopia: o que toda mulher precisa saber

  • Início do rastreamento: a partir dos 45 anos (antes disso em casos de risco elevado);
  • Periodicidade: a cada 10 anos, se o exame estiver normal;
  • Alternativa: teste imunológico fecal anual; se positivo, colonoscopia obrigatória;
  • Benefício principal: detecção e retirada de pólipos antes que se tornem malignos;

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